Imprensa

Diário sai a campo para defender
números do DataDiário. Isso é bom

DANIEL LIMA - 08/10/2014

Vou escrever amanhã sobre uma grande novidade na imprensa regional. Uma novidade que poderia significar bandeira de largada a novos tempos de transparência. Trata-se do fato de o Diário do Grande ABC ter respondido às provocações mais que oportunas deste CapitalSocial sobre os dados divulgados com base nas pesquisas realizadas pelo seu braço estatístico, o DataDiário (oficialmente DGABC Pesquisas). Incomodado com as observações, o jornal tomou uma atitude editorial mais que justa: saiu a campo para defender sua versão sobre os resultados que comentei ontem neste espaço, relativos à disputa pela Presidência da República. Finalmente o Diário do Grande ABC reconheceu publicamente o que tanto o azucrina internamente: CapitalSocial não é um veículo de comunicação qualquer. Os protagonistas destas páginas digitais sabem bem disso.


 


Ao cutucar o DataDiário, filhote do Diário do Grande ABC, cumpri dupla função: sou assinante da publicação e mantenho um veículo de comunicação que cada vez mais se consolida como exemplar diferenciado de informação qualificada, entre outras razões porque analisa outras publicações locais numa cruzada evangelizadora à melhor compreensão da realidade regional.


 


Não vou me conduzir em defesa da linha editorial deste CapitalSocial somente pelo conceito de que transparência é obrigação suprema dos meios de comunicação. No caso do DataDiário, ainda falta muito a uma relação mais clara e efetiva com os leitores. O DataDiário é um monumento à curiosidade. Só agora, na resposta a este jornalista, sabe-se que o DataDiário conta com a consultoria de um profissional do Inpes, Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano. Leandro Prearo, o contratado, se manifesta na edição de hoje do jornal. 


 


Menos sazonalidades


 


O Diário do Grande ABC está perdendo grandes oportunidades para fazer do DataDiário uma referência regional em pesquisas, retirando-o da sazonalidade político-eleitoral. A Província do Grande ABC é tão desprovida de informações recolhidas junto à população que até se suspeita que tudo seja deliberadamente pensado. A insatisfação é generalizada. Cidadania virou artigo de luxo em meio ao lixo de ideais. Os resultados eventualmente medidos e analisados poderiam ameaçar a estabilidade dos medíocres que comandam quase três milhões de habitantes em distintas esferas políticas, sociais e econômicas.


 


Mas não é isso que interessa nesse momento. Até porque o Diário é que deve decidir o que fazer no campo empresarial. Mas não resisto em dizer que deixo para amanhã a acidez apropriada para contrapor argumentos ao texto que o Diário do Grande ABC providenciou em seguida à análise que preparei sobre os números presidenciais do DataDiário.


 


Insisto no amplo direito do jornal oferecer aos leitores a versão que mais lhe aprouver sobre os resultados do DataDiário. O risco de passar por nova sessão de terapia crítica é implícito quando se renuncia ao autismo social em forma de incontestabilidade quase que generalizada.


 


Autoesculhambação


 


Só lamento o posicionamento oficial do jornal, expresso no Editorial de hoje. Ao etiquetar como ação de má-fé a análise deste jornalista, o editorialista do Diário do Grande ABC dá claros sinais de debilidade avaliativa sobre o sentido elementar de fazer jornalismo, tarefa à qual me dedico visceralmente há um bocado de tempo. Não só há um bocado de tempo, mas também sempre de forma transparente e inconformada no sentido de que o desafio de avançar em qualidade deve ser permanentemente exercitado, pouco interessando se há número representativo de leitores apetrechados à compreensão dos fatos. 


 


A expressão utilizada pelo editorialista do Diário do Grande ABC me remete a um sentimento de autoesculhambação total. Passei e passo o tempo a exercitar senso crítico impertinente até. Foi assim que produzi, durante 20 anos, a melhor revista regional do País. E é assim que, sem falsa modéstia, produzo um jornalismo cada vez mais consumido, respeitado e responsável na Província. Escrevi “Província”? Pois é; sou assim mesmo, reto e direto, o que não tem nenhum parentesco com má-fé, convenhamos. De qualquer maneira, acho que vou procurar, pela primeira vez na vida, um psicanalista, quem sabe um etimólogo.


 


Má-fé não combina com o que meus piores adversários já me reservaram. E muito menos com o histórico de atuação ao longo de 16 anos no próprio Diário do Grande ABC, empresa onde deixei, entre muitos trabalhos, um legado materializado em forma de planejamento estratégico editorial que apliquei parcialmente durante os nove meses em que atuei como diretor de Redação e cujos valores, desprezados em seguida, estão mais uma vez destacados à curiosidade geral no link abaixo.


 


Portanto, leiam:


 


Cinco anos para Diário se adaptar aos conceitos de regionalidade


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