Não me perguntem detalhes porque ainda não sei o teor de nova ação criminal que o milionário empresário Milton Bigucci, metido em falcatruas constatadas pelo Ministério Público e também pela Controlador-Geral do Município de São Paulo, move contra o titular desta revista digital. Devo ter mais informações esta manhã, antes portanto de me dirigir esta tarde à 3ª Vara Criminal de Santo André. Afirma meu advogado que Milton Bigucci se utiliza do Clube dos Especuladores Imobiliários do Grande ABC (Acigabc) para tentar me atingir. Ele é inimigo público da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa. Exceto se tanto uma quanto a outra forem manipuladas por ele e seus poderes tentaculares.
Para dizer a verdade, e isso serve inclusive para Milton Bigucci reforçar o processo judicial que me move agora de forma transversa, faz algum tempo que tive a informação sobre a ação criminal em nome da Acigabc. Até então, chamava aquela entidade inútil de Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC. Decidi alterar a denominação para Clube dos Especuladores Imobiliários por conta do fato de que não é mesmo outra coisa. Como seria se vive de favores de terceiros, no caso do Secovi, Sindicato da Habitação da Capital. Tanto que conta com pouquíssimas empresas associadas.
Pior que isso: não existe uma oposição minimamente disposta a dirigir a entidade porque os eventuais interessados não estariam suficientemente certos de que não sofreriam influências do mandachuva atual e eterno. Sem contar que não faltam empresários que querem ver de longe tanto a entidade como o presidente eterno.
Milton Bigucci está no comando do Clube dos Especuladores Imobiliários há tanto tempo que o São Paulo não contava com nenhum titulo da Libertadores da América e tampouco o título Intercontinental, que depois virou Mundial. O Muro de Berlim ainda sobrevivia a um socialismo em fim de estrada. Celso Daniel era candidato à Prefeitura de Santo André pela primeira vez, quando foi derrotado. Collor nem chegara à Presidência da República de tão breve estadia.
Desprazer-prazer
Ter mais um encontro judicial com Milton Bigucci será sempre um desprazer-prazer. Desprazer porque há programação muito melhor numa tarde de quinta-feira do que olhar para aquela cara de quem tem compromisso com a manipulação dos fatos. Prazer porque será mais uma oportunidade para lhe dizer, se assim for permitido, o quanto o coloco na condição de pobre exemplo de corporificação institucional.
Milton Bigucci só não pode ser chamado de atraso numa Província do Grande ABC atrasada por natureza porque é o suprassumo do ultrapassado como modelo diretivo. O Clube dos Construtores Imobiliários é um arremedo de representatividade. Possivelmente Milton Bigucci tentará provar o contrário nos tribunais. Para tanto é indispensável que sequestre a verdade histórica. Mais que sequestrar, terá de mutilá-la, esquartejá-la, descaracterizá-la. Com a anuência do bom senso e da vergonha na cara.
Espero, sinceramente, que, pelo menos desta vez Milton Bigucci não seja mal educado e não tenha comportamento infantilizado como num dos últimos encontros nos corredores do Judiciário, quando me atacou com gestos e, em seguida, no gabinete do juiz de Direito, ao me ofender verbalmente sem que tenha sido sequer censurado pelo magistrado. Aliás, o magistrado poderia também ter me advertido porque reagi em seguida, mas não consegui responder à altura às ofensas. É impossível competir com o empresário Milton Bigucci em matéria de baixaria. O fair play que exibe em algumas entrevistas sob encomenda não passa de uma encenação facilitada por entrevistadores que não fazem outra coisa senão cortejá-lo. São entrevistas mais que desejáveis.
Milton Bigucci é um empresário bem relacionado na praça. De policiais militares a policiais civis, entre outros, conta com amigos fieis. Entenda-se nesse caso fidelidade como algo que transcende à imaterialidade do sentimento. O palacete familiar no Guarujá, onde um campinho de futebol para peladas mesmo durante um dia útil, é o endereço preferido para receber o entorno que lhe garante, entre outras vantagens, um empreendedorismo extraordinariamente vitorioso. Ali ele recebe desde boleiros aposentados e mesmo em atividade até servidores públicos graduados ou não.
Dizem que é um anfitrião e tanto, embora não acerte a mão na gastronomia ao servir macarrão com molho vermelho. Aliás, no passado fui convidado a conhecer aquela fortaleza. Recusei como recuso à maioria dos convites para atividades extra-profissionais. Antes que me chamem de antissocial, é preciso dizer que o jornalismo independente recomenda cautelas.
Prometo aos leitores que antes de me dirigir ao Fórum de Justiça de Santo André vou ler o necessário sobre a nova demanda judicial de Milton Bigucci. Certamente ele não cometeu falha reincidente de recorrer mais uma vez aos tribunais para retirar desta revista digital tudo o que já escrevemos sobre suas lambanças como empresário e também como todo-poderoso do Clube dos Especuladores. Num passado ainda recente o Judiciário lhe negou essa aberração bolivariana.
Mas como Milton Bigucci é esperto e bem assessorado por um profissional de Direito, sempre achará um caminho estranho para me conduzir a novas instâncias legais, caso sofra revés nesta Província. Milton Bigucci é amigo dos poderosos e pretende remover todos os obstáculos possíveis para me ver condenado. Mal sabe o que lhe espera na curva da razoabilidade do Direito.
Entrevistas negadas
Certamente Milton Bigucci não me convoca ao Judiciário para entregar ante a presença de um juiz as respostas da Entrevista Indesejada que lhe enviei em 13 de setembro de 2010 (portanto há quatro longos anos) e também as respostas da Entrevista Indesejada de 26 de setembro do ano passado, a propósito de nova “disputa” eleitoral no Clube dos Especuladores Imobiliários. Fora esses duas iniciativas jornalísticas, outras três, chamadas de "Entrevista Especial", foram encaminhadas ao todo-poderoso presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários. Inutilmente. Embora exerça cargo de interesse público notório, age como se presidisse alguma seita secreta.
Para os leitores terem uma ideia mais precisa dos insumos em forma de perguntas que enviei já em 2010 a Milton Bigucci, reproduzo entre aspas uma das questões: "Entre as várias questões que empreendedores de pequeno e médio porte colocam em forma de crítica à atuação do senhor à frente da Acigabc constam privilégios nos escaninhos públicos, atuando em favor de sua empresa. Há exageros nessa avaliação?".
É claro que Milton Bigucci não respondeu. Já naquele momento este jornalista contava com informações preliminares sobre delitos cometidos pelo empresário. Daí em diante vieram a licitação fraudulenta do terreno público no qual a MBigucci constrói o empreendimento Marco Zero, os desvios denunciados pelo advogado que atuava no Semasa sobre a participação fraudulenta de Milton Bigucci num empreendimento milionário ao lado do Shopping Santo André e também a denúncia da Controladoria-Geral da Prefeitura de São Paulo sobre a Máfia do ISS, igualmente integrada pelo empresário. Sem contar, ainda, que o MP de São Bernardo alçou o conglomerado de empresas que Milton Bigucci dirige ao patamar de campeão regional de abusos contra a clientela.
Estou pensando seriamente, após a audiência marcada para hoje, em preparar nova bateria de questões de "Entrevista Indesejada" direcionada a Milton Bigucci. Seria a sexta tentativa de retirá-lo do esconderijo empresarial e institucional. Nada mais apropriado para que preste contas de suas atividades econômicas à sociedade. Nada que envolva sua vida privada, sobre a qual jamais me preocupei. O foco será sempre jornalístico. Milton Bigucci preside aquela que poderia e deveria ser uma das entidades mais republicanas da Província do Grande ABC.
Massa crítica e financeira não faltariam, mas o Clube dos Especuladores Imobiliários virou quintal de interesses privados do eterno presidente. Tanto que até mesmo a atuação corporativa de Milton Bigucci à frente do conglomerado MBigucci ocupa espaço privilegiado de divulgação nos canais de marketing do Clube dos Especuladores Imobiliários.
Juro que preferiria nesta tarde de quinta-feira, se tempo houvesse, dar um passeio com a Lolita e a Luly, cachorrinhas da família. Que posso fazer se Milton Bigucci se considera o imperador da Província e não suporta jornalista que ousa enfrentá-lo. O espirito totalitário não lhe dá trégua.
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