A Administração do petista Carlos Grana abriu mesmo portas e janelas para que as grandes construtoras e incorporadoras promovam bacanal no uso e ocupação do solo de Santo André. Enquanto os pequenos construtores seriam aniquilados porque as restrições propostas inviabilizariam os negócios, os grandes nadam de braçadas com a perspectiva de aprovação do calhamaço. Vou preparar um novo texto sobre o assunto, que CapitalSocial publicará na próxima semana.
Prefiro não me estender sobre algumas novas abordagens. Manter a expectativa é uma tática velha de guerra para chamar audiência. Uma audiência sadia, responsável, como se sabe.
É inacreditável que numa Província como a do Grande ABC, na qual as forças de pressão desapareceram do mapa de participação social, cooptadas pelos donos do poder, não se produzam mecanismos legais, legais de verdade, para acompanhar as tranqueiras que gestores públicos pretendem aprovar no setor imobiliário.
O Festeja Grande ABC está de braços dados com o Assalta Grande ABC, enquanto o Defenda Grande ABC não sai do casulo e o Omita Grande ABC dá de ombros a tudo isso.
É o próprio futuro da mobilidade urbana que está em jogo. Como se o futuro já não tivesse chegado, com os custos que todos pagamos por conta de irregularidades e descuidos, quando não desmandos, que tornam a região cada vez mais ambiente desaconselhável à qualidade de vida e ao desenvolvimento econômico.
Sociedade à deriva
O que a turma do secretário de Desenvolvimento Urbano de Santo André, o construtor Paulo Piagentini, está a preparar para aprovar no Legislativo de Santo André é um atestado de burrice coletiva da população. Talvez burrice seja verbete forte, mas é propositalmente forte. Quem sabe, ofendidos algumas supostas lideranças sociais resolvam se manifestar?
Por falar em se manifestar, cadê a Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), cadê a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), cadê o Ciesp (Centro das Indústrias) que se calam ante o chamamento de supostos debates da Luops, a tal lei de uso, ocupação e parcelamento do solo? Querem a resposta mais óbvia: todos estão no mesmo pacote de amesquinhamento consentido, de aniquilamento combinado, de emudecimento constrangido. A Administração Carlos Grana tem uma enorme capacidade de convencimento porque representa vantagens cruzadas.
Sem exagero, o que se está passando particularmente em Santo André (mas isso não exclui a possibilidade de a imagem ser estendida a outros municípios da Província do Grande ABC) é algo semelhante ao que se deu na maior empresa brasileira. Que quero dizer com isso? Que Santo André é uma Petrobrás à espera de um grande denunciante. Enquanto isso é apenas um sonho, o mercado imobiliário de donos conhecidos deita e rola. Inclusive ao impedir de forma transversa que o escândalo do Semasa, durante a gestão de Aidan Ravin, saia do armário de protelações e se transforme em punição aos bandidos que tanto usufruíram dos descaminhos relatados ao Ministério Público.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)