Imprensa

OMBUDSMAN DA
SOLIDARIEDADE (1)

DANIEL LIMA - 25/10/2024

Acho que o empresário Ronan Maria Pinto vai adorar a proposta que vou fazer publicamente neste texto. Adorar seria pouco, porque ele só tem a ganhar. Espero que me compreenda e sinalize um positivo do tamanho de um celular. Quero voltar a ser ombudsman oficial do Diário do Grande ABC. Explico detalhes em seguida.

Um ombudsman com os mesmos compromissos públicos dos dois períodos anteriores. Com um detalhe: dispenso remuneração financeira. Um contrato garantiria que a cada edição de análise, um determinado valor seria transferido a instituições de caridade. Principalmente às Nossas Madres Terezas.

A ideia de voltar a ser ombudsman do Diário do Grande ABC surgiu durante minha corrida diária de oito quilômetros (desde que não chova, claro) ontem no circuito quase fechado no entorno da Cidade da Criança, em São Bernardo.

Essa terapia físico-cognitiva é certeira. Basta me concentrar enquanto mantenho as passadas num ritmo relativamente forte e as ideias aparecem. Acho Ombudsman Solidário ideia extraordinária porque todos ganham. Querem ver como todos ganham?

QUATRO MOTIVOS

Primeiro – O dono do Diário do Grande ABC terá de volta (não fisicamente, porque não abandono meu posto domiciliar para quase nada) um jornalista experiente o suficiente para entender a diferença entre leitor e ombudsman. Digo isso porque sou ambos num mesmo endereço mental. Já escrevi sobre isso, aliás. Leitor é leitor, ombudsman é ombudsman. Leitor que prestar atenção no trabalho de ombudsman é leitor diferenciado. Em 2004, antes de assumir a direção de Redação do Diário do Grande ABC, e em 2015, num breve retorno, atuei como ombudsman oficial do jornal. Uma série memorial está sendo reproduzida neste CapitalSocial. E ainda está longe de se encerrar. Num daqueles textos explico em detalhes o quanto evolui como jornalista ao atuar como ombudsman. Não paro de bicicletar.

Segundo – Os consumidores de informações também ganharão. Afinal, ganharão muito ao ter a oportunidade de entenderem de forma mais aguda e profunda algumas publicações que passam incólumes à ausência de filtro crítico mais rígido. Leitor que não trata a publicação que consome com a mesma atenção dos resultados médicos para ver como está o coração, ou que não dá atenção à alma em orações,  é leitor relapso. Conhecimento é um bem sagrado a diferenciar contribuintes obrigatórios de cidadãos convictos de responsabilidades.

Terceiro – Os integrantes da Redação do Diário do Grande ABC teriam oportunidade de ouro para entender que, como no passado, se há alguém a valorizar a categoria profissional da qual faz parte há 300 anos, esse alguém é este jornalista. Nada é pior a qualquer jornalista do que a omissão. Há uma reincidência de equívocos de todos os matizes nas páginas do Diário do Grande ABC que, provavelmente por conta do dia a dia atribulado, passam ao largo de correções e se eternizam. Também conta e conta muito a infraestrutura material e pessoal de trabalho.

Quarto – Ganham também nesse jogo de soma-soma autoridades públicas e empreendedores privados. Boletins com apontamentos, sugestões, cobranças e tudo o mais os manterão conectados com uma publicação longeva mas que, como a quase totalidade do jornalismo de papel, sofre duramente as dores de novas tecnologias de comunicação em larga escala fragmentadoras,  quando não conflitivas.

SEM MUITA RIGIDEZ

Parece que o que acabo de escrever é o básico, mas há alguns aspectos que precisam ser colocados à mesa. Trata-se da metodologia e dos conceitos que pretendo utilizar para o exercício desse trabalho de solidariedade ao jornalismo profissional e ao humanismo de entidades benemerentes.

Não tenho como adotar nessa que seria a terceira empreitada oficial de ombudsman do Diário do Grande ABC uma associação profunda com o Planejamento Estratégico Editorial com o qual dirigi o jornal há 20 anos, numa rápida passagem. Aquele projeto há muito foi destruído, o jornal destes tempos não tem a mesma embocadura daqueles tempos, mesmo quando se observa que já naqueles tempos o jornal não era o que fora em outros tempos.

Isto posto, procuraria me esforçar um bocado para fazer da nova versão de ombudsman algo que não fosse tão profundo. Ou seja: não exerceria o cargo de solidariedade profissional e de cidadão com os olhos no passado. Seria rigoroso demais  com os profissionais que hoje estão na Redação do jornal. O efetivo do Diário do Grande ABC vinte anos após minha retirada do jornal em abril de 2005 é  muito inferior em quantidade e qualidade, como o fora, aliás, quando ali estive em confronto com os anos dourados, dos quais participei num período de 16 temporadas. O efetivo total do Diário do Grande ABC dos tempos de glória da industrialização da região chegou a 1,2 mil trabalhadores. Hoje não chegaria a uma centena.

BANDIDOS SOCIAIS

Depois da luminosidade da corrida diária que me levou a propor o que estou propondo a Ronan Maria Pinto, meditei sobre a razão de ter chegado ao desenlace proposto. Entendeu a frase? Traduzindo: afinal, o que me levou a, numa corrida terapêutica, meter na cabeça que poderia ser de novo ombudsman do Diário do Grande ABC e ao mesmo tempo contemplar financeiramente com meu trabalho as Madres Terezas que cuidam dos excluídos sociais da região?

Antes de revelar, explico: Madres Terezas formam um exército de quase 100 mulheres, principalmente das periferias da região, que subiram ao palco de 10 das 15 edições do Prêmio Desempenho e foram homenageados pelos convidados da revista LivreMercado. Esfregamos na cara de muitos insensíveis, e também descobrimos muitos corações bondosos, a realidade de um Grande ABC que já se empobrecia.

Agora, voltando ao que interessa mais: a ideia de ombudsman solidário nasceu e se cristaliza como proposta por conta de não mais que três ou quatro bandidos sociais que, no aplicativo em que me comunico com a sociedade regional, além deste site, sempre desfilam acusações quando faço reparos a determinadas autoridades, principalmente, e eventualmente ao Diário do Grande ABC. Como são bandidos sociais, esses mequetrefes supostamente críticos procuram atacar este jornalista, à falta de passado e de presente.

Não fossem esses bandidos sociais, não teria chegado à iniciativa agora exposta. Longe estou de pretender unanimidade, até porque unanimidade é um perigo, mas se há algo que me move é o compromisso de fazer jornalismo responsável. Isso tem-me custado muito caro, mas não abrimos mão de levar a missão adiante.

MAIORIA SILENCIOSA  

Sei que represento uma maioria silenciosa, quando não temerosa de represálias. Entendo que alguém precisa se expor e o jornalismo está para o atendimento às demandas sociais críticas assim como o gol para o centroavante.

Para completar, e de forma que o empresário Ronan Maria Pinto possa avaliar melhor minha sugestão, mesmo me conhecendo bem, inclusive ou principalmente ao me contratar duas vezes como ombudsman, na próxima segunda-feira lanço uma edição puramente à degustação.

Vou produzir neste final de semana breve análise de ombudsman não autorizado sobre as últimas 10 edições do  Diário do Grande ABC, levando-se em conta apenas algumas das principais notícias publicadas. Farei um esforço sincero para não ter o Planejamento Estratégico Editorial de 2004 como referencial. Até porque seria uma covardia. O Diário do Grande ABC daquele 2004-2005 há muito desapareceu da praça.



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