Economia

O que esperar do Grande ABC
nestes tempos de contração?

DANIEL LIMA - 15/12/2008

Já que o ventilador da crise econômica não só está em alta velocidade como também espalha mau cheiro mundo afora, a pergunta mais importante neste final de ano para quem tem alguma relação com o Grande ABC de 2,6 milhões de habitantes deve ser franca e direta: como resistir?


Para quem prefere palavras e gestos de consolo, o melhor é dizer que o que vem por aí provavelmente nem de longe vai se assemelhar aos anos 1990, quando o Grande ABC virou território em liquidação. Entretanto, quem sonhava com a recuperação regional por mais tempo, a ponto de compensar as perdas anteriores, deve colocar as barbas de molho: o que está chegando é mais que uma temporada de inverno econômico em pleno verão que se aproxima. O tranco será forte e duradouro o suficiente para incomodar e provocar novos constrangimentos sociais numa região que está no fim da fila de qualidade de vida nos índices de criminalidade.


Só não se sabe exatamente a extensão e a profundidade da crise. Na toada em que o Grande ABC reagia aos anos FHC, mais precisamente desde que Lula da Silva chegou a Brasília, tudo indicava que ao final de oito anos do governo petista o jogo de perdas industriais estaria praticamente zerado. Ou seja:
com Lula da Silva o Grande ABC recuperaria os 86 mil empregos industriais com carteira assinada que evaporaram no governo Fernando Henrique Cardoso. Além disso, a produção de Valor Adicionado estreitaria ainda mais o terço perdido naquele período. Nos cinco primeiros anos a diferença caiu para 14%. Valor Adicionado é espécie de PIB (Produto Interno Bruto) que contabiliza produção de riqueza nos setores industriais e de serviços.


A projeção de que os anos Lula zerariam as duras perdas dos anos FHC não é motivo para barulhentas comemorações e tampouco para os triunfalistas sempre à espreita propagarem a solidez econômica do Grande ABC. Afinal, nesse suposto período de 16 anos sem queda do Valor Adicionado, o Grande ABC teria somado quase 500 mil novos moradores com demandas sociais cada vez mais inquietantes por conta da precarização do mercado de trabalho.


A mão-de-obra mais valorizada da indústria de transformação na região continua sendo a das montadoras, mas a diferença em relação aos tempos de glória sindical é que os salários são proporcionalmente menores. Mais que isso: nas autopeças, o rebaixamento foi generalizado a ponto de os holerites distanciarem-se cada vez mais do núcleo dourado das montadoras. Até outubro passado, e iniciando a contagem em janeiro de 2003, quando Lula da Silva assumiu a Presidência da República, o Grande ABC recuperou 60.761 empregos industriais com carteira assinada. Não é pouco, mas está 26 mil postos de trabalho abaixo do saldo negativo registrado por FHC.


A geração de emprego industrial numa região duramente abatida pela reestruturação do processo de produção decorrente da abertura econômica pouco ajuizada é a prova provada de que o Grande ABC ganhou musculatura suficiente para se reerguer.


Não se trata, portanto, de um caso irremediavelmente perdido de desindustrialização, mas o Grande ABC não frequenta o mapa preferencial de novos investimentos do setor que, como se sabe, estão na Grande Campinas, na Grande São José dos Campos e na Grande Sorocaba.


Agora o que se aproxima em forma de desafio é uma nova prova dos nove. Até que ponto o novo baque macroeconômico, de matriz diferente dos anos 1990, de forças internacionais que conhecem o lado reverso da farra de financiamentos como títulos podres no mercado imobiliário dos Estados Unidos, retardará a recuperação do Grande ABC?


Essa e tantas outras indagações que deveriam ser respondidas por uma ou outra instituição do Grande ABC passa ao largo de estudos específicos locais.


A região ainda não aprendeu a capturar e a digerir informações macroeconômicas entrecruzadas com a realidade local de modo que, levadas a instâncias de poder, colaborariam para fomentar planos locais de reação — dentro, evidentemente, das possibilidades de efetiva influência. O fato é que de maneira geral o Grande ABC não sabe o que vai acontecer nos próximos tempos por conta do terremoto internacional. Seria demais esperar por respostas coordenadas. Em situação menos complexa, nos anos 1990, de causas e efeitos de política econômica nacional com repercussão específica na região, caso da desindustrialização, nada se fez para amenizar os estragos simplesmente porque faltaram diagnósticos de especialistas.


O Clube dos Prefeitos seria uma boa fonte de informações para diagnosticar o tamanho da encrenca que vem por aí, mas sequer conta com observadores do quadro macronacional e macrointernacional. Mais que isso: mal conhece e debate a realidade econômica do próprio Grande ABC. Há espalhadas pela região cabeças pensantes que poderiam somar conhecimentos para transmitir informações relevantes aos chefes de Executivos na aplicação de medidas cirúrgicas de enfrentamento da borrasca, mas a dispersão é marca registrada do individualismo municipal endêmico.


O núcleo da estabilidade econômica e social do Grande ABC é a indústria automobilística. Montadoras e autopeças são peças-chave do jogo de xadrez regional. O Grande ABC gira em torno da indústria automotiva. Vive-se ao longo de décadas espécie de doença holandesa que, em resumo, é a dependência de determinada atividade econômica. A doença holandesa do Grande ABC são as montadoras e as autopeças.


O Grande ABC se viu em maus lençóis nos anos 1990. FHC reduziu as alíquotas de importação de autopeças praticamente a zero num ambiente de moeda nacional valorizada demais em relação ao dólar, manteve a proteção sobre as montadoras contra o assédio de importados e proporcionou com recursos públicos uma guerra fiscal em que o Estado perdeu sempre. Por isso o Grande ABC viu evaporar um terço do PIB com a evasão, a incorporação ou simplesmente com os óbitos das autopeças de origem familiar. Foi um arraso.


Liderança importantíssima num Grande ABC fragmentado demais nas instâncias sociais e econômicas, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, trabalhador da Mercedes-Benz, reconhece que o mundo atravessa crise muita séria, mas garante que no Brasil as consequências não serão semelhantes à que afetou os Estados Unidos e a Europa. “As projeções unânimes são de crescimento, mesmo que inferior ao projetado antes da crise.


O País está bem. Para a indústria automobilística, as previsões também são otimistas. As empresas estão mantendo os investimentos declarados para 2009. Os fatores que possibilitaram ao setor automotivo sucessivos recordes de produção e vendas foram o aumento no nível de emprego, a recuperação dos salários e o financiamento de longo prazo, que, infelizmente, está sendo escondido, negado e encarecido pelos bancos privados.


Se a questão do crédito ao consumidor final for equacionada e o consumidor recuperar a confiança, o setor retornará à normalidade” — lembra Sérgio Nobre.


O dirigente sindical não se deixa envolver apenas pelo otimismo latente. Ele admite que no início do segundo trimestre do ano que vem o País poderá analisar com mais clareza os impactos da crise. Os números do primeiro trimestre do setor automobilístico não poderão ser referência. “O setor automotivo tradicionalmente produz menos nesse período” – lembra. Para Sérgio Nobre, a expansão da produção e do consumo ocorre no segundo e no terceiro trimestres. No final do ano as empresas voltam a produzir menos por conta não só das férias e feriados mas também para fazer a manutenção de plantas e o replanejamento para o ano seguinte: “Por isso, creio que teremos um início de primeiro trimestre de 2009 cauteloso, com retração natural do setor cujo tamanho, insisto, dependerá da oferta de crédito e da recuperação de confiança do consumidor”.


O dirigente sindical nem quer ouvir falar em demissão, depois de os metalúrgicos do Grande ABC apresentarem o que chama de resultados extraordinários: o nível de emprego da base do sindicato do qual é presidente passou de 77 mil para 102 mil trabalhadores entre 2003 e outubro deste ano, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).


“Em momento de crise é fundamental trabalhar pela manutenção do emprego. Todo esforço nesse sentido é muito importante. Demitir é violência inaceitável. É um absurdo como se demite por qualquer coisa neste País” – critica Sérgio Nobre.


Para o líder sindical, o ritual de demissão mesmo durante uma crise mundial só pode ocorrer em último caso, quando todos os mecanismos de defesa e preservação do emprego tiverem sido esgotados. E esse ritual passa por férias normais, férias coletivas, suspensão de horas extras, redução de jornada de trabalho, licença remunerada, banco de horas, entre outras alternativas. “Demitir antes de esgotar todos esses itens é uma burrice, porque o que o trabalhador tem de mais importante na sua vida é o emprego. Sem seu trabalho não tem mais nada: perde poder de consumir, de sustentar a família, de estudar, de se locomover, perde tudo” – desabafa.


Para Sérgio Nobre, o momento econômico centraliza as ações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na manutenção do emprego. “Vamos acompanhar o desenrolar desse processo de forma atenta. Vamos cobrar das empresas a manutenção dos investimentos previstos para 2009. Vamos cobrar do Poder Público investimentos pesados em infra-estrutura. Do governo federal cobraremos as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), e dos governos estaduais e municipais a realização de grandes obras de saneamento, habitação e estradas, que são geradoras de emprego e renda e mantêm os níveis de consumo. Cobraremos que os investimentos sejam sempre condicionados à exigência de contrapartidas sociais, principalmente a manutenção do emprego. Também que o Banco Central reduza a taxa de juros” – afirma.


Para Sérgio Nobre, o momento de tensão internacional requer contrapartida de entusiasmo sólido: “Governos e empresas precisam fazer campanhas de incentivo à produção e ao consumo, esclarecendo a população sobre o que é real e o que é exagero nesta crise. Outro dia, um conhecido me disse que havia desistido de comprar um carro de uma grande montadora porque viu notícias de que tal empresa iria fechar. De onde ele tirou essa informação equivocada? Não sei por qual razão há quem insista em pintar o cenário mais cinzento do que é, pelo menos no Brasil”.


Entretanto, análises menos positivas frequentam o noticiário a ponto de tornar interessante às autoridades econômicas e políticas do Grande ABC não se surpreenderem com possível avanço de chineses no setor automobilístico. O economista americano Michael Pettis, professor de finanças da Universidade de Pequim, não é uma voz a ser descartada em projeções macroeconômicas. Ele afirma que o núcleo da crise está na relação entre Estados Unidos e China, chamados de pólos de desequilíbrio global. “Durante os últimos 10 anos os Estados Unidos consumiram muito além do que produziram e a China consumiu muito menos do que produziu” – disse o especialista.


O que tem a ver essa situação com o Brasil e especificamente com o Grande ABC? Michael Pettis afirma que com a sobra de produção e sem os tradicionais compradores americanos, a China poderá tentar direcionar exportações para outros países, inclusive o Brasil. “O risco é que isso desencadeie uma guerra comercial que leve ao colapso do comércio global, a exemplo do que ocorreu na Grande Depressão, quando as trocas de bens entre países recuaram 70% entre 1929 e 1934″ – disse o economista numa entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.


Atribuir ao norte-americano olhar derrotista não é a melhor saída para as autoridades brasileiras nem deve estimular desdém das representações do Grande ABC. Michael Pettis garante que vai haver desaceleração no mundo e aponta três caminhos: contrair a produção, vender mais dentro do país ou exportar. “Isso significa que outros países que também têm mais produção que demanda terão de suportar o custo do ajuste e fechar suas fábricas. É por isso que o momento atual é tão delicado. Se os países que têm superávit em conta corrente tentarem superar sua crise com o aumento das exportações, estarão resolvendo seus problemas por meio do agravamento da crise global. E o resto do mundo não vai tolerar isso, o que levaria a uma guerra comercial e a uma contração do comércio mundial” – afirmou.


Se a possibilidade de invasão chinesa está no horizonte do comércio internacional como suplementação de dificuldades das montadoras instaladas no Brasil, a numeralha mensal despejada pela Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) é realidade contra a qual não há ilusionismo que trapaceie: no início de dezembro foram revelados dados de novembro do mercado nacional de veículos. As vendas apresentaram redução de 24,95% em relação ao mesmo mês do ano passado. Um mês antes, em outubro, a retração não passava de 2,1%. O balanço de 2008 é positivo quando se confronta com o do ano anterior: as vendas acumuladas até novembro somavam 2,63 milhões – avanço de 18,27% sobre 2007.


Apesar de novembro ter sido problemático para o mercado automotivo nacional, a pregação otimista de Sérgio Nobre, comandante dos metalúrgicos do Grande ABC, não é heresia. Afinal, é preciso levar em conta que apenas uma parte dos R$ 8 bilhões disponibilizados pelo Banco do Brasil e Nossa Caixa às financeiras das montadoras em novembro foi de fato liberada. A iniciativa do governo federal e do governo estadual deu sinais de revigorar o corpo automotivo à beira da inanição. Tanto que Sérgio Reze, presidente da Fenabrave, anunciou durante a coletiva de prestação de contas da entidade o aumento da média diária de vendas da terceira semana de novembro (7.051 unidades) para a quarta (9.392).


No mesmo dia em que a Fenabrave despejava preocupação, a Volvo do Brasil anunciava a demissão de 430 trabalhadores da fábrica de Curitiba, dos quais 250 temporários e 180 efetivos. A produção de caminhões foi duramente atingida porque voltará a atuar em turno único, depois da implantação de dois turnos em agosto. Um festival de férias coletivas marcou o cenário das montadoras de veículos entre outubro e novembro, mas a Volvo inaugurou oficialmente a temporada de caça aos empregos a que Sérgio Nobre, do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, se opõe bravamente.


Fossem apenas as demissões, a Volvo não teria reverberado tanta inquietação ao mercado automotivo. Além disso, a empresa decidiu ampliar o período de férias para os trabalhadores da linha de blocos de motor de 20 para 50 dias, para os que são da área de caminhões pesados de 20 para 30 dias e de 10 para 20 dias para quem é da divisão de semipesados.


A previsão das montadoras é que pelo menos 200 mil veículos deixarão de sair das linhas de produção entre novembro e dezembro em relação às projeções da temporada. Uma cadeia de medidas minimizadoras de custos foi ativada. Férias coletivas de fim de ano são tradição no setor, mas agora a situação é diferente: os períodos de descanso estão mais longos, sobretudo na comparação com os dois últimos anos, quando algumas empresas chegaram até mesmo a suspender as folgas por causa da demanda aquecida.


No final de novembro chegava a 75 mil o total de trabalhadores das montadoras que ficará em casa por diferentes prazos neste final de ano. À lista se juntaram no final do mês as férias coletivas da Mercedes-Benz e da Volkswagen Caminhões. As montadoras e as autopeças somam 231,2 mil trabalhadores no País. Ainda não se tinha diagnóstico dos rescaldos entre fornecedores, sempre mais frágeis nas relações trabalhistas.


No final de novembro, a General Motors anunciou novas férias coletivas para os 10,2 mil trabalhadores das fábricas de São Caetano e de Gravataí, Rio Grande do Sul. A necessidade de ajustar produção, estoque e demanda é inexorável no mundo capitalista. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, sob influência da Força Sindical, foi categórico na mensagem de conforto aos trabalhadores: “O bicho vai pegar se falarem em mandar o pessoal embora”. As férias coletivas da unidade da GM em São Caetano vão de 22 de dezembro a 18 de janeiro.


Não faltam prognósticos sobre a economia brasileira na próxima temporada. Quem mora no Grande ABC deve estar atento à movimentação dessa espécie de bolsa de especulação. Quanto mais sombrias as perspectivas, mais cuidados devem ser tomados porque a indústria automobilística será atingida de alguma forma. A previsão mais sombria da ONU (Organização das Nações Unidas) de que o Brasil poderá ter crescimento econômico quase nulo no ano que vem deve ser levada sim em conta. Para a ONU, se as condições continuarem a piorar e em seis meses os pacotes lançados por vários governos do mundo não surtirem efeito de estimular o consumo e a produção e destravar o crédito, o PIB brasileiro terá expansão de apenas 0,5%, e a economia global recuará 0,4%. O que ameniza a interpretação dos dados da ONU é que a própria organização divulga três cenários para a próxima temporada, e o que coloca o Brasil com PIB praticamente zero é qualificado de pessimista. No cenário base, o Brasil cresceria 2,9%, pouco abaixo da estimativa do FMI (Fundo Monetário Internacional) de 3%. Já o cenário otimista da ONU atribui 3% de crescimento do PIB brasileiro no ano que vem.


De qualquer forma, a situação não é das melhores. O Brasil cresceu 5,7% no ano passado e deverá registrar 5,1% de avanço neste ano. Autor do estudo da ONU, o economista Rob Vos define a situação com frase cortante: “Cada dia que passa, o mundo se aproxima mais do cenário pessimista”. O mesmo Vos não poupa críticas a quem minimiza o tamanho da crise, caso de Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI: “Acho que há uma espécie de falso pensamento positivo, porque muitas das autoridades econômicas são oriundas do mercado financeiro, em que há uma tendência a achar que mensagens positivas podem estimular o mercado” – disse numa entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.


O que mais os executivos das montadoras sediadas no Brasil procuram transmitir principalmente aos trabalhadores é que não haverá influência do estado insolvente que atinge as matrizes nos Estados Unidos. A situação das montadoras americanas é mesmo préfalimentar, desde o início de 2007, quando a DaimlerBenz desfez a fracassada aliança com a Chrysler. Planos de aposentadorias generosos provocaram uma conta demasiadamente pesada para a GM e a Ford enquanto a concorrência com os japoneses da Toyota se acirrou. A opção por veículos grandes e poluentes assinalou um erro estratégico diante de japoneses e europeus, como a Renault, que privilegiaram linhas de produtos econômicos e baratos, de olho também nos mercados emergentes.


A GM já avisou aos acionistas que só tem dinheiro para operar nos Estados Unidos até o fim do ano. A necessidade imediata das três montadoras é de cerca de US$ 50 bilhões. O governo eleito Barack Obama quer ajudar as montadoras e alguns pacotes de auxílio estão na mira.


Executivo-chefe da General Motors norte-americana, Richard Wagoner sintetizou o quadro com uma frase que encontrou adeptos e opositores: “Isso é mais que apenas Detroit”. E alertou sobre a possibilidade de a falência de uma montadora embutir efeito propagador arrasador: “É sobre salvar a economia dos Estados Unidos de um colapso catastrófico”.


A crítica do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre suposto sumiço de uma montadora de veículos é apenas a transposição do momento norte-americano para a economia brasileira que, evidentemente, ajuda a retirada do pé do acelerador de consumo. A frenagem da economia internacional é uma das variáveis da globalização. Resta saber até que ponto no Brasil e, no caso específico no Grande ABC, o preço não será salgado demais.


Mas nada comparável aos tétricos anos de Fernando Henrique Cardoso, presidente que mirou no mapa nacional os 840 quilômetros quadrados do Grande ABC e acertou em cheio na artilharia que demoliu boa parte do PIB construído principalmente com a instalação da indústria automobilística em São Bernardo, há cinco décadas. Quem quer melhor conforto do que olhar para o passado mais recente?


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