A Innova (Incubadora de Base Tecnológica de Santo André) vai dar um salto no incentivo ao desenvolvimento: até o final do ano elevará de 18 para 24 empresas incubadas. A meta para 2008 é atender a 40 novos negócios. Na busca de espaço vital de fomento a novos empreendimentos, a Innova negocia áreas para implantar um pólo tecnológico.
Poucas são as pequenas e médias empresas no Brasil que apresentaram aumento superior a 164% no faturamento de 2005, em relação ao ano anterior, com média salarial de R$ 1,8 mil. Esse foi o desempenho da Innova, que também ampliou em 52% o número de postos de trabalho. Esses números requerem mais espaço para a incubadora, instalada no mesmo prédio da Central de Trabalho e Renda e Banco do Povo, no Bairro Casa Branca. O local está no limite físico da Innova, que ocupa 12 salas – praticamente todo o primeiro andar do edifício. Atualmente as instalações são ocupadas por 10 empresas incubadas internas.
Outros oito empreendimentos recebem apoio da incubadora mas estão instalados em outros imóveis. Algumas incubadas estão na chamada fase Hotel de Projetos, quando são desenvolvidas propostas para financiamento de entidades de fomento à pesquisa como a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Até dezembro, a incubadora deve abrigar 12 empresas internas e apoiar projetos de outras 12. “A meta é chegar a 2008 com 40 empresas, o que considero factível” – aposta o gerente da Innova, Alexandre Gaino.
Qual o impacto da ampliação da Innova? “A transformação que uma incubadora pode provocar em uma cidade como Santo André, com cerca de 600 mil habitantes, só será possível com atores da sociedade como o Poder Público, a iniciativa privada, sindicatos e outras entidades, como os APLs (Arranjos Produtivos Locais). Tudo isso cria um caldo de cultura interessante” – avalia o gerente Alexandre Gaino. A participação de diferentes atores começa pelo concreto: maiores instalações para a Innova.
A busca por mais espaço tem vários eixos de negociação. Um dos contatos é com a TIM, que anunciou no ano passado um centro tecnológico de investimento de R$ 262 milhões. “Nosso desejo é ter espaço dentro da TIM, principalmente na área de tecnologia da informação” – afirma Alexandre Gaino, que também mantém contatos com instituições de Ensino Superior, entre as quais a recém-criada Universidade Federal do ABC. “Essa universidade representará a maior transformação para o Grande ABC e vai gerar frutos para daqui 20 anos”.
O gerente da Innova lembra que a incubadora deve buscar proximidade com vários atores socioeconômicos regionais. Além da TIM e da Universidade Federal do ABC, Alexandre Gaino cita também a expansão do Pólo Petroquímico de Capuava como esforço de ampliação da Innova. O gerente da incubadora acredita que qualquer ação voltada para o desenvolvimento regional deve estar focada para no mínimo uma década. “Muita gente vai sair ganhando com a ampliação da Innova e mesmo com a criação de um pólo tecnológico. Temos que ver daqui a 10 anos, como o Celso costumava dizer” – frisa Alexandre Gaino ao se referir ao cuidado do ex-prefeito Celso Daniel em planejar ações de desenvolvimento regional.
Para o gerente do escritório regional do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) em Santo André, Cláudio Quandt Alves Barrios, está mais do que na hora de a Innova ampliar ações. A entidade integra o conselho gestor da Innova e realiza atividades de formação, principalmente na área de gestão empresarial. “Se realizamos ações de capacitação para 12 empresas, podemos muito bem fazer para 24 ou 32. O importante é que existe mercado para essas empresas” – garante Cláudio Barrios.
A Innova planeja expansão. Depois de três anos, vai graduar as primeiras empresas de base tecnológica, a 2M Solutions e a Sysen, que atuam na área de sistemas de informação e vão ocupar instalações em um mesmo prédio, nas proximidades da Innova. “São externalidades positivas. Essas empresas têm atividades compatíveis e realizam troca de experiência e negócios. Não por acaso já desenvolveram parceria em alguns projetos” – ressalta o gerente Alexandre Gaino. A Sysen estava instalada na Capital quando buscou apoio da Innova.
Quando a Agência de Desenvolvimento Econômico realizou seleção de propostas para trabalhar com sistemas de informação nos APLs (Arranjos Produtivos Locais) de autopeças, a escolha recaiu sobre a Sysen. E não se trata de qualquer prestação de serviço. A Sysen desenvolve sistemas gerenciais para 44 empresas dos APLs. Para o secretário-executivo da Agência de Desenvolvimento Econômico, Silvio Minciotti, a escolha da Sysen demonstra o perfil das novas empresas formatadas pela Innova. “No momento em que houve a seleção para a prestação de serviços para os APLs, uma empresa incubada foi escolhida, mas não exatamente por isso, mas porque tinha competitividade e soube aproveitar a leveza gerencial para fazer o orçamento. Essa é uma das vantagens da Innova: incentivar o surgimento de empresas com leveza na gestão, o que faz com que tenham preços competitivos para ganharem mercado” – explica Minciotti.
Após três anos de atividade, a Innova consegue faturamento anual de R$ 932 mil. Mantém desempenho equivalente a incubadoras do mesmo porte de Santos, com faturamento de R$ 960 mil, e de Ribeirão Preto, com R$ 1 milhão. Em patamar acima, após seis anos de atividade, está a Iesbec (Incubadora de Empresas de São Bernardo), que registrou faturamento de R$ 3,2 milhões com 25 empresas, 13 incubadas internas e outras 13 externas.
A saída das primeiras empresas graduadas representa nova etapa para a incubadora. Assim como uma empresa novata no mercado, a Innova também passou por processo de amadurecimento. “Quatro ou cinco anos é o período de incubação da própria Innova. Não é possível que se tenha todas as respostas desde o começo” – avalia Alexandre Gaino. Para o gerente do Sebrae em Santo André, Cláudio Barrios, as primeiras graduações não significam que o ciclo se fechou e que a incubadora já tem experiência suficiente. “A incubadora amadurece a cada ano que passa. A Innova deve chegar ao ponto ideal na terceira etapa de graduações. Mesmo assim, essa primeira etapa representa avanço” – analisa o gerente do Sebrae.
O principal avanço talvez seja o papel que a incubadora faz entre quem produz pesquisa e quer montar um empreendimento com quem faz negócio e precisa de inovação. Entre um lado e outro existe muito espaço vago e pouco aproveitado. Por exemplo: há recursos para inovação tecnológica. Só o orçamento da Fapesp para este ano é de aproximadamente R$ 2 bilhões. Alexandre Gaino afirma que muitos projetos de inovação são rejeitados pela Fapesp e outros órgãos de fomento porque simplesmente estão redigidos de forma a não valorizar o mercado. “Precisamos de atores que entendam a linguagem dos investidores” – recomenda o gerente da Innova.
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