Sociedade

Código de ética vai balizar criação de
nova entidade do setor imobiliário

DANIEL LIMA - 02/10/2015

Exatamente isso. O que jamais teve o Clube dos Especuladores Imobiliários (Acigabc) sob o jugo do empresário Milton Bigucci é o que propõem empresários que agora, de forma aparentemente sólida, preparam a criação de nova organização do setor na região. Minhas fontes garantem que a ideia de disputar o comando do Clube dos Especuladores está abandonada. Não valeria a pena concorrer a uma entidade sem credibilidade e de passivo ético condenável. Por isso, os pretendentes à nova organização querem priorizar a produção de um Código de Ética que abrangeria não apenas os filiados, mas se voltaria também às relações com a sociedade como um todo. Um verdadeiro chute nos fundilhos do Clube dos Especuladores que, como se sabe, está a serviço de uma minoria que os demais representantes do setor execram.


 


Um almoço de mobilização à criação ou de definição dos pressupostos da nova entidade, cuja marca ainda não está definida, será o ponto de partida do projeto de contraponto ao Clube dos Especuladores Imobiliários de Milton Bigucci. Existe coleção de motivos, segundo os antagonistas, que exige uma nova instituição. Vejam o elenco preliminar de queixas mais contundentes à direção do Clube dos Especuladores Imobiliários:


 


a) Favoritismo aos dirigentes de empresas mais próximas da presidência de modo, inclusive, a acobertar vantagens concorrenciais do empresário Milton Bigucci.


 


b) Proximidade espúria com agentes públicos em nome da entidade para encaminhamento de demandas corporativas individuais ou grupais, quando a entidade deveria ser dirigida a todos e em benefício coletivo transparente.


 


c) Informações privilegiadas a dirigentes da entidade sobre o mercado imobiliário tendo como base de operações corporativas a proteção institucional da entidade.


 


d) Métodos administrativos e diretivos completamente divorciados das premissas de competitividade no mercado associada a responsabilidade social.


 


e) Incidência sistemática na divulgação de fraudes estatísticas sobre o mercado imobiliário na região, entre outras razões porque o Clube dos Especuladores não conta com ferramentas confiáveis de aferição das informações.


 


f) Descaso ao conjunto da indústria imobiliária da região, formada por centenas de agentes de pequeno e médio porte, principalmente.


 


g) Personalismo diretivo do presidente Milton Bigucci, eternizado no comando da entidade, confundindo-a com os braços da corporação MBigucci.


 


h) Contaminação dos estragos éticos e morais envolvendo Milton Bigucci ao conjunto do empresariado do setor.


 


Mercado e responsabilidade social


 


Outros pontos também são condenados na atuação do Clube dos Especuladores Imobiliários por agentes do setor que não rezam na cartilha de Milton Bigucci. Mas a questão central de tudo que converge para a iniciativa de propor nova entidade na região é a combinação de mercado em baixa, assustadoramente em baixa, e ética em estado de insolvência.


 


Há leitura clara de que a importância econômica e social da atividade não pode ser sequestrada pelo oportunismo de um grupo encastelado numa entidade de classe que não passa de puxadinho do conglomerado MBigucci. Ou seja: a casa do provincianismo institucional da classe estaria ruindo.


 


Esperam-se desdobramentos reativos de Milton Bigucci à tomada de posição dos oposicionistas. Há informações que dão conta de que o presidente do Clube dos Especuladores Imobiliários e da MBigucci já teria conhecimento do movimento, contra o qual estaria reagindo. Quando se alude algum tipo de reação de Milton Bigucci o significado mais apropriado é que estaria pronto para pressionar os dissidentes.


 


Há dois anos uma tentativa limitada a ações de bastidores para lançar chapa que concorreria à presidência do Clube dos Especuladores Imobiliários foi sufocada. Milton Bigucci tem o controle da maioria dos votos e exerce o poder de forma absolutista. Não dá trégua a quem se lhe opõe. Agora o dirigente estaria encalacrado como representante do setor no Secovi, Sindicato da Habitação. Bigucci é conselheiro do Secovi e utiliza a marca daquela instituição na região como argamassa protecionista.


 


Representatividade frágil


 


A notoriedade institucional de Milton Bigucci poderia ser abalada ante a composição de organização classista divergente dos métodos biguccianos. Sobretudo se a nova entidade reunir número bem maior de associados e, principalmente, se levar adiante o código de ética de dupla personalidade aplicativa.  O Clube dos Especuladores Imobiliários é uma farsa como reprodução do poder de fogo econômico e social das atividades imobiliárias. É um grão de área de representatividade do setor na avaliação dos críticos mais rigorosos do modelo implantado por Milton Bigucci. 


 


No jogo de xadrez que pontuará os próximos movimentos no mercado imobiliário da região tudo é possível. Milton Bigucci é reconhecidamente hábil articulista, mesmo que os resultados se constituam desastre para o setor. Com mão de ferro ele sustenta o poder institucional imobiliário principalmente em São Bernardo. Nos outros municípios sempre buscou aliados. Os resultados são sempre melhores para o conglomerado MBigucci do que para o Clube dos Especuladores.


 


O Clube dos Pequenos Construtores de Santo André, que conta com mais de 300 associados, quer distância de Milton Bigucci. Não faltaram tentativas de aproximação, segundo relatam dirigentes dos pequenos construtores. Milton Bigucci teria enviado pessoas de confiança, mas a abordagem foi um fracasso. Os pequenos rechaçaram. Jamais tiveram qualquer suporte do Clube dos Especuladores. Muito pelo contrário.


 


Tanto que o mercado imobiliário de Santo André, com a presença do Clube dos Pequenos Construtores, é uma jabuticaba regional. Outros municípios vedam esse tipo de empreendedorismo. A influência do Clube dos Especuladores Imobiliários é consenso, para os pequenos, à discriminação legislativa dos demais municípios.


 


União de forças


 


Não estaria descartada a união de forças entre a nova instituição que se está preparando para o mercado imobiliário da região e o Clube dos Pequenos Construtores de Santo André. Há muitos pontos em comum a uni-los. A atuação no mercado não é necessariamente concorrencial ou conflitante. Os pequenos têm um nicho de atuação próprio, sob medida às próprias limitações econômicas.


 


Embora lideranças da pretendida nova entidade do setor imobiliário na região afirmem que desta vez não há outro caminho senão partirem mesmo para a execução da iniciativa, empresários do setor que apenas observam o movimento da classe sugerem que o melhor mesmo é esperar.


 


Eles dizem que Milton Bigucci moverá céus e infernos para seguir mandando com exclusividade no mercado imobiliário regional, por mais que seus poderes tenham sofrido duros reveses após o escândalo da Máfia do ISS em São Paulo, no qual, segundo denúncia do Ministério Público Estadual, está envolvidíssimo. Sem contar os escândalos na região não apurados devidamente pelo Ministério Público.


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