Quem o leitor acredita que seja o dirigente que, na condição de presidente de uma entidade de classe empresarial, infringiu o estatuto da instituição de forma abusada e nem por isso sofreu qualquer tipo de penalidade dos pares?
Quem tinha tantos poderes assim para apoiar descaradamente uma candidatura a uma semana da disputa eleitoral a uma Prefeitura da região? Que tipo de descaramento? Simples levou o candidato à própria empresa para cabalar votos dos funcionários.
Tudo está documentado. Encontrei a preciosidade sobre a qual praticamente não houve vazamento. Tudo foi feito em surdina. Sem espalhafato. Em contraste com o perfil do dirigente, essencialmente empavonado. Tratou-se sim de delito estatutário com repercussões econômicas e sociais. Uma senhora pedalada institucional.
Possivelmente há quem não dê importância ao fato. A esculhambação tomou conta da região e a intervenção indevida de um presidente de classe numa disputa eleitoral parece algo menor. Se fosse menor, se fosse sem importância, se fosse apenas um detalhe, não constaria como irregularidade estatutária e tampouco estaria sujeita a penalidade. Sem contar que se tratou de péssimo exemplo. E muito mais que isso. Quem garante que não houve nessa empreitada espécie de compensação pública à manipulação privada?
Derrapada institucional
Fosse a entidade em questão democrática como se propõe no próprio estatuto, as consequências teriam provocado grandes transtornos. Já imaginaram um presidente de clube de futebol dono de uma empresa poderosa levar um prefeito em busca de reeleição para confraternizar com os funcionários, derramando-se em elogios ao convidado? Se isso não se caracterizar como promiscuidade, como eventual contraponto a favores recebidos, o que teria sido então? Simples simpatia pessoal? Mesmo que fosse, o que não é o caso, posso assegurar, o presidente em questão estaria ferindo de morte o estatuto social.
Sei que sei que muitos funcionários do empresário infrator fizeram jogo de cena de aprovação à sugestão de apoio ao candidato lhes apresentado. No fundo estavam indignados. Foram tirados da rotina de trabalho para ouvir discurso do candidato numa mal-ajambrada cerimônia.
Fosse a instituição presidida pelo infrator estatutário um exemplo de organização de classe, a historia teria sido outra. Ao associar interesses públicos e privados tendo um prefeito como beneficiário das facilidades, o dirigente em questão cometeu muito mais que um deslize. Tratou-se, claramente, de apropriação privada de uma instituição consorciada, em prejuízo dos associados.
Vamos contar essa história na edição de amanhã. Façam suas apostas sobre o presidente, a entidade classista e o prefeito candidato que participaram dessa derrapada ética, além de institucional.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)