Não é exagero substituir a tradicional imagem do Pólo Petroquímico de Capuava, de torres sombrias e fumegantes, por velas de aniversário estilizadas. Trocar o soturno pelo alegre, o triste pelo comemorativo, o aparentemente perigoso pelo flagrantemente feliz, não é heresia. O Grupo de Sinergia do Pólo Petroquímico comemora este mês três anos de atividades e só não se junta aos festejos quem desconhece as entranhas desse conjunto de fábricas de produtos de primeira e de segunda geração do setor químico/petroquímico e as repercussões sociais e econômicas para todo o Grande ABC.
Embora o Pólo Petroquímico de Capuava tenha sido criado há quase 30 anos, com a inauguração da PQU (Petroquímica União), empresa-mãe dessa que é a segunda atividade econômica mais importante da região, atrás apenas do setor automotivo, somente nos últimos três anos as empresas decidiram transformar a vizinhança territorial em ações integradas.
Os resultados já são entusiasmadores e estimulam a formação de grupos de empresas de Santo André não tão próximas e muito menos do mesmo setor — mas administrativamente utilitárias de serviços semelhantes — nos eixos da Avenida Industrial e do Tamanduateí.
O que o Grupo de Sinergia está realizando em Capuava, e que inclusive conta com adesão de empresas de outros municípios em algumas modalidades, é o que o bom senso indicaria para um quadro de organizações que têm muito mais que a vizinhança física como afinidade. Há também interatividade produtiva, já que a Petroquímica União, terceira maior central de matérias-primas da América Latina, distribui para empresas satélites de segunda geração o insumo de que todas precisam para movimentar a roda da economia, abastecendo companhias de terceira geração.
O eteno e o propeno produzido pela PQU é transformado em quase tudo que se vê e que se toca. Desde pneus, câmaras de ar, peças e acessórios para veículos até componentes para computadores, fibras para tecidos, roupas, telefones, capacetes e uma infinidade de produtos.
Força incalculávelA força químico/petroquímica é tamanha e se desdobra tanto que a participação do Pólo Petroquímico de Capuava na economia regional é aritmeticamente incalculável. Boa parte dos 70% do domínio da produção automotiva no PIB industrial do Grande ABC está relacionada à transformação molecular do eteno e do propeno.
O Pólo só não é gerador de empregos na mesma proporção de tributos que ajudam a salvar os cofres municipais. São 2,8 mil trabalhadores nas 10 empresas do conglomerado industrial, contra 40% de participação nas receitas de Santo André com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e 43% nas receitas de Mauá, municípios diretamente beneficiados por estimados R$ 1,5 bilhão de faturamento anual do conjunto de empresas fisicamente próximas — Petroquímica União, Cabot, OPP, Polibrasil, Oxiteno, Unipar, Airliquid, Chevron, White Martins e Recap.
Quando há três anos o diretor industrial da PQU, César Barlem, chamou para um encontro os principais executivos de empresas do Pólo de Capuava, e propôs o que parecia uma redundância, não houve quem dissesse não. O encontro era resultado de uma deliberação informal do Conselho de Administração da Petroquímica União, preocupado com o momento econômico de queda no nível da atividade e também dos preços dos produtos: estava decidido a estimular a superação de barreiras corporativas para dar ao Pólo Petroquímico, de fato, o formato cooperativo. Enfim, a formação do Grupo de Sinergia era tão óbvia e necessária que só quando se deram conta de que nada poderia obstá-la houve consciência do tempo perdido.
Mas o que se poderia esperar de empresas que até poucos anos antes eram majoritariamente propriedades do Estado e desfilavam todos os vícios imaginados da influência do jogo político?
Até então, exceto o Plano de Auxílio Mútuo — Núcleo de Defesa (Pam/Nudec) protagonizado pelo Corpo de Bombeiros sob liderança da PQU e a participação das outras nove empresas, tratar de sinergia era simples utopia.
Pelo menos em matéria de segurança dos colaboradores e da comunidade, o Pólo de Capuava jamais se descuidou. E nem poderia, porque o item se assemelha ao oxigênio para quem ter crise de asma.
Privatização decisivaO Pólo de Capuava só deu lugar à integração por causa da privatização do setor petroquímico. Mesmo assim, foi preciso muito desprendimento dos executivos, porque as empresas que o formam são de megacorporações que em grande parte concorrem entre si através de ramificações de composições acionárias em outras duas centrais petroquímicas — a Copene, em Camaçari, Bahia, e a Copesul, em Triunfo, no Rio Grande do Sul, que dominam o mercado.
Manietada pelo poder monopolístico da Petrobras que não lhe dá guarida na quase obsessão de aumentar a capacidade produtiva, a PQU responde por menos de 20% de tudo o que é produzido em petroquímicos no País, embora sua localização seja privilegiada porque se insere potencialmente no eixo onde se concentra quase 70% do PIB brasileiro: os Estados do Sudeste e parte do Centro-Oeste.
O Grupo de Sinergia do Pólo Petroquímico está na terceira geração de coordenação-geral. Depois de César Barlem veio Nívio Roque, então superintendente da OPP, e agora é a vez de José Alves Bento, executivo da Polibrasil. Os resultados já são contabilizados em racionalidade de recursos financeiros, em qualidade de vida dos trabalhadores e em relacionamentos corporativos que se estreitam e se solidarizam. Sem contar os dividendos em forma de disseminação dos conceitos a outros endereços.
O Grupo de Sinergia do Pólo Petroquímico de Cubatão tem desempenho semelhante ao de Capuava. Não está no mesmo estágio, mas foi impregnado pelas vantagens depois de algumas empresas participarem da primeira fase do Grupo de Sinergia do pólo da região. A distância entre os dois centros petroquímicos acabou por levar à separação do desenvolvimento dos projetos.
As diferenças acionárias e a competitividade no mercado ficam fora dos debates do Grupo de Sinergia do Pólo Petroquímico de Capuava quando os cerca de 90 executivos que formam as quatro equipes temáticas de trabalho se reúnem a cada 30 dias. O que interessa é monitorar as ações, buscar os resultados planejados, tangíveis ou não. Vanderlei Retondo, executivo da Unipar e titular do subgrupo de serviços administrativos, resume a operação conjunta numa frase: “Na busca da redução de custos comuns, não existe concorrência e sim inteligência”.
O subgrupo de serviços administrativos tem resultados palpáveis, depois de voltar-se inicialmente para o transporte coletivo contando com a participação de apenas duas empresas, a Unipar e a OPP. Em seguida vieram outras adesões. A ordem em comum era transpor para os fornecedores o mesmo princípio de ganho de escala que rege a economia internacional e que pode ser definido especificamente no caso de serviços administrativos pela equação de que se tem maior rentabilidade recebendo menos por unidade sobre um universo maior de atendimentos. As diferenças culturais entre os representantes das empresas do Pólo Petroquímico não só não suspenderam as ações como foram encaradas como desafios a superar.
Os resultados não demoraram a aparecer e novos serviços acabaram incorporados. Um balanço de Vanderlei Retondo sobre os três anos do subgrupo que comanda é auto-explicativo. A partir da reestruturação das relações com os fornecedores, os setores de alimentação, transporte administrativo, limpeza/jardinagem, copiadoras, segurança patrimonial, transporte de turno e assistência médica apresentaram redução de custo de R$ 12,3 milhões em relação ao último período de 12 meses em que prevalecia o individualismo.
A experiência nos serviços administrativos é tão consagradora que o Grupo de Sinergia já transplanta o modelo a interessados de outras regiões. O Pólo Automotivo do Paraná está copiando o plano de assistência médica em parceria com a Sul-América, enquanto no Pólo Petroquímico de Camaçari o Bradesco Seguro atua desde janeiro último. O Sul-América é parceiro do Grupo de Sinergia de Capuava há mais tempo. Vanderlei Retondo explica que são 8,6 mil vidas de funcionários e dependentes ligados ao Pólo de Capuava. A conta também abrange funcionários da Henkel, com unidades em Diadema e em Piracicaba, e de todo o Grupo Polibrasil.
A redução do custo do plano de assistência médica atingiu 36% comparativamente à fase pré-sinergia, quando as empresas não tinham poder de negociação, não havia uniformidade contratual e o atendimento em geral era de má qualidade.
A expectativa do executivo da Unipar é multiplicar as vidas protegidas em proporção suficiente para ganhar de novo pelo princípio de escala. O avanço não se limita à incorporação de novas vidas e ao barateamento individual dos planos com a adesão de empresas de outras localidades. Também está em estudos a implantação de processo semelhante para apólices de seguro de vida, plano odontológico e previdência privada.
Algumas dessas modalidades já foram lançadas por associações comerciais e unidades dos Ciesps (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) sediadas no Grande ABC, sempre a partir da catequese do Grupo de Sinergia.
Enxugar o número de fornecedores em cada atividade, e por consequência manter relacionamento que ofereça como contrapartida ao ganho pela quantidade a eficiência no atendimento, balizou todas as intervenções do subgrupo de serviços administrativos.
No transporte, por exemplo, rotas foram reestudadas, quilômetros de desperdício foram suprimidos, fluxos de veículos aperfeiçoados e ocupação de veículos otimizada. Gastando menos combustível, os custos evidentemente são menores. Parece obra do folclore, mas se conta com seriedade que um dos motivos para o sistema de transporte coletivo em comum jamais ter sido aprovado em outros tempos pelas empresas do Pólo Petroquímico era a preocupação com os trabalhadores de diferentes empresas locais se aproximarem demais e misturarem culturas, compararem salários. Como se o próprio sindicato da categoria não cuidasse disso.
Em todas as outras atividades a decisão de gastar menos e exigir mais qualidade foi aperfeiçoada. “A relação do Grupo de Sinergia com fornecedores de serviços não é uma via de mão única. Não se coloca a faca no pescoço de ninguém para chegar aos valores desejados”. A explicação é do ex-coordenador-geral, Nívio Roque, seguida literalmente por seu substituto, José Alves Bento.
Nívio Roque deixou a superintendência da OPP e o Grupo de Sinergia, mas não perdeu a embocadura integracionista. Como executivo público da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Emprego da Prefeitura de Santo André, ele e o secretário Nelson Tadeu Pereira estão levando as experiências do Pólo de Capuava a empresas que já se reúnem para formar novos grupos de sinergia. Não interessa que estejam distantes fisicamente, que as atividades produtivas não sejam exatamente parecidas. Há serviços iguais para afinidades grupais que podem gerar vantagens absolutamente impossíveis quando tratadas individualmente. O lema dos mosqueteiros nunca esteve tão em moda desde que o Grupo de Sinergia consolidou ações e resolveu romper limites territoriais.
O agora titular José Alves Bento explica que o respeito ao preço básico é sagrado nas negociações com os fornecedores convidados para participar da tomada de valores contratuais. Também estão entre as diretrizes básicas a avaliação técnico-financeira de cada empresa prestadora de serviços na tomada de preços. Quem tem contrato em andamento não fica excluído do processo.
Esses parâmetros valem para todos os fornecedores de serviços, inclusive para as oito empresas que atendem às demandas do subgrupo de manutenção, comandado por Nelson Baldi. Os resultados econômicos nem sempre são tão tangíveis como os verificados nos serviços administrativos, mas nem por isso menos importantes. A lista de vantagens é igualmente extensa. Um boletim sucinto evidencia que o Grupo de Sinergia do Pólo Petroquímico também tem muito combustível para queimar nessa área. A melhora na qualidade dos procedimentos, dos materiais e dos serviços de manutenção já se faz sentir. Tanto quanto o aumento do poder de negociação na aquisição de serviços e materiais, com consequente redução de custos.
Quase sem paradaOutros dois pontos registrados nos arquivos do subgrupo de manutenção são de repercussão prática ainda mais retumbante que os anteriores. O primeiro trata do aumento da continuidade operacional e o segundo do desenvolvimento de fornecedores regionais.
Entenda-se por continuidade operacional a capacidade de o Pólo Petroquímico de Capuava permanecer o maior tempo possível industrializando produtos de primeira e segunda geração durante todo o ano. Até a implantação do projeto do Grupo de Sinergia, a parada da PQU para manutenção obrigatória representava para todo o conjunto de 10 empresas do Pólo a eficiência operacional de 97% da capacidade real de produção, ao qual se subordina regime de 24 horas contínuas, dia após dia, com quatro turnos de funcionários.
Para quem entende a linguagem do mundo petroquímico, o impacto de 3% em relação à capacidade máxima possível é semelhante à possibilidade de oferecer a um atacante escolher entre chutar de longa distância com barreira ou bater uma penalidade máxima sem que os quase dois metros do goleiro Dida estejam à sua frente. Com as ações do Grupo de Sinergia, que virou de cabeça para baixo um manancial de pontos de estrangulamento produtivo na cadeia petroquímica, a chamada eficiência operacional do Pólo saltou de 97% para 99,1%, adequando-se aos padrões internacionais. “Estamos no Primeiro Mundo” — diz Baldi.
Um cálculo simplificado dos efeitos monetários dessa expansão de 2,1%, feito pelo próprio Nelson Baldi com auxílio de outros coordenadores de subgrupos, chega a R$ 30 milhões de receita bruta adicional ao final do ano. Uma considerável parte desse montante vira impostos.
A disposição de incentivar a presença de empresas da região no grupo de fornecedores do Pólo Petroquímico de Capuava não encerra qualquer exacerbação regionalista. É basicamente a constatação prática de que a proximidade com parceiros introduz no relacionamento entre as partes maior grau de mobilidade para a resolução de dificuldades.
Quem está mais próximo tem maior sensibilidade para prestar atendimento que combine agilidade e responsabilidade. Por isso, o Grupo de Sinergia está estimulando, inclusive, a preparação de uma empresa especializada em caldeiraria que vai dividir o contrato de serviços com um reticente fornecedor do Rio de Janeiro na montagem de base no Grande ABC.
Prato congeladoNelson Baldi lembra que para dar tempero com sabor de coletivismo a um prato congelado de individualismo foi preciso muita vontade política dos representantes de cada empresa envolvida. Além de culturas diferentes, as organizações do Pólo Petroquímico de Capuava têm padrão de engenharia que não se combinam, pela própria especificidade operacional.
Como é natural, também os técnicos têm formação que não podem ser consideradas semelhantes. Mas nada disso impediu que os processos se aprofundassem. Foram estabelecidas metas de padronização onde era possível padronizar e de especialização dos fornecedores onde não houvesse alternativa.
As áreas de usinagem, construção civil, motores elétricos, caldeiraria, manômetros, rolamentos, bombas, inspeção de equipamentos, instrumentação, iluminação, energia elétrica e materiais estão sendo atendidas pelo conjunto de fornecedores preparados para as respectivas tarefas.
A redução de custos, sempre relativa ao período dos últimos 12 meses pré-sinergia, também é representativa. A matemática de Nelson Baldi para os últimos 12 meses é que a conta a favor atingiu a R$ 1,5 milhão. Não está incluído um valor muito mais robusto, de consumo de energia elétrica, parcialmente alcançado. São projetados R$ 5,2 milhões decorrentes da queda do nível de tensão, que significará em média 7% menos nos boletos das empresas.
A contabilidade vai incluir também empresas territorialmente desvinculadas do Pólo de Capuava, casos de Cofap, Eluma, Pirelli, Bridgestone Firestone, Rhodia, Philips e TRW, inclusive a Solvay Indupa, formalmente ligada à atividade, porque a PQU é fornecedora da matéria-prima que lhe dá sustentação. O montante, quando integralmente atingido expressará não só a eliminação de desperdícios, mas também à negociação dos valores contratuais junto à Eletropaulo Metropolitana, baseada no poder das empresas. Negociações individuais já eram.
Nelson Baldi não é um propagador intensivo dos recursos financeiros que deixaram de escapar pelo ralo da ineficiência, embora reconheça que esse argumento precisa ser levado em consideração em qualquer avaliação que se faça sobre o Grupo de Sinergia. Baldi prefere, na verdade, expor aspectos intangíveis que estão na origem dos resultados financeiros. Ele aponta como legados insofismáveis a difusão de conhecimentos técnicos, a melhoria da qualidade de serviços e materiais, a cultura do trabalho em equipe e a referência de integração.
Tanto que as ações estão sendo pedagogicamente levadas na prática e também na teoria para multiplicadores entusiasmados com os resultados. Além do Pólo de Cubatão, permanente parceiro de troca de informações, também o Pólo de Camaçari está antenado com a pedagogia de Capuava.
Outros subgruposMais recentemente, e por isso mesmo em fase menos pródiga de resultados, outros dois subgrupos foram agregados ao Grupo de Sinergia. José Roberto Siqueira, executivo da OPP, coordena a área de logística, enquanto Dilermando Nogueira, da PQU, está no meio ambiente. Um dos ensinamentos que os executivos do Pólo Petroquímico de Capuava transmitem a eventuais seguidores dos ideais de integração é que a pressa é inimiga da perfeição também quando se trata de prospectar melhorias, aumentar a produtividade e enfrentar eventuais adversidades do mercado.
Esperar que o subgrupo de logística desfile realizações é desconhecer as peculiaridades ainda mais pronunciadas que envolvem os aspectos operacionais do Pólo de Capuava. Na área de fretes, por exemplo, a diversidade é tão expressiva quanto a complexidade. Estrados de madeiras, tambores, sacarias, pallets e dutos desafiam a uniformidade e extratificam os insumos moleculares que dão vida ao núcleo de industrialização a partir do eteno e propeno. Tanto que até agora somente o frete em granéis líquidos pode ser coletivizado entre empresas afins.
José Roberto Siqueira multiplica o total de toneladas/mês (56 mil) para chegar ao valor de R$ 1,1 milhão e à economia anual de R$ 260 mil. “Também estamos em fase avançada de estudos na utilização de pallet reciclável, no transporte ferroviário, na cabotagem, no seguro de cargas, na avaliação de transportes e no retorno de big-bag” — explica.
O grande desafio é reunir o maior número possível de empresas do Pólo na logística comum de transporte e armazenagem, na melhoria da segurança da comunidade interna e externa, na conservação do meio ambiente e da melhoria da qualidade do trabalho. Também estão envolvidas nesse subgrupo de sinergia empresas químicas e petroquímicas de fora do Pólo de Capuava. “Estamos em permanente troca de experiência e sentimos a facilidade de solucionar problemas individuais com base em estudos conjuntos. Sem contar que os resultados das negociações também são outros” — conta Siqueira.
Para Dilermando Nogueira, titular do subgrupo de meio ambiente — o mais recente trabalho de equipe introduzido no Grupo de Sinergia –, tudo que venha a significar ganhos de qualidade de vida será contabilizado como conquista similar à contração de custos bem mais visíveis em outras áreas.
O executivo lembra que já estão avançados os contatos para a reciclagem de pilhas, baterias e lâmpadas fosforescentes e também a identificação de empresa para processar resíduos. A lista de outros pontos a ser atacados é extensa. Envolve a modernização dos sistemas de tratamento de efluentes líquidos, a substituição de óleo combustível por gás natural, melhorias no sistema de flare, redução de resíduos, coleta seletiva com apoio à comunidade por meio de doações para escolas e entidades ligadas a portadores de deficiência e o programa de Fábrica Aberta à Comunidade. Algumas dessas atividades já ultrapassaram a fase teórica e chegaram a detalhamentos.
ResponsabilidadeTodas as ações estão simplificadamente enquadradas no conceito que os ambientalistas chamam de atuação responsável. Três empresas do Pólo já exibem o Certificado ISO 14.001, o suprassumo das exigências ambientais. Outras estão em fase de adequação. Para Dilermando Nogueira, os objetivos de cooperação que o Grupo de Sinergia do Pólo de Capuava mostra para corporações dos mais diferentes setores industriais do Grande ABC, e que já despertaram interesse de outras regiões, não poderiam subestimar o equilíbrio entre produção e qualidade de vida ambiental.
É verdade que há muito tempo o Pólo de Capuava deixou de ser visto como o patinho feio da industrialização regional, em contraponto com o glamour da indústria automobilística. Não era exatamente estereotipada a imagem de falta de segurança de um passado mais remoto. Mas, de alguns anos para cá, a desconfiança não se justifica porque as empresas investiram em processos e tecnologias que diminuíram drasticamente a carga pesada que exalava de torres mal-assombradas.
O ar está cada vez mais respirável no Pólo de Capuava. Se há perigo rondando aquela imensidão de vasos comunicantes de gases e produção química, a responsabilidade não cabe às empresas.
Num movimento de colisão entre a recuperação ambiental e o ajustamento produtivo sob preceitos da integração, as empresas do Pólo foram assaltadas, literalmente, pela deterioração do ambiente externo. A delinquência crescente que toma conta das ruas do Grande ABC chegou até os trabalhadores petroquímicos em pleno horário de expediente. Os casos têm-se repetido com frequência e audácia. Por isso, o Grupo de Sinergia já se está preparando para motivar a formação de uma nova equipe de trabalho, voltada para salvar os bolsos e a vida dos funcionários.
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12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES