Economia

Futuro é cada vez
mais de plástico

ANDRE MARCEL DE LIMA - 31/03/2006

Lideranças públicas da pasta de desenvolvimento econômico, executivos do Pólo Petroquímico de Capuava e empreendedores do arranjo produtivo de plásticos: agendai-vos. A capital paulista vai sediar evento imperdível para quem tem compromisso com o futuro do Grande ABC. Trata-se do seminário “Oportunidades de Mercado e Preços de Matérias-Primas para a Indústria do Plástico — O Novo Ciclo de Investimentos e Impactos da Reestruturação do Setor Petroquímico Nacional”, programado para 29 de março no Paulista Plaza Hotel, na Alameda Santos. O evento é organizado pelo IBC (International Business Communications), conglomerado de comunicação de origem inglesa. Criado em Londres em 1964, o IBC se pulverizou com 17 unidades no mundo, incluindo a brasileira aberta em 1996.


O seminário transmite a impressão de que foi elaborado sob medida para a região que enfrenta o desafio de internalizar o potencial de 12,5 mil empregos na cadeia do plástico a partir da expansão do Pólo de Capuava. Os organizadores definem o evento como espécie de passaporte para o desenvolvimento de novos mercados de termoplásticos no Brasil. “Veja como as empresas líderes estão se beneficiando de novas aplicações nos mais diversos setores da indústria. Saiba como obter vantagem competitiva no mercado de resinas através de inovações tecnológicas. Avalie as principais tendências de preços nos mercados nacional e internacional. Compreenda o papel do gás natural e sua influência estratégica na cadeia petroquímica. Explore as questões relativas a exportações de resinas e conheça a fundo as relações internacionais deste mercado” — lê-se na apresentação do evento.


Que contextualiza: “Poucos setores experimentam momento mais otimista que o do plástico. Com crescimento notável nos últimos anos e perspectivas ainda mais promissoras, a indústria petroquímica tem se reestruturado e o Brasil se coloca na rota dos grandes produtores mundiais. Neste mercado aquecido e competitivo, fabricantes de resinas observam atentamente as oportunidades de desenvolvimento de novos mercados e tecnologias que permitem utilização de plástico em substituição a materiais como vidro, papel e metal”.


O gerente de projetos da área de energia e infra-estrutura do IBC, Rodrigo Carvalho, assegura que o seminário programado para 29 de março será o mais abrangente já realizado no País sobre indústria petroquímica. “O evento contempla da primeira à terceira geração, com palestras especificamente voltadas aos transformadores plásticos” — explica.


As palestras mais apropriadas para executivos públicos e empreendedores privados interessados no adensamento planejado da cadeia termoplástica do Grande ABC são as de Eduardo Tergolina, diretor comercial da Ipiranga Petroquímica, e Gilda Bouch, gerente de marketing da Riopol. A executiva discorrerá sobre desenvolvimento de novos mercados para resinas plásticas e mostrará como identificar demandas não atendidas e ampliar volumes de vendas levando em conta características regionais de consumo. Falará também sobre consumo per capita de resinas no Brasil e no mundo e sobre o potencial de crescimento do mercado nacional. Outro tópico é como evitar canibalização, quando muitas empresas se dedicam aos mesmos produtos.


Eduardo Tergolina também abordará a ampliação do potencial de mercado através de novas aplicações de plásticos. Principalmente por meio de substituição de materiais como vidro, papel, metal e madeira — fenômeno consolidado em vários países mas ainda incipiente no Brasil. Construção civil e agricultura são alguns dos campos férteis a serem explorados pelo executivo que detalhará a viabilidade de utilização do plástico no lugar de cerâmica, além da produção de sistemas de irrigação e armazenamento a partir de polímeros.


O executivo também discorrerá sobre a importância do insumo oriundo do petróleo para a indústria automobilística. Comentará avanços internacionais e viabilidade de novas aplicações automotivas no Brasil. Outra palestra relativa à terceira geração será ministrada por Silvia Rolim, assessora técnica da Plastivida: ela falará sobre as possibilidades de reciclagem de plásticos para reutilização pela indústria de transformação. Desafios técnicos da reciclagem, adaptações necessárias em processos produtivos, desenvolvimento de empresas e concepção de produtos com materiais reprocessados são alguns dos tópicos.


As demais palestras não dizem respeito especificamente à terceira geração da indústria do plástico, mas estão diretamente ligadas ao principal pilar de sustentação econômica da região, ao lado do setor automobilístico. A analista de empresas do Banco Pactual, Daniella Guanabara, traçará panorama sobre as possibilidades de reestruturação e possíveis movimentos de consolidação da indústria petroquímica, além da visão do mercado financeiro sobre o setor. João Brandão, diretor-superintendente da Riopol, abordará o gás natural como alternativa na produção de resinas petroquímicas. Inovação tecnológica é o tema de Mauro Azanha, gerente de desenvolvimento de produtos e serviços técnicos da Polietilenos União. O gerente de exportação da Braskem, Ulisses Silva, abordará perspectivas para exportação de resinas com base em fatores como a influência do sudeste asiático sobre preços internacionais, infra-estrutura brasileira para exportação e investimentos necessários no setor.


A programação se completa com Aledio Silva, consultor da Technip Engenharia. Em relação à primeira geração petroquímica, Aledio abordará a evolução das reservas de petróleo para produção de nafta, capacidade do parque nacional de refino e evolução da demanda por insumos petroquímicos básicos, além da adequação tecnológica de refinarias para processamento de petróleo pesado, alternativas para importação de nafta e viabilidade de custos da produção de eteno a partir de etanol. Em relação à segunda geração, Aledio centrará foco em taxas de utilização de capacidade produtiva, estrangulamento e ociosidade.


A sintonia entre parte do conteúdo do seminário e a linha editorial de LivreMercado não poderia ser mais fina. As possibilidades que serão esmiuçadas por alguns dos maiores especialistas brasileiros em termoplásticos serviram de moldura para reportagem de capa “Nosso Futuro é de Plástico”, veiculada na edição de maio de 2003. “Precisamos investir para valer em alternativas econômicas que tornem o Grande ABC menos dependente do concorridíssimo mercado automotivo. A diversidade do setor de transformação de plástico é a melhor alternativa” — defendia a reportagem com base em pesquisa da consultoria gaúcha AbiQuim, segundo a qual o Grande ABC respondia por 10% da produção nacional de produtos plásticos, muito acima dos 2% de participação no PIB (Produto Interno Bruto) nacional.


O Grande ABC teve ótimas notícias após a publicação da capa há quase três anos. A legislação estadual que impedia a ampliação da PQU foi dinamitada, o governo Lula uniu as pontas de interesses entre a central petroquímica e a Petrobras e — como resultado desses esforços — o Pólo de Capuava finalmente se prepara para crescer. Petroquímica União e Polietilenos terão capacidade expandida a partir de 2008, o que abre valiosa possibilidade de criação de 12,5 mil postos de trabalho na cadeia de terceira geração. Uma Volkswagen Anchieta de novos empregos.


Espaço para acolher empresas não falta, já que somente a área do Eixo Tamanduatehy dispõe de 1,2 milhão de metros quadrados para ocupação. Estrutura de conhecimento também não é problema, já que a região dispõe de Ciap (Centro de Informação e Apoio à Tecnologia do Plástico) e deve contar com suporte da Universidade Federal do Grande ABC. Só falta integração institucional para moldar o futuro de plástico.


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