Conforme prometido e repetido nas redes sociais, particularmente aos leitores que acompanham CapitalSocial no aplicativo WhatsApp, eis que estamos apresentando o que chamo de degustação de uma edição especial do Ombudsman da Solidariedade, cuja essência foi explicada em texto anterior.
Resumidamente, vou mostrar alguns aspectos de edições do Diário do Grande ABC sob o ponto de vista de ombudsman, especialidade que já exerci duas vezes de forma oficial naquela publicação e que exerço sem autorização quando me dá na telha. É impossível ler qualquer jornal impresso ou não, só para ficar nesse tipo de mídia, sem exercer o direito ao escrutínio de conteúdo.
Reitero a importância dessa atividade como fonte de catequese crítica. Os leitores geralmente passam batido ante edições dos jornais (vamos deixar outras mídias para outros textos) e tomam como verdades o que não passaria pelo crivo de curadoria rigorosa. Exemplos abundam e serão expostos em seguida.
Se uma outra publicação fosse alvo dessa investigação jornalística, garanto que apontaria muitos pontos de inconformidades, embora menos volumosos como os que temos registrado no Diário do Grande ABC.
MOTORISTA E ACOMPANHANTE
Exercer com rigor a função de ombudsman é tarefa mais complexa do que se imagina. Primeiro é preciso conhecer a matéria chamada jornalismo. Segundo, e principal, exercer a função sem indecisão. A diferença entre um leitor comum e um ombudsman é algo como um motorista e um acompanhante de motorista. O motorista responsável observa atentamente o tempo e o espaço que os leva ao destino pretendido. O acompanhante do motorista não se preocupa com o trânsito e variáveis sob responsabilidade do motorista.
O acompanhante do motorista pode fazer do aparelho celular o que bem entender. O acompanhante do motorista é o leitor comum, leitor padrão, que consome informação sem se preocupar com potenciais distorções, equívocos, manipulações e tudo o mais. O motorista é o leitor crítico, minucioso, contestador.
Não vou esticar essa conversa porque o que interessa mesmo é ir aos finalmentes. Entretanto, faço questão de chamar a atenção a uma benevolência que aplicarei em seguida. Como sei que a estrutura organizacional e de recursos humanos do Diário do Grande ABC está fragilizada, mais que na maioria dos jornais impressos do País, procurei ser condescendente, mas não benemerente nem omisso. A sociedade da região precisa saber o que está consumindo no veículo mais tradicional da praça.
PARA EXCLUÍDOS
Ressalto também publicamente o desejo mais que de jornalista, mas de cidadão regional e consumidor de informações impressas, que nos colocamos à disposição do empresário Ronan Maria Pinto para transformar o que é apenas degustativo circunstancial, de breve temporalidade, em um produto agregado do Diário do Grande ABC, em forma de ombudsman não só autorizado, mas também compromissado com determinadas obrigações.
Um trabalho essencialmente profissional, mas que entra na conta de solidariedade porque os valores contratuais seriam inteiramente destinados a instituições que lidam com excluídos sociais, com depósitos diretos, ou seja, sem intermediação.
Vamos, portanto, ao Ombudsman da Solidariedade. Garanto que você menos adestrado no mundo das comunicações, seria muito mais exigente se o que terá como provavelmente episódico se tornasse política editorial do Diário do Grande ABC.
REGIÃO REUNIFICADA (1)
É de lascar sob qualquer ponto de vista, principalmente histórico, sobremaneira factual, sobretudo esclarecedor, o Editorial desta segunda-feira do jornal a propósito dos resultados as eleições. Editorial expressa o posicionamento oficial do jornal. O título (”Região reunificada”) é uma combinação de imprecisão quando visto tendo o passado como fonte de consulta e o futuro como perspectiva alvissareira. Sobremodo porque coloca como eixo argumentativo o Clube dos Prefeitos, também Consórcio de Prefeitos, arrematada farsa de convergência de interesses da sociedade servil desorganizada.
REGIÃO REUNIFICADA (2)
Cada parágrafo do Editorial de hoje do jornal deveria ser exposto nos Paços Municipais como complemento negacionista de réplicas estilizadas em bronze de bicho-preguiça. É disso que se trata. Ou seja: a institucionalidade regional é tão severamente improdutiva, quando não inútil, porque descontinuada nos raros momentos de mobilização, que seria mais que necessário tornar o caos e a ilusão popularizados a ponto de, quem sabe, provocar reações de verdade. O Grande ABC ainda não aprendeu que a mistificação explica o que temos hoje: o descarrilamento econômico, social e político dos sete municípios jamais complementares, porque individualistas e separatistas por espertezas.
IMAGEM E CONTEÚDO (1)
A primeira página da edição de ontem do Diário do Grande ABC foi genial ao ganhar a forma de arte. Os seis finalistas de segundo turno tiveram os rostos divididos numa imagem de valor estético e político, quando não semântico, extraordinário. Uma obra-prima do jornalismo brasileiro em casamento perfeito entre a criatividade na montagem fotográfica e a mensagem sociológica, por assim dizer.
IMAGEM E CONTEÚDO (2)
Pena que o deslumbramento dos leitores certamente impactados com a imagem tenha se desencantados ao se abrirem as páginas internas, de noticiário propriamente dito. Todos deram com a cara na porta do burocratismo de uma apresentação pífia do dia eleitoral na região. A falta de conteúdo contraposta à genialidade de faces retaliadas aumentou o vazio de desencantamento. Não se vive apenas de imagens, gráficos e tantos outros mecanismos de conquista de leitores. O Diário tem tradição de ilustradores qualificadíssimos, mas isso não sustenta o jornal.
CARGA TRIBUTÁRIA (1)
Manchetíssima de primeira página (manchete das manchetes), Editorial duríssimo e reportagem pesadíssima. Tudo isso o jornal publicou em 24 de outubro ao tratar do ITPU de São Caetano. A manchete de página interna “Auricchio põe na conta de Tite Campanella aumento de tributos” está longe do bom jornalismo. A edição foi um desastre na forma e no conteúdo. Quando divergências extracampo prevalecem, a informação criteriosa sofre as consequências.
CARGA TRIBUTÁRIA (2)
O jornal avançou sobre a Administração de José Auricchio ao acusá-lo de repassar ao sucessor, Tite Campanella, o peso do que rotulou de “aumento” do IPTU. Aumento é uma coisa, correção monetária é outra coisa. O que ocorreu em São Caetano tem todas as características de reajuste, ou seja, o percentual aplicado à atualização do valor do IPTU está relacionado ao índice de inflação. Goste-se ou não disso, os gestores públicos raramente abrem mão da prerrogativa legal de reajustar valores de acordo com a inflação. A isso não se dá o nome de aumento, portanto. No caso de São Caetano, o reajuste é de 4,42%, com base na perspectiva inflacionaria desta temporada.
CARGA TRIBUTÁRIA (3)
O enunciado de que Auricchio estaria repassando o peso da medida ao sucessor Tite Campanella também não guarda relação com a legalidade. Trata-se de medida comum a cada 10 entre 10 prefeitos, porque está ancorada no principio da anualidade, ou seja, de que determinados impostos só podem ser alterados na temporada anterior à aplicação efetiva.
CARGA TRIBUTÁRIA (4)
O comportamento editorial do Diário do Grande ABC em caso semelhante envolvendo o prefeito Paulinho Serra foi completamente diferente. Não mereceu destaque na primeira página, na página interna e tampouco um Editorial irritadíssimo. Paulinho Serra aplicou sim aumento do IPTU previsto para cobrança no ano que vem. O tucano elevará em 14% a carga do imposto. Ou seja, segundo as projeções, 10% de aumento e o restante como reajuste. O ITBI, vinculado a negócios imobiliários, também sofreu forte aumento. São alíquotas energizadas e em descompasso com a derrocada econômica de Santo André.
CARGA TRIBÁRIA (5)
Alguns trechos do Editorial de 24 de outubro dão a ideia da incisiva reportagem do jornal: “No que parece ser uma jogada de mestre digna dos bastidores de São Caetano, o prefeito (...) surpreendeu os munícipes ao autorizar, a menos de dois meses de fim de seu mandato, um amento de 4,42% no IPTU (...) e na famosa Taxa do Lixo. Sem qualquer debate público, privando os contribuintes de uma conversa franca sobre a necessidade do reajuste, o Palácio da Cerâmica se movimenta para meter a mão no bolso dos cidadãos. (...) O reajuste foi definido de forma discricionária pelo governo, que prescindiu de qualquer tipo de consulta pública ou estudos compartilhados com a sociedade civil. (...). A menos de três meses do fim de seu mandato – que, a bem da verdade, é ilegítimo, pois Auricchio conseguiu adiar, recorrendo a filigranas jurídicas, a sentença que impediria a sua candidatura por captação irregular de recursos no pleito de 2016 --, o prefeito deixa armada duas bombas-relógio, programas para serem detonadas no primeiro dia do próximo ano.
CARGA TRIBUTÁRIA (6)
No caso do aumento (não de reajuste) da gestão de Paulinho Serra, em setembro, o procedimento foi semelhante ao de José Auricchio quanto ao rito de aprovação. Tudo a toque de caixa, sem consulta aos contribuintes. Veja as declarações do vereador Ricardo Alvarez, de oposição: “O projeto foi aprovado a toque de caixa em duas sessões realizadas nesta terça-feira, sendo uma pela manhã e a outra à tarda. As alíquotas do IPTU serão reajustadas em 10%, além da inflação do período, que até o momento está acumulada em quase 4%. Além do absurdo do índice de aumento, ainda não houve discussão na Câmara, pois o projeto de Paulo Serra foi protocolado às 18h desta segunda-feira e, às 9 h desta terça-feira já entrou para votação” – disse Alvarez.
CARGA TRIBUTÁRIA (7)
A manchetíssima do jornal de 24 de outubro foi implacável: “Auricchio autoriza aumento na Taxa de Lixo e em IPTU”. As linhas complementares da manchetíssima da primeira página: “Prefeito de S. Caetano transfere desgaste por reajuste de tributos ao sucessor, Tite, que vai tomar posse em janeiro”.
PESQUISAS ELEITORAIS
Os textos burocráticos das pesquisas eleitorais publicados pelo jornal, da fonte do Instituto Paraná, correm em direção contrária à demanda por conhecimento de valor agregado dos leitores. O jornal fica na superficialidade cuidadosa de parecer que não pretende desagradar a ninguém, mantendo-se no estrito limite dos números e da metodologia. Cada nova pesquisa é uma repetição das anteriores num samba de uma nota só. Sinalizadores que vão muito além dos resultados frios desaparecem no nevoeiro de mesmices. Temos um padrão editorial que sequestra a criatividade, mas não encaixa uma metodologia interpretativa que elimine dúvidas. Margem de erro é sempre matéria-prima a conjecturas contraproducentes.
CHEGADA DO METRÔ
O jornal não se desgruda de uma pauta surrada que dá conta de expectativas salvadoras pela chegada da extensão do ramal do metrô da Capital. É uma sucessão de textos repetitivos que não levam a nada, além de colocar políticos preferidos do jornal como constantes agentes de preocupação. Uma sugestão: ouçam especialistas do ramo e perguntem se o metrô na região reverteria o processo de esvaziamento econômico. Já fiz abordagem sobre o tema e a conclusão é que vamos perder mais consumidores locais para a Capital. O Complexo de Gata Borralheira é implacável. Seria essa abordagem contraproducente à linha editorial do jornal? Valerá sempre mais a pena manter um horizonte de suposta modernidade em mobilidade urbana?
LULA EM MAUÁ
A manchete de página interna do jornal de 19 de outubro foi de lascar. Querem ver? “Lula afirma que ex-prefeito de Mauá roubou a merenda escolar”. Precisa dizer mais alguma coisa? Havia outros pontos a destacar na manchete da reportagem que não causassem ressonâncias autocondenatórias ao ilustre visitante?
DERROTA DE MORANDO (1)
Na edição de 20 de outubro, duas semanas depois do primeiro turno, o jornal publicou em manchete de página interna: “Morando é maior derrotado da eleição no Grande ABC”. Qual teria sido o motivo a tanta demora para essa conclusão? O texto é uma forçada de barra e de pobreza franciscana. A interpretação do resultado comportaria multifaces. A preferência por uma máscara interpretativa sem lastro não resiste a contraditórios menos enviesados. Como se explicaria a reportagem apenas duas semanas depois dos resultados, quando Orlando Morando já recompusera a tapeçaria eleitoral com Marcelo Lima, em detrimento do outro finalista, Alex Manente?
DERROTA DE MORANDO (2)
Tanto que a derrota de Orlando Morando, segundo a ótica simplista do jornal, não resiste ao desdobramento do primeiro turno. Na noite em que as urnas apontaram a derrota de Flávia Morando, e isso foi revelado pelo candidato Marcelo Lima durante o debate do G1, Alex Manente procurou o prefeito Morando para solicitar apoio no turno final. Alex Manente sabia que sem o prestígio de Orlando Morando não teria probabilidades concretas de sucesso.
DERROTA DE MORANDO (3)
Em política é sempre aconselhável que sentenças não deixem de observar a possibilidade de prazo de validade. O que significa isso? Ora, uma aparente derrota supostamente acachapante de uma candidatura com o apoio de um prefeito, caso específico de São Bernardo de Orlando Morando, nem sempre é extensivamente o que parece. Tanto que o apoio de Orlando Morando a um dos vencedores do primeiro turno, Marcelo Lima, foi uma costura consequencial dos dados do mesmo primeiro turno. Dessa forma, Orlando Morando aparentemente perdeu uma batalha importantíssima, mas ganhou a guerra do segundo turno.
20 ANOS SEM TORTORELLO (1)
O jornal deu destaque aos 20 anos da morte do prefeito Luiz Tortorello. A edição de 19 de outubro destaca: “José Auricchio Júnior falta ao lançamento da biografia de Tortorello”. Nas duas matérias publicadas sobre o assunto – a outra foi em edição anterior – o jornal parece ter-se preocupado mais em atingir o desafeto prefeito José Auricchio do que propriamente relembrar as gestões de Luiz Tortorello, retratadas no livro motivo da reportagem.
20 ANOS SEM TORTORELLO (2)
A reportagem procurou colocar Auricchio e Tortorello em rota de colisão ao sugerir nas linhas e entrelinhas que a ausência de Auricchio na festa de lançamento do livro se deveria a eventual passado de rusgas. No último parágrafo da matéria, familiares de Tortorello negaram conflito com o atual prefeito. E esclareceram que apenas um membro da família Tortorello seria opositor de Auricchio. Dessa forma, o enfoque embutido na manchete da reportagem abalroa o viés do jornal.
20 ANOS SEM TORTORELLO (3)
Faltou ao jornal um contraponto esclarecedor sobre os anos de comando de Luiz Tortorello na Prefeitura de São Caetano . O Diário do Grande ABC do passado pautou a cobertura da gestão Tortorello com baterias intermináveis conflitos. E Tortorello fez do Diário do Grande ABC oponente público incansável. Poucas vezes na história do jornal houve um político que decidisse partir para o combate direto.
ALEX VERSUS MARCELO
Na edição de 18 de outubro o jornal cobriu o debate no G1 envolvendo Alex Manente e Marcelo Lima. Uma cobertura ponderada, detalhada e equilibrada. Bem diferente de outros debates entre concorrentes na região. De maneira geral, considerando-se numerosos debates, o jornal só marcou atuação para valer no segundo turno.
NA CONTA DO PREFEITO
De forma subliminar, mas completamente fora da realidade, o jornal colocou na conta do prefeito Orlando Morando a agressão de um enfermeiro a dois pacientes no Hospital de Urgência. Um caso de comportamento individual transportado à gestão administrativa. Basta ler a seguinte frase: “Este não é o primeiro problema do município neste ano. Conforme mostrou o Diário em agosto, o comitê técnico instaurado para apurar denuncias no Hospital da Mulher confirmou que foram identificados erros médicos na unidade” – escreveu o jornal nos últimos parágrafos do caso do enfermeiro. Uma amarração completamente improcedente.
PÁGINA DO VEREADOR
Uma página inteira de entrevista com Bahia do Lava Rápido, campeão de votos para o Legislativo de Santo André, é espaço demais num jornal com carência de espaço a temáticas muito mais importantes. “Vereador não é melhor do que ninguém”, o título da matéria, talvez seja a sentença mais apropriada ao excesso cometido. No fundo, o que se pretendia se confirmou: derramamento de elogios à Administração de Paulinho Serra.
INVASÃO CHINESA (1)
Uma breve notícia sob o título “Delegação chinesa visita Mauá com interesse de instalar indústrias” diz tudo sobre a superficialidade corriqueira do escasso noticiário econômico do jornal. O assunto é tão complexo e importante que mereceria desdobramentos. Os chineses pretenderiam investir em Mauá no setor têxtil. Conviria ter ouvido lideranças patronais e sindicais do setor. A dúvida que persiste é a seguinte: ainda existe setor têxtil em Mauá?
INVASÃO CHINESA (2)
A suposta invasão chinesa no setor têxtil não é a primeira empreitada dos asiáticos que ganhou as páginas do jornal. Anteriormente, um sindicalista metalúrgico anunciou o resultado de uma viagem de uma delegação de São Bernardo para sensibilizar os chineses a investir na região. Por mais que os chineses estejam invadindo a América do Sul, e têm avanços também no Brasil, está completamente fora de propósito de arranjo equilibrado do ecossistema produtivo da região contar com empresas do perfil chinês, que exige mão de obra de assalariamento aviltante e horas intermináveis de jornadas diárias.
EXTREMA DIREITA (1)
É de lascar a qualificação ideológica de vereadores do PL como integrantes de extrema-direita, como designou o jornal na reportagem de 21 de outubro de um balanço sobre quem vai ocupar a partir de janeiro do ano que vem vagas nos sete Legislativos da região. A expressão extrema direita também foi utilizada na primeira página.
EXTREMA DIREITA (2)
Não é de estranhar a designação aos pefelistas. Recentemente o jornal qualificou como terroristas os invasores dos Três Poderes , em oito de janeiro do ano passado. Nem o ministro de Defesa do governo Lula da Silva, José Múcio, chegou a tanto. “Eram senhoras, crianças, rapazes , moças. Como se fosse um grande piquenique, um arrastão em direção à Praça dos Três Poderes” – disse ele. E completou: “Foi um movimento de vândalos, financiado por empresários irresponsáveis. A definição mais compatível com a realidade prática destes tempos é que continuaremos a contar com vereadores conservadores e vereadores de viés socialista, além de centristas permeáveis a todos os tipos de ofertas e demandas. Nada diferente de Brasília.
EXTREMA DIREITA (3)
Para ser coerente com a definição atribuída aos candidatos vitoriosos do PL nas eleições parlamentares, estendendo-se, por lógica, aos vencedores no Poder Executivo, o Diário do Grande ABC terá obrigatoriamente de se referir aos prefeitos Tite Campanella e Guto Volpi como extrema-direita. E manter uma lista completa dos vereadores do partido para, em qualquer noticiário, identificá-los como tal.
BOM PRATO (1)
Reportagem de 21 de outubro mostrou o que o jornal evitou registar. A manchete “Bom Prato chega a 2 mi de refeições na região em 2024” jamais poderia ter conotação festiva. Faltou contrapor e conduzir o noticiário à arena da realidade que o exército de famintos decorre entre outros pontos da quebra da mobilidade social na região, bem como o contingente de pobres e miseráveis, párias da desindustrialização e da demografia migratória. Contamos com excluídos sociais equivalente à soma das populações de Diadema e São Caetano.
BOM PRATO (2)
O Editorial do jornal (“Banquete contra a fome”) faz louvação oficial ao programa do governo do Estado sem sequer resvalar numa realidade chocante: quanto mais programas sociais recebem atenção e recursos financeiros, mais se confirma e inapetência do Estado para liderar o processo de Desenvolvimento Econômico. O fracasso do Estado vira sucesso do Estado porque o Estado do fracasso precisa da desigualdade social para se manter competitivo popularmente.
RANKING DA FOLHA (1)
O jornal deve alguma coisa que poderia ser chamada de atenção mínima ao desempenho no mercado de trabalho no portfólio da Universidade Federal do Grande ABC (UFABC). O Ranking Universitário da Folha deveria servir de alerta. Afinal, há dados suficientes para comprovar situação que emergiu da configuração curricular da UFABC, há quase duas década. A UFABC carrega no próprio ventre uma aversão ao capitalismo como ferramenta de avanços sociais comprovadíssimos durante a fase de ouro do Grande ABC. A recusa é ideológica.
RANKING DA FOLHA (2)
A UFABC deveria ser pauta obrigatória e constante porque não cumpre uma das missões sociais com que foi contemplada, ou deveria ter sido contemplada. Acompanhamos essa tragédia muito antes de a tragédia se consumar, ou seja, muito antes de a UFABC ganhar forma em concreto e ocupação de professores e alunos.
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14/11/2024 Moedas competitivas e personagens regionais