Imprensa

Com a palavra Juca Kfouri,
alvo de bandidos esportivos

DANIEL LIMA - 13/10/2015

Juca Kfouri, um dos melhores exemplos de jornalismo esportivo sério, lavou minha alma nesta segunda-feira com o texto “O mundo imundo do futebol”, na coluna que assina na Folha de S. Paulo. Em menor proporção, Juca Kfouri escreveu por mim porque aqui nesta Província apenas um meliante social me atazana com ações diversionistas no Judiciário. São tentativas sequencias que visam tirar o foco do principal -- a realidade dos fatos. Como nem todo meritíssimo reúne conhecimento jornalístico ou domina o contexto social da região, especialidades de profissional de comunicação bem informado e independente, a artificialização de cenários pode ser premiada pela loteria das probabilidades. Já é o suficiente para os delinquentes sociais propagarem vitória na guerra da enganação.  


 


Vale a pena ler alguns dos parágrafos da coluna do jornalista que os cartolas do futebol detestam com razão. Há cartolas do futebol como os golpistas políticos, sociais e econômicos. Eles atuam em todos os quadrantes do País. E a Província não é exceção. Muito pelo contrário.


 


Leiam, portanto:


 


 (...) Nunca é motivo de orgulho ser processado. É chato, perde-se tempo, a empresa gasta dinheiro para defender o jornalista e, pior, às vezes, a Justiça perde o senso e acolhe o meliante. Sem forçar a memória, além de Blatter (Joseph Blatter, presidente agora afastado da FIFA), cartolas como Ricardo Teixeira, Carlos Nuzman, Eduardo Farah e Eurico Miranda já me acionaram na Justiça, além de figuras como Vanderlei Luxemburgo. Independentemente do resultado dos julgamentos, na esmagadora maioria das vezes favorável ao jornalismo, o fato é que orgulho mesmo eu tenho de jamais ter denunciado alguém que não merecesse. Nunca se cometeu alguma injustiça ou inverdade contra quem quer que seja, cartola, técnico, médico ou jornalista. Quem entrou na lista mereceu – escreveu o jornalista.


 


Provincianismo multifacetado


 


Faço das palavras de Juca Kfouri minhas palavras.  Sou mais afortunado – porque é mesmo uma chatice frequentar os corredores de tribunais e enfrentar indigentes.  Se reproduzo parte do texto original neste espaço é por uma razão específica: o provincianismo nestas plagas é um desastre tão insidioso que há gente mal-informada, deformada, incauta e muito mais que, na ignorância suprema do comodismo crítico ou de conveniência, lança olhares reprovadores a este jornalista.


 


Provavelmente a Capital cinderelesca de Juca Kfouri não seja tão diferente desta Província gataborralheiresca. Felizmente a grande maioria que encontro me saúda com entusiasmo. As frases confirmam a importância social do jornalismo, indispensável ao Estado de Direito. No caso, o direito à informação qualificada e sem rabo preso com as forças de pressão.


 


Graças às investidas de Milton Bigucci, saga que se iniciou há quatro anos e que procura me calar a qualquer custo, adicionei às minhas atividades profissionais volúpia por conhecimento jurídico.


 


Longe de mim pretender-me especialista, mas a riqueza que as consultas a endereços e a profissionais do ramo acrescentam ao meu portfólio de informações e conhecimentos é suficientemente sólida para dialogar com agentes da área sem parecer um idiota que olha para as estrelas em busca de informações astronômicas tendo como referencial apenas o senso de curiosidade ou queda irresistível ao romantismo.


 


Decodificando especialidades


 


É claro que há advogados e advogados. Aqueles mais didáticos transmitem informações já metabolizadas. Transformam termos jurídicos em arranjo explicativo importante. Nada pior do que ouvir um profissional do Direito, por melhor que seja preso ao jurisdiquês. Assim como um jornalista que vomita termos da área apenas para constranger o interlocutor. Os especialistas mais admirados traduzem conhecimento em linguagem universal, decodificando especificidades. 


 


Um dia desses vou expor detalhes sobre nova ação criminal que Milton Bigucci perpetrou contra mim. Agora, em nome do Clube dos Especuladores Imobiliários. Vou ouvir meu advogado. Quero que ele exponha as razões, entre muitas, que nos levaram a requerer suspeição ao juiz do caso. A queixa-crime fomentada por Milton Bigucci refere-se, vejam só, ao fato de este jornalista afirmar e provar que a entidade que ele dirige é uma fraude.


 


Aliás, não usei esse verbete nas matérias que produzi sobre o Clube dos Especuladores Imobiliários. Talvez me tenha faltado mais inteligência. Não é improvável que os advogados de Milton Bigucci acrescentem esse qualificativo à queixa-crime. A anedota é o Clube dos Especuladores Imobiliários convencer a Justiça de que não é uma entidade mequetrefe, inútil, nociva à sociedade. Tanto que, todos sabem ou deveriam saber, é repudiada pela própria classe que supostamente representaria.


 


Tricolor e Especuladores


 


Juca Kfouri escreveu também na coluna de segunda-feira da Folha de S. Paulo algo que poderia inspirar a destituição de Milton Bigucci do Clube dos Especuladores Imobiliários, houvesse naquela entidade um mínimo de representatividade da classe. Eis o que escreveu Juca Kfouri:



 (...) Pegue-se o escândalo anunciado no Morumbi. Até um advogado como Yves Gandra Martins, repleto de argumentos para fazer o impeachment de Dilma Rousseff, andou se rendendo ao compadrio mesmo diante de uma gravação que incrimina o presidente do clube, Carlos Miguel Aidar e tentou, em vão, ajudá-lo a não ser impedido. A situação é tão surrealista que Aidar recorreu ao ex-presidente José Eduardo Mesquita Pimenta, um dia apeado do poder no clube por denúncia, documentada numa gravação, feita exatamente por ele – escreveu Kfouri.


 


A diferença entre o escândalo financeiro no São Paulo e o escândalo de gestão em benefício corporativo de Milton Bigucci no Clube dos Especuladores Imobiliários é que o Tricolor Paulista tem institucionalidade e a mídia paulistana exerceu soberanamente o direito constitucional de informar a todos sobre os acontecimentos. Aqui nestas plagas quem ousa dizer o óbvio sobre Milton Bigucci corre o risco de ser preso, por mais que o Ministério Público já tenha constatado e divulgado que se trata de empresário longe das qualificações que a sociedade exige.


 


Aqui nesta Província, bandido vira mocinho e mocinho vira bandido.   


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