De memória, apenas de memória, o que significa possibilidades imensas de novas inserções, listei 50 motivos para que marinheiros de primeira viagem de leituras desta revista digital não azucrinem este jornalista sobre determinados temas. A Internet é fabulosa na disseminação de informações. Faço do jornalismo digital o mantra que conduziu minha vida no jornalismo impresso. Não mudei uma vírgula sequer. Sou apenas um pouco mais contundente, mas muito longe, entretanto, de articulistas digitais e impressos que estão na lista dos mais perseguidos por determinadas colorações ideológicas.
Pensando em encurtar a conversa com os leitores ocasionais e, mais que isso, decididíssimo a capturá-los de vez, retirando-os do apressamento conflitivo de que CapitalSocial supostamente seria apenas mais uma opção de leitura, eis que decidi publicar, nos próximos dias, os tais primeiros 50 motivos que decodificam aos leigos, aos apressados, aos intolerantes e aos fundamentalistas todos os algoritmos dessa engenharia produtiva. Qualquer outra publicação que contasse com esse legado teria um instrumento de marketing fabuloso a explorar. Lamentavelmente, a maioria está imersa num passivo asfixiante.
Conto com uma vantagem sobre a grande maioria dos articulistas de peso do jornalismo brasileiro: embora circunstancialmente possa até mesmo torcer por um determinado candidato, se supostamente entender que seja o mais próximo de meus conceitos, não tenho compromisso tácito com qualquer ideologia de centro-direita e centro-esquerda. Sou uma fusão que acredito bem acabada das equações filosóficas, entre outros motivos porque o inconformismo intelectual é uma de minhas marcas pessoais.
Essa margem de acerto ideológico que alguns podem até considerar margem de erro é um exercício editorial contínuo desde que há cinco décadas resolvi ir a campo como profissional de comunicação. Sei que esse posicionamento fere interesses, contraria vocações, insatisfaz oportunismos.
Manual na cabeça
Não preciso recorrer a truques verbais e manipulações de pensamento para transmitir aos leitores a sensação de que sou coerente e, assim, não ser colhido em flagrante delito. Quando se tem à cabeça um manual de conceitos arraigados, o fio condutor que liga a memória ao conhecimento é automaticamente acionado. Não há o menor receio de detonar um curto-circuito de incoerências. O compromisso com o erro ou suposto erro está descartado.
Um exemplo: não é porque escrevi que Luiz Marinho poderia ser uma versão diferente que avocaria o legado gerencial de Celso Daniel, assim que o petista assumiu a Prefeitura de São Bernardo, que manteria o enunciado diante dos desdobramentos do tempo. A construção da imagem de políticos é uma obra incompleta sempre, ou quase sempre. Basta não nos deixarmos prender pelo escravagismo ideológico.
Por isso, especialmente aos leitores circunstanciais que pretendo cada vez mais estruturais, vou publicar nos próximos dias um breve relato das primeiras 50 razões para que CapitalSocial seja consumido com a sofreguidão de quem tem a convicção de que não está sendo passado para trás.
Os leitores mais assíduos dessa revista digital, somatório e (lembrando Odorico Paraguaçu) multiplicatório de todas as experiências jornalísticas que vivi durante longas décadas, têm razões de sobra para avalizar essa iniciativa. Eles estão sempre comigo ou respeitosamente contra mim, dependendo do que publico, porque, como os novatos leitores, nem sempre têm seus pleitos ideológicos contemplados, embora a frequência com que me leem seja uma ferramenta de sensatez à discordância.
Iguais e igualdade
Não escrevo para iguais, embora escreva igualmente sempre. Não faço jogo de cena. Reconheço que esse padrão é pecado quase mortal nestes tempos de redes sociais em que apenas os semelhantes compartilham conexões. Mas é justamente por conta disso, da cultura da aproximação a qualquer custo à inteligência, e também devido a histórico profissional desse jornalista, CapitalSocial adquiriu musculatura de credibilidade respeitada mas, conforme o ritmo da música informativa e analítica, combatida de todas as formas por forças de pressão que a democracia incentiva com a sabedoria de que o resultado final sempre será a convergência de fundamentos consistentes.
Os 50 motivos históricos que estou a preparar para uma leitura confiável e envolvente de CapitalSocial são apenas o começo de uma investigação de memória sobre a arqueologia editorial dos veículos de comunicação que conduzi sem abrir mão da prerrogativa de que o leitor está em primeiro lugar. Mais que isso: como está em primeiro lugar, a melhor maneira de respeitá-lo é escrever exatamente o que ele necessita ler, mesmo que o que ele necessita ler não seja exatamente o que ele está disposto a ler. Os 50 motivos vão ser emblemáticos à destruição de qualquer argumento menos embasado de que estamos a praticar autossuficiência. Portanto, esperem antes de qualquer julgamento.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)