O título deste artigo tem tudo a ver com o desempenho do PT desde que Lula da Silva assumiu a presidência da República. Está, portanto, conectadíssimo com os últimos acontecimentos, inclusive ou principalmente com o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Tenho a resposta na ponta da língua. Vou expressá-la sem o menor constrangimento, até porque não há motivo para isso, muito longe disso, mas não será neste texto.
Este artigo é apenas uma degustação prévia do que pretendo expor com fundamentação técnica, política, administrativa e criminal.
Qual teria sido o futuro de Celso Daniel caso não houvesse sido arrebatado e sequestrado naquela noite de 18 de janeiro de 2002 no chamado Três Tombos, em São Paulo, área geográfica pela qual passa a maioria dos moradores da região que se desloca aos Jardins, como Celso Daniel, para um jantar anônimo com o amigo Sérgio Gomes da Silva?
Explico a expressão “jantar anônimo”: qualquer autoridade de destaque na região que pretende passar em branco dirige-se a São Paulo. Ao convidar Sérgio Gomes a um jantar num restaurante fino da Capital, Celso Daniel pretendia privacidade em ambiente público, como em tantas outras ocasiões. Na Província do Grande ABC, seria impossível.
Caminhada provocativa
Fico a imaginar o que os leitores mais assíduos e mais antigos estão a especular sobre a indagação que faço no sentido provocativo, de chamamento de audiência sim, porque o enunciado não tem absolutamente nada de especulativo.
Está certo que não sou Deus, não tenho pretensão alguma em fazer qualquer incursão que lembre o Poderoso, mas decidi ainda outro dia, caminhando de manhã com minhas cachorras, que escreveria sobre o futuro que estaria reservado a Celso Daniel, então um dos mais brilhantes e comprometidos representantes com transformações sociais e econômicas da agenda do Partido dos Trabalhadores.
Acho que tenho uma especificidade a me autorizar, mais que a qualquer jornalista deste País, a discorrer sobre o que teria ocorrido com Celso Daniel com a chegada de Lula da Silva ao poder, menos de um ano depois, quando ele, Celso Daniel, estaria na linha de frente do governo petista, provavelmente como Ministro do Planejamento, cujo status hierárquico seria muito maior do que a tradição. Celso Daniel era um homem de ouro dos petistas pela imensa capacidade de decodificar potencialidades de mudanças sociais e econômicas do País -- mesmo que necessariamente não concordasse com ele.
Catorze anos depois da morte de Celso Daniel e na condição de jornalista que mais acompanhou o assassinato, pondo-me frontalmente contrário às conclusões da força-tarefa do Ministério Público Estadual criada pelo governador Geraldo Alckmin em Santo André, possivelmente surpreenderei os leitores. Quem me pespegou o rótulo de petista, justamente eu que não tenho e nunca tive compromisso com qualquer agremiação política, quem o fez, repito, talvez caia do andaime da perplexidade com o que vou expor.
Metades independentes
E o que vou expor não será pouca coisa. Vou aprofundar análises que fiz ao longo do tempo sobre as duas metades autônomas daquele caso, o assassinato propriamente dito do titular do Paço Municipal e o esquema de propina que dominava a Administração de Celso Daniel, segundo concluiu o Judiciário de Santo André recentemente.
Faço muito esforço de paciência para não botar tudo para fora já neste texto. Não posso perder o foco de chamar a audiência para o texto que produzirei. Não me entendam mal quando vinculo o artigo ao marketing. Não se trata de caça à audiência a qualquer custo.
Fosse isso, o formato desta revista digital seria outro. Faria uma jogada técnica que multiplicaria os cliques. Bastaria fragmentar as informações e as análises em várias mininotas. Mas não abro mão do conjunto da obra de forma integral, única, uniforme. Portanto, quando me refiro a marketing quero dizer outra coisa. O sentido é motivar os leitores a consumir o que escreverei e, também, a fazerem chamamento nas respectivas redes sociais e relações interpessoais.
Fico à vontade sobre qualquer coisa que se refira a Celso Daniel porque (e vou lá mais uma vez exercer o direito politicamente incorreto de me atribuir uma verdade que precisa ser atribuída porque ninguém o fará e com isso a verdade histórica seria imprecisa), nenhum outro jornalista acompanhou tanto a carreira daquele político enquanto vivo e também os desdobramentos do assassinato.
Biografias distintas
Procurem nos arquivos dos jornais e revistas e vejam até que ponto houve alguma dosagem de similaridade de pesos quando se construiu a biografia de Celso Daniel como gestor público e a biografia de Celso Daniel como vítima de assassinato. A desproporcionalidade é gigantesca em detrimento daquele que – e sempre acentuei essa avaliação rigorosa – foi simplesmente o maior gestor regional desta Província.
A mídia nacional praticamente ignorou Celso Daniel como gestor público. As mídias locais, algumas, apenas algumas, não passaram de reportagens de pouco fôlego. Quanto ao assassinato, todos se deleitaram no sentido jornalístico de ser. Inclusive este jornalista – porque é inerente da profissão avançar sobre tudo que possa ser transformado em informação.
O que posso antecipar aos leitores é algo que poderia soar cabotino, mas também está fundamentadíssimo: houvesse o MP instalado em Santo André levado a sério o que lhe apresentei como elementos materiais de que se estava dando um tiro que poderia sair pela culatra, não teria se consumada uma conclusão que, embora seja tomada como verdade em termos de domínio público, tanto se repetiu o enredo fantasioso, não passou de arrematadíssimo furo nágua. Vou consolidar tudo isso com informações substanciosas.
O que teria, afinal, ocorrido com Celso Daniel se aquele acidente de percurso daquele distante janeiro fosse apenas uma ficção?
Possivelmente os petistas que sempre me adotaram como salvador da pátria do caso do assassinato -- algo pelo qual não tenho nada a agradecer porque apenas cumpri o papel que me foi reservado pelo destino profissional – não apreciarão a resposta que darei aos leitores em geral.
Uma resposta tão acaciana que duvido da possibilidade de os leitores mais atentos já não a terem engatilhada.
Quem pretender se aproximar mais intensamente do legado jornalístico que construí (outros textos do passado estão sendo incorporados gradualmente) conta com um cardápio de 123 artigos nesta revista digital, na Editoria “Caso Celso Daniel”. Convenhamos que não é pouca coisa. Seguramente, todas as perguntas possíveis são respondidas nesse manancial de reportagens. Menos, evidentemente, a relativa ao título deste artigo -- porque esse ainda não saltou do dedilhar conectado com minhas loucuras mentais.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)