Imprensa

Mais três artigos críticos e
o mesmo criminoso na praça

DANIEL LIMA - 12/09/2016

Esta é a segunda edição de uma série que chegará a 11. O primeiro artigo, no link abaixo, foi publicado nesta revista digital na semana passada. Trata-se de exposição do tratamento que este jornalista recebeu do Judiciário. Sou considerado criminoso, embora exerça o direito de expressão sempre sintonizado com o interesse público. A comparação com outros dois artigos – foram três na primeira versão desta série – não deixa dúvida sobre o tamanho da improcedência da criminalização – como se não bastassem as irregularidades processuais apontadas pelo criminalista Alexandre Frias, meu defensor.

No primeiro semestre de 2013 (e em tantos outros períodos) retratei os descalabros da direção do Clube dos Construtores do Grande ABC, durante 25 anos sob o autoritarismo do então presidente Milton Bigucci. Outras entidades da região que não cumprem o papel social que uma sociedade moderna exige também passaram e passam por semelhante tratamento.

O longo mandato de Milton Bigucci foi um período de obscuridades. Tanto que tornou a representação do mercado imobiliário na região sequência de farsas estatísticas, baixa representatividade de classe e manipulações do ambiente econômico, entre outras anomalias no campo social que culminaram, no final do ano passado, na troca de direção daquela entidade.

Cala boca já morreu

O conjunto de 11 artigos juntados àquele processo judicial como prova de autoritarismo do dirigente classista vai virar dossiê a ser encaminhado às autoridades competentes – assim como quase uma dezena de outros, anteriores, nos quais, assumindo a paternidade pessoal, Milton Bigucci buscou de todas as formas calar este jornalista.

CapitalSocial é o único endereço da mídia regional sem medo dos bandidos sociais. Essa é uma expressão metafórica que, sucintamente, significa a tipificação do exército de dirigentes políticos, sociais, empresariais e sindicais aquém das demandas de uma sociedade cada vez mais encalacrada economicamente. São mandachuvas e mandachuvinhas com enorme dificuldade de entender o que é responsabilidade social.

Convém sempre lembrar que a ação criminal movida pelo empresário Milton Bigucci naquele 2013 em nome da oficialmente Associação dos Construtores, Incorporadores e Imobiliárias do Grande ABC não passou de novo pretexto legal para tentar calar este jornalista. Sempre vale a pena repetir que ele já perpetrara ações assemelhadas em seu próprio nome, mas com o mesmo conteúdo matreiro de selecionar parágrafos fora do contexto histórico e factual e lhes dar conotação supostamente ofensiva.

Ao ingressar com a ação em nome daquela Associação em agosto de 2013, o milionário Milton Bigucci tentou mais uma vez acovardar este jornalista. Ele sabe que não é nada confortável, embora inspirador e redentor, enfrentar alguém com tanto poder econômico. Tanto poder que o restante da mídia regional se cala diante dos escândalos enfrentados pelo empresário.

Escândalos sequenciais

Poucos meses depois de ingressar com ação criminal contra este jornalista, Milton Bigucci ocupou as páginas dos principais jornais do País juntamente com várias dezenas de construtoras e incorporadoras da Capital metidas até o pescoço na Máfia do ISS -- e depois também na Máfia do IPTU. As penalidades esperadas pela sociedade ainda estão distantes de consecução. Falta uma aceleração típica da Lava Jato para reduzir os escândalos do mercado imobiliário.

O chamamento à leitura deste artigo tem o sentido exclusivo de que se comparem os conteúdos críticos. Reparem atentamente. Vejam se este jornalista ultrapassa a linha demarcatória da sensibilidade social de exercer uma atividade que os ditadores de plantão detestam, porque é um confronto com a realidade. A liberdade de expressão não é um bem a salvo de arbitrariedades.

Confronto de forma escalonada três artigos produzidos com semelhante rigor crítico porque, entre outras razões, jornalismo não é balcão de secos e molhados, como cansou de escrever Millôr Fernandes. Ou, como proclamou Machado de Assis, escritor incensado pelos educadores: “O maior pecado, depois do pecado, é a publicação do pecado”. Não se tem notícia de que os autores dos outros dois textos foram condenados em qualquer instância.

Acompanhem os textos

Os leitores vão acompanhar, portanto, o texto deste jornalista, um Editorial do jornal O Estado de São Paulo e um artigo do jornalista Guilherme Fiuza, colunista da revista Época, publicação da Editora Globo.

O texto que escrevi foi publicado nesta revista digital na edição de 1º de março de 2013 sob o título “Xerifão começa a ganhar força para melhorar qualidade de vida”. O Editorial do Estadão de 13 de dezembro de 2015 exibiu o título “Irresponsabilidade como método”. Já o artigo de Guilherme Fiuza na Época é de 15 de agosto de 2013, sob o título “Dilma e a volta dos que não foram”.

Sejam rigorosamente críticos, caros leitores. A criminalização deste jornalista é rigorosamente algo que jamais deveria ser sequer cogitada. Vamos, então, aos três artigos: 

 Primeiros trechos do artigo deste jornalista -- A organização social voltada à melhoria da qualidade de vida em tudo que estiver relacionado ao cotidiano urbanístico da Província do Grande ABC começa a ganhar força. Os primeiros contatos entre profissionais de várias áreas que se interessam pelo movimento já se estão estabelecendo. Os primeiros acordes dessa orquestração em favor da vida e da transparência por trás dos tons de cinza da selvageria ocupacional da região dão mostras de que há mais gente insatisfeita do que pensávamos. O chamado xerifão do urbanismo parece que está mesmo ganhando corpo e alma. Não faltará combustível social para embalar a produção de novo paradigma regional que centralizará fogo e propósitos no ambiente urbano que respiramos. O alinhavar de planos estatutários e mesmo o encaminhamento criativo de uma denominação forte começam a ganhar algumas formas. E, surpreendentemente para acredita que a instituição seria de oposição ao mercado imobiliário tão maltratado, tão viciado e tão vilipendiado, vai cair do cavalo. Agentes imobiliários (construtores, incorporadores e imobiliárias) serão bem-vindos à organização entre outras razões porque não estão contemplados por qualquer instância organizacional. Muito pelo contrário: estão barrados ou abandonaram o baile. Não teria cabimento barrar gente que conhece bem o mercado imobiliário. A maioria já é vítima de discriminação e descaso da Associação dos Construtores do Grande ABC, entidade mequetrefe comandada pelo ilusionista Milton Bigucci. Ninguém pode ser excluído duplamente da atividade social. Construtores, incorporadores e imobiliárias que abandonaram ou jamais se integraram à entidade manipuladora de Milton Bigucci serão bem-vindos porque, como toda a sociedade, também são vítimas de uma organização que cuida dos interesses de alguns poucos em detrimento da comunidade como um todo. 

 Os primeiros trechos do Editorial do Estadão -- A petista Dilma Rousseff não pode mais permanecer na Presidência da República pela simples razão de que adotou a irresponsabilidade como método de governo. Sua administração violou de forma sistemática e deliberada as leis referentes à gestão das contas públicas, mas não o fez porque foi obrigada por circunstâncias adversas e passageiras, como costumam alegar Lula, Dilma e a tigrada, e sim em razão de certezas ideológicas da petista, derivadas de uma visão deletéria do papel do Estado. Ao longo do primeiro mandato de Dilma, mesmo diante de insistentes alertas de técnicos do governo segundo os quais tal conduta estava comprometendo a capacidade do Estado de honrar seus compromissos, a equipe econômica da petista – por ordem expressa dela – continuou a cavoucar o erário para dele extrair os recursos necessários para manter as políticas populistas do PT, enquanto maquiava as contas para enganar o País a respeito do estado putrefato das finanças nacionais. 

 Primeiros trechos do artigo de Guilherme Fiuza na revista Época -- É dura a vida sem teleprompter. Dilma Rousseff tem ótimas ideias quando lê o que seu marqueteiro escreve para ela dizer à nação. Nem é preciso decorar. Basta dar ênfase às palavras sublinhadas, sorrir quando a rubrica manda sorrir – e surge a estadista. Outro dia, a presidente tomou coragem e resolveu dar uma entrevista por ela mesma, na bucha, sem efeitos especiais. Era para a mídia impressa, então ninguém veria suas famosas pausas na busca aflita pela linha de raciocínio. Mas a coisa complicou mesmo assim. Alguém precisa urgentemente inventar o teleprompter 24 horas. Na fatídica entrevista à Folha de S.Paulo, Dilma se soltou. “Eu tô misturada com o governo dele total”, disse, numa referência à administração do seu antecessor e padrinho. Nesse tom despachado, tipo estadista de beira de estrada, chamando a repórter de “minha querida” sempre que se irritava (tentando ser contundente sem o bendito letreiro do teleprompter), a presidente produziu uma pérola. Respondendo sobre a queda de sua popularidade, e as consequentes especulações em torno de uma volta de Lula à Presidência em 2014, Dilma disse: “Lula não vai voltar, porque ele não saiu”.  

 Mais deste jornalista -- Embora ainda tenha algumas reservas sobre a velocidade e a intensidade à formação do instituto que cuidará com mais zelo, carinho e responsabilidade da ocupação do solo na Província do Grande ABC, bem como das consequências dessa ocupação, sou otimista por natureza. Como o movimento ganhou alguns nomes que já construíram ativos de envolvimento social, tenho cá comigo que o fio da meada da coalizão de interesses assemelhados já está à mão; basta destrinchá-lo. O fato é que a sociedade da Província do Grande ABC, morta e enterrada em assuntos que dizem respeito ao coletivo, precisa reagir. Os abusos cometidos nos últimos tempos sobre o solo regional são estarrecedores. Isso quando nos referimos aos escândalos conhecidos. Imaginem então o que fica submerso na cumplicidade de empresários bem posicionados na estrutura sócio-política e agentes públicos mal intencionados. A grande maioria dos empresários do setor imobiliário é continuamente prejudicada pelos bajuladores e financiadores dos ocupantes de poderes públicos. Ou alguém sinceramente acredita em bom-mocismo entre as partes, quando se sabe que o mercado imobiliário dos grandes players é o maior financiador, regular e por baixo dos panos, das campanhas eleitorais? Raramente alguém financia candidato ou partido sem a contrapartida previamente assegurada ou posteriormente garantida. E quem paga a conta é a sociedade como um todo porque dinheiro não nasce em árvore. Enquanto a Província do Grande ABC tem dado um show de alheamento aos desbundes imobiliários, a Capital do Estado, nossa vizinha São Paulo, Cinderela de nosso Complexo de Gata Borralheira, reproduz seguidos exemplos de engajamento em causas nobres. Aliás, foi a sequência de descalabros na Província e os casos de reação de paulistanos que nos levaram a sugerir uma entidade-xerife para colocar um mínimo de ordem na bagunça regional, já que os leões da arena são por demais vorazes e dominadores do cenário de irregularidades. 

 Mais Editorial do Estadão -- Se ainda havia alguma dúvida a respeito dessa irresponsabilidade, mesmo diante das contundentes conclusões do Tribunal de Contas da União (TCU), um documento sigiloso produzido por técnicos do Tesouro Nacional em julho de 2013, revelado agora pelo jornal Valor, comprova de uma vez por todas que o governo sabia perfeitamente dos riscos que assumiu ao recorrer às mutretas fiscais para sustentar a malfadada “nova matriz macroeconômica” – um delírio estatista nascido das convicções de Dilma. O relatório dizia que, a se manter aquela política inconsequente, o Brasil perderia o grau de investimento em até dois anos e teria um passivo de R$ 41 bilhões em razão das “pedaladas” no pagamento de diversos subsídios. Afirmava também que a chamada “contabilidade criativa” – conjunto de truques para simular superávit em contas que apresentavam déficit – minava a credibilidade da política fiscal. 

 Mais Guilherme Fiuza, da Época -- Se o marqueteiro presidencial assistia à entrevista, deve ter suspeitado que o grande momento chegaria. Na busca por tiradas espertas, numa espécie de arremedo brizolista (frases de efeito para não responder ao que é perguntado), Dilma já tinha dito coisas como “tudo o que sobe, desce” – para em seguida emendar, triunfal: “Tudo o que desce, sobe”. E isso acompanhado do gestual de malandragem, usando o dedo indicador para arregalar o olho puxando a pele para baixo, tipo “eu sei das coisas”. No que veio a pergunta sobre o retorno de Lula, ela não teve dúvida: rebateu com uma variação do famoso “a volta dos que não foram”. A declaração de que Lula não voltará porque não saiu significaria, num país atento e saudável, um fim de linha. Uma admissão cabal e inequívoca de nulidade – a maior autoridade da República desautorizando publicamente a si mesma. A patética confissão de uma marionete. O Brasil passou os últimos dois anos e meio cultivando fetiches para dar recordes de aprovação a Dilma: as mulheres no poder, a grande gestora que enquadra os políticos, a “presidenta” que fala menos (do que Lula) e faz mais, a faxineira ética que não tolera os métodos duvidosos do seu antecessor, a “gerentona” que domou o PT etc. Enquanto o Brasil vivia feliz da vida esse delírio, Dilma agia como se Lula fosse um retrato amarelado na parede. “No meu governo mando eu”, e daí para cima. 

 Mais deste jornalista -- O jornal Estadão publicou quarta-feira uma matéria mais que estimulante sobre a reação contra os abusos em nome de desenvolvimento seletivamente engendrado pelos mercadores imobiliários. Sob o título “Moradores barram condomínio em área verde do Morumbi”, o jornal produziu uma reportagem redentora para quem acha que nem tudo deve ser permitido em nome de interesses econômicos no mínimo desumanos. Reproduzo os principais parágrafos daquela matéria: Acionada por um grupo de moradores reunidos na Associação Amigos do Jardim Morumbi, a Prefeitura de São Paulo vetou a construção de megaempreendimento imobiliário em uma das últimas áreas de preservação do bairro da zona sul. Por meio de uma permuta com a Congregação das Irmãs Franciscanas, dona das terras ao lado do Colégio Pio XII, a Cyrela queria alvará para construir 111.587 metros quadrados – espaço suficiente para erguer pelo menos oito torres residenciais e 1.200 vagas de garagem, segundo especialistas do mercado imobiliário. O pedido da incorporadora foi indeferido em definitivo pela Prefeitura no dia 12 de janeiro. Caso o empreendimento fosse aprovado, as Irmãs Franciscanas seriam parceiras da Cyrela em um futuro projeto imobiliário. O terreno onde havia o pedido para “edificação nova” em trâmite no governo municipal desde 2008 soma, ao todo, 127 mil metros quadrados, é coberto por mata nativa e fica entre o Colégio Pio XII e a Marginal do Rio Pinheiros. (...). “Acabaram com a mata ao redor do Panamby e queriam agora acabar também com a floresta que restou entre o Pio XII e o Rio Pinheiro”, afirma Sérgio Gottahilf, de 58 anos, presidente da Associação Amigos do Jardim Morumbi. Os moradores reunidos na entidade levaram à Secretaria Municipal de Habitação mapas, cópias de leis e fotos que mostram a presença de 59 espécies de árvores e de plantas originárias da Mata Atlântica no terreno que pertence às Irmãs Franciscanas—escreveu o Estadão, entre outros parágrafos. 

 Mais Editorial do Estadão -- Esse estudo foi apresentado ao secretário do Tesouro, Arno Augustin, em novembro de 2013. Na época, já estava claro que a “nova matriz” fazia água por todos os lados – a inflação subia mesmo com a contenção dos preços administrados, as despesas do governo cresciam mais do que a arrecadação e as desonerações já atingiam R$ 70 bilhões. Com esse cenário, informa a reportagem, os técnicos alertaram que a situação fiscal se tornaria em breve insustentável e que a meta de superávit primário daquele ano, de 2,3% do PIB, não seria atingida. O secretário reagiu. Disse que aquela reunião tinha o objetivo de acabar com o “motim” dos técnicos contra a política econômica – que, segundo Augustin, era fundamental para manter o crescimento do País. Ademais, afirmou ele, somente quem havia sido eleito – Dilma Rousseff – tinha a prerrogativa de ditar a política econômica. Aos técnicos, portanto, cabia somente acatá-la. Qualquer forma de crítica era considerada uma sabotagem. 

 Mais Guilherme Fiuza, da Época -- De repente, num soluço das pesquisas de opinião, a carruagem vira abóbora. A Cinderela dos oprimidos volta à condição de serviçal e revela a fada madrinha barbuda (ou bigoduda). Ninguém entendeu mal, ninguém ouviu errado. Dilma declarou espontaneamente, sem teleprompter, que Luiz Inácio da Silva nunca saiu da Presidência da República. Não é uma dedução. A pergunta era sobre uma possível volta de Lula à Presidência. Portanto, Dilma declarou que “ele não saiu” da Presidência. Se ela não sabe o que diz, não pode presidir um país. Se sabe – pelo significado do que disse –, também não pode.

 Os trechos finais deste jornalista -- Enquanto na Capital esse é apenas um dos casos de intervenção de grupos organizados contra a algazarra imobiliária, na Província do Grande ABC a realidade é completamente distinta. É contra a covardia e as conveniências institucionalizadas que sugeri a criação de uma entidade-xerife, no sentido fiscalizatório do termo, mas não apenas isso: a organização se levada adiante vai interferir decisivamente na produção de mecanismos que humanizem e deem transparências a tudo que emergir dos guetos públicos relacionados ao uso e ocupação do solo. Não faltam empreendedores imobiliários ávidos por tamanha novidade porque eles se sentem excluídos de qualquer processo transparente de definições que passam por corredores públicos. Com essa instituição ativa, casos vergonhosos como do Semasa, do Residencial Ventura, da Cidade Pirelli, da Tognato, do Marco Zero, entre tantos outros, seriam reconfortantes recordações de um passado superado. A propósito desse movimento de responsabilidade de uso e ocupação do solo, sugiro a leitura do texto linkado abaixo, que preparei para a Associação dos Construtores do Grande ABC como resposta a qualquer tentativa de insinuar-se que estou na praça apenas pronto a atirar pedras, como é comum a resposta dos malfeitores que se acham perseguidos por este jornalista. Sabia que aquela entidade, uma fantasia organizacional, jamais aplicaria qualquer uma das propostas, porque é da natureza de quem a comanda o objetivo exclusivo de perpetuar-se naquele poder e com isso influenciar nos bastidores administrativos públicos com o peso, mesmo que falso, de uma organização coletiva que, de fato, não passa de meia dúzia de parceiros diretos ou indiretos de negócios. 

 Trechos finais do Editorial do Estadão -- Ao longo de 2014, em razão da campanha eleitoral, o controle de informações e decisões no Tesouro e na Fazenda, do ministro Guido Mantega, ficou ainda mais rígido. Naquele ano, as “pedaladas” já haviam inflado os resultados fiscais em quase 300% – tudo para que Dilma pudesse garantir, no palanque, que o País estava com as contas em ordem e pronto para dar um formidável salto a partir de sua reeleição. “O Brasil vai bombar em 2015”, chegou a declarar a presidente, acusando os adversários de “alarmismo”. Naquela oportunidade, como agora ficou claro, Dilma já sabia qual era o tamanho do desastre que estava por vir e mentiu deliberadamente para se eleger. Portanto, que as aparências não enganem. Arno Augustin pensava e agia conforme suas convicções, mas todas as suas atitudes resultaram de ordens diretas de Dilma, de quem o secretário era apenas um “soldado”, um “cumpridor de tarefas”, na definição de alguns dos entrevistados pelo Valor. Arno cometeu vários delitos, mas o principal foi não ter contrariado a chefe – esta sim, inteiramente responsável por todas e cada uma das medidas que resultaram no flagelo fiscal que o Brasil enfrenta hoje. 

 Trechos finais do artigo de Guilherme Fiuza na Época -- O Brasil, por alguma razão misteriosa, se recusa a ver é que Dilma é o Celso Pitta de Lula. Uma personagem inócua, eleita por um país irresponsável, para guardar o lugar do PT e seus sócios na mina de ouro do Planalto. O resultado disso é um governo faz de conta, em que o titular de fato circula por aí fazendo lobby, e a titular de direito solta balões de ensaio para distrair a plateia. Um governo que mente à luz do dia sobre suas próprias contas, que vem anunciar um corte orçamentário de fantasia, quando, na realidade, acaba de gerar o pior resultado fiscal desde o governo passado, avacalhando progressivamente a meta de superávit. Na mesma entrevista, a presidente que é mas não é defende seu ministro da Fazenda, ridicularizado mundo afora, para negar a evidente escalada inflacionária. Quanto vale a retórica oca de uma autoridade sem poder? Esse poder emana de um povo que sai às ruas sem saber por quê. Quem sabe o papa Francisco não dá uma passadinha no Palácio e resolve essa bagunça?

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