As indústrias moveleiras do Grande ABC começam a se organizar para garimpar o ainda pouco explorado mercado corporativo. Empresas da região e da Capital se uniram em APL (Arranjo Produtivo Local) para potencializar o setor. Um dos primeiros resultados foi a descoberta de nichos potenciais de mercado em pesquisa realizada em conjunto com a Universidade Metodista. Mesmo sem estrutura e performance de pólos com do Rio Grande do Sul, mas com a urgência de investir em inovação, indústria e comércio regional podem obter avanços junto a consumidores nas áreas de saúde, hotelaria e construção civil.
O campo livre das possibilidades está escancarado com a pesquisa encomendada pelas 44 empresas que compõe o APL da Grande São Paulo, metade das quais da região. O levantamento permitiu conhecer melhor os mercados de hospitais, clínicas médicas, clínicas estéticas, hotelaria e setor de construção civil. “Esses segmentos compram na região”, garante a gerente do escritório regional do Sebrae Grande ABC 1, Silvana Pompermayer, que participa do esforço de organização do setor moveleiro.
Realizada pela Agência de Comunicação Mercadológica da Metodista, a pesquisa foi embasada por levantamento de seis meses na região com 40 hospitais, 600 clínicas médicas, 450 clínicas estéticas e 300 empresas construtoras e escritórios de arquitetura. Também foram incluídos 650 hotéis no levantamento. Desse total, cerca de 20% dos estabelecimentos foram pesquisados, com exceção dos hotéis, onde foram ouvidas 14 unidades da Capital.
A pesquisa trouxe dados importantes como a preferência de 82% das clínicas de estéticas por comprar móveis no Grande ABC, enquanto outras 5% optaram pela Capital e igual percentagem pela região de Campinas ou o sul do País. O fato promissor é que esses estabelecimentos são relativamente novos na economia e a região pode se consolidar como fornecedora para o segmento.
Vender para clínicas de estética significa investir na especialização, saber o que querem os empresários do setor e pesquisar em inovações, tanto na linha de produção como no produto final. “A gente conhecia esses cinco mercados, mas como discutimos a questão do foco, percebemos que não existia um trabalho de especialização. São mercados novos que precisamos conhecer” — afirma Silvana Pompermayer.
Entre as clínicas médicas, segmento que tende a se ampliar com a proliferação da medicina de grupo e convênios de saúde, clientes certos desses estabelecimentos, a aceitação dos produtos feitos e comercializados pela região é menor mas ainda significativa. A pesquisa identificou que 60% das clínicas fazem seus móveis no Grande ABC e 36% na Capital. Entre os hospitais pesquisados na região, 70% são clientes de empresas locais e 20% compram na Capital.
Mesmo os hotéis paulistanos, onde as empresas moveleiras da São Paulo predominam com 79% das preferências, a região é escolhida por 6% dos estabelecimentos, ficando à frente dos produtores do Sul do Brasil, que só conquistaram 5% do segmento.
Outra surpresa são as construtoras, que recorrem a escritórios de arquitetura para a montagem de apartamentos modelo mobiliados para showroom. “Descobrimos um pólo muito interessante no Grande ABC. Dos 315 arquitetos pesquisados e que realizam projetos, 71% recorrem a empresas da região para produzir os móveis” — destaca Silvana, a gerente do Sebrae.
Estabelecimentos da Capital ficam em um distante segundo lugar, com 15% da preferência. Outra descoberta promissora é a de que os arquitetos que montam apartamentos para exposição seguem normas ergométricas da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), dos escritórios locais da Vigilância Sanitária e também atendem requisitos de certificações como ISO 9000, ISO 14000, MB 9050, para deficientes físicos e idosos. “As empresas não têm noção desse mercado e como podem trabalhá-lo” — afirma Silvana Pompermayer.
Por causa disso, os números da pesquisa vão servir para os empresários estudar o caminho das pedras para fazer o setor moveleiro transformar uma vantagem relativamente acidental em especialização estratégica com resultados palpáveis.
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12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES