Sociedade

Por que Marinho não revela o que
vão construir no terreno do Best?

DANIEL LIMA - 04/02/2016

Convido o leitor a acompanhar um raciocínio transmissor de desafio à responsabilidade social, para não dizer responsabilidade administrativa, do prefeito Luiz Marinho, de São Bernardo. Fosse o petista alguém que tratasse a comunidade com respeito, jogando limpo, transparentemente, já teria determinado informações à Imprensa. Ou seja: teria se antecipado a este jornalista.


 


A questão é a seguinte: o que foi liberado para ser construído no amplo terreno que sediou o falido Best Shopping, em área geograficamente estratégica à mobilidade urbana de São Bernardo? Mais que isso: quem são os empreendedores que arremataram aquele imenso terreno? Quais são as medidas cautelares de intervenção legal para evitar que o caos no trânsito se acentue ainda mais naquela área?


 


Será que naquela rotatória próxima à Via Anchieta, onde está o terreno à espera de investimentos, se repetirá a desfaçatez urbana que São Bernardo reservou à MBigucci, empresa do então presidente do Clube dos Construtores e Incorporadores do Grande ABC, autorizando sem qualquer contrapartida significativa a construção de um conjunto de apartamentos e escritórios comerciais que vão impactar duramente o sistema de trânsito no cruzamento da Avenida Kennedy como a Avenida Senador Vergueiro?


 


Sim, estou me referindo ao empreendimento Marco Zero da Vergonha, aquele que denunciei com largas provas documentais ao Ministério Público Estadual sem que providências punitivas tenham sido tomadas mesmo nestes tempos de Lava Jato.


 


Bastidores exigem transparência


 


O prefeito Luiz Marinho precisa agir de forma republicana se for minimamente responsável na condução da política de uso e ocupação do solo. Por agir se entenda que deve se comunicar com a sociedade e explicar tudo que cerca aquele terreno. Principalmente porque há um zunzunzum que coloca gente tão próxima de seus interesses extracampo como beneficiárias das condições legais que se perpetraram no ano passado para que se adquirisse aquele terreno e se projetasse um novo investimento imobiliário numa cidade tomada por arranha-céus em espaços cada vez mais densos de veículos.


 


E também porque antes daquela área ser vendida, a Prefeitura, prefeito à frente, demonstrou muita preocupação com a demolição e a limpeza. Algo que não se viu até então em qualquer outro espaço físico particular de São Bernardo. Que magia aproximava os restos do Best Shopping e a gestão Marinho?


 


Teria o prefeito Luiz Marinho alguma coisa mesmo a ver com a construção de, segundo as novas informações, uma torre comercial naquela que é seguramente uma das esquinas mais valiosas do mercado imobiliário de São Bernardo? Uma esquina que quase nada valia até que a gestão petista alterou a legislação de uso e ocupação do solo a pretexto da chegada do monotrilho, que vai demorar a chegar, e permitiu, com isso, potencial construtivo absurdamente liberal para alguém que se diz socialista.


 


Legislativo conivente?


 


Cadê os vereadores de São Bernardo que se fingem de oposição? Por que não solicitam esclarecimentos formais à Administração Luiz Marinho sobre o empreendimento que se pretende plantar ali para desespero dos moradores daquela redondeza?


 


Por que os vereadores de São Bernardo supostamente antagonistas da bancada de sustentação do petista, não buscam mais esclarecimentos sobre os efeitos deletérios à qualidade de vida urbana após a mudança da legislação que abrange mais de dois milhões de metros quadrados do mais provinciano dos municípios da Província do Grande ABC quando o assunto é infraestrutura urbana?


 


Parecem defasadas as informações iniciais, que publiquei neste espaço, de que o Best Shopping teria como substituto imobiliário torres residenciais com algumas centenas de apartamentos. Agora se fala mesmo é num empreendimento voltado a salas comerciais, como se não houvesse excesso de oferta na praça.


 


Mas, convenhamos, provavelmente a competitividade do lançamento imobiliário seja garantida porque a alteração no uso e ocupação do solo potencializou de tal forma o retorno do investimento que nem o mais desastrado dos incorporadores cometeria o desatino de registrar prejuízo.


 


Quem acredita que o prefeito Luiz Marinho, tão ávido pela saúde ambiental daquele terreno num passado recente, deixará os bastidores e assumirá publicamente a função explícita de ser o porta-voz dos contribuintes e da sociedade do Município?


 


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