Imprensa

Volta ao passado para
entender o presente (3)

DANIEL LIMA - 23/01/2017

Há exatamente 20 anos, em janeiro de 1997, a edição de LivreMercado, publicação predecessora de CapitalSocial contava com pelo menos cinco matérias com potencial à conquista do principal posto editorial, no caso a Reportagem de Capa. O destaque acabou para os recém-mandatos encerrados dos prefeitos de São Caetano e de Diadema. Fez-se balanço crítico dos quatro anos de Antonio Dall´Anese e de José de Filippi Júnior. Raramente registra-se algo semelhante na mídia regional. 

É impossível não destacar alguns pontos daquela reportagem, acentuando a importância das declarações de Dall´Anese sobre regionalidade. Leiam os principais trechos de “Prefeitos-operários de Diadema e São Caetano explicam sucesso”:  

 Aviso aos navegantes, no caso os prefeitos que acabam de assumir os municípios do Grande ABC: se quiserem terminar o mandato daqui a quatro anos com prestígio maior do que o do ápice de Fernando Henrique Cardoso pós-Plano Real, que tratem de prestar atenção nos pontos mais importantes de dois campeões de popularidade que acabam de deixar seus postos, Antonio Dall’Anese (em São Caetano) e José de Filippi Júnior (em Diadema). Eles encerraram o mandato com mais de 70% de bom e ótimo na avaliação dos eleitores, administraram cidades completamente antagônicas, caso da classe média e centenária São Caetano e da popular e balzaquiana Diadema, porque reuniram em comum a face de executivos operários. Desses que não têm hora para atender a população. “Mesmo que para dizer mais não que sim” — ressalva Dall’Anese. 

 (...) Mas é preciso entender também o conceito do que são obras na São Caetano completamente urbanizada e na Diadema sempre carente de infraestrutura. A consagração do estilo Paulo Maluf de ser, de investimentos que ganham as manchetes e muita visibilidade eleitoral, não é exatamente o estilo dos dois prefeitos que acabaram de sair. Em São Caetano, na verdade, obras não significam necessariamente o convencional ato de construir, construir e construir. Mais que centenária, São Caetano, garante Dall’Anese, exige o que chama de manutenção e também reconstrução. Diadema, sim, veste bem o figurino construtivo. Porque povoada a partir dos anos 60, mas aceleradamente ocupada nos anos 70, o Município está há três gestões municipais, todas do PT, transformada literalmente em canteiro de obras. Principalmente de infraestrutura de saúde, educação, esporte e lazer.

 (...) Filippi e Dall’Anese sagraram-se campeões de popularidade entre os últimos prefeitos que dirigiram o Grande ABC, mas longe estão de apresentarem semelhanças. São, em realidade, tão diferentes quanto os municípios que comandaram. Por isso, não se tome a performance de cada um como prato feito para aplicar em outras localidades. Os resultados podem ser adversos. É verdade que obras conquistam prestígio em qualquer lugar. Haja vista que Maluf fez do desconhecido Celso Pitta seu sucessor porque agiu exatamente como Cesar Maia no Rio de Janeiro para erguer a bola do vencedor Luiz Paulo Conde: obras, obras e mais obras. Preferencialmente cercadas de muita publicidade e que estejam bem à vista de todos. 

 (...) Iguais no infortúnio da ruptura administrativa, Dall’Anese e Filippi enxergam a máquina pública com a mesma semelhança física dos irmãos gêmeos do cinema, interpretados pelo grandalhão Arnold Schwarzenegger e o baixinho Dany de Vito. Dall’Anese é privatista a ponto de afirmar que, se dependesse de suas forças, todo o quadro da Prefeitura seria terceirizado. Ele abomina a estabilidade constitucional, que, segundo afirma, leva alguns funcionários a comportamentos irresponsáveis. Filippi é estatista de carteirinha. Defende o Estado máximo por entender que os problemas sociais brasileiros são tantos que somente o controle governamental poderia amenizá-los. Filippi quer, sim, o funcionalismo público treinado, reciclado, preparado para agilizar e qualificar o atendimento ao público, algo que afirma ter conseguido em bom nível em sua administração. 

 (...) Dall’Anese e Filippi inflaram o quadro de funcionalismo, mas nem isso repercutiu negativamente junto ao universo da população numa etapa da vida nacional em que mais e mais contribuintes organizados exigem cortes nos gastos públicos. Filippi elevou de 5,3 mil para 6,2 mil o número de funcionários, mas soube direcionar o pessoal para áreas vitais como saúde e educação, além de esporte e lazer, bases de seu prestígio. Dall’Anese não tem os números na cabeça, admite que pelo menos mais 400 nomes engrossaram a lista de salários, mas a segurança foi reforçada com uma guarda municipal mais numerosa e atuante e mais recursos foram canalizados para obras. 

 (...) Dall’Anese não tem meias palavras sobre o Consórcio, no que aliás está coberto de razão, até prova em contrário. Ele diz que a instituição tem nome bonito, pomposo, reúne assessores dedicados e muitos documentos e estudos, mas não funciona porque os prefeitos estão preocupados com seus quintais. “Quer um exemplo claro e cristalino do porquê o Consórcio é ilusão? Temos o caso da Rua Alegre, que interliga São Caetano a Santo André, e vice-versa, e que exige recursos das duas Prefeituras. Não é preciso uma semana de trabalho para a obra ficar pronta, mas a burocracia de Santo André, que significa o não empenho de recursos, atrapalhou tudo. Se entre duas cidades não há acordo que resista, imagine entre as sete” — desabafa. 

 (...) O desenvolvimento econômico da região é tema obrigatório na pauta de qualquer governo municipal, por isso Filippi não aceita transportar para os limites de 32 quilômetros quadrados de Diadema as falhas confessas em relação ao restante da região: “Falhamos em termos regionais, mas em Diadema desenvolvemos um Fórum que tratou das questões econômicas com a maior seriedade”. 

 (...) O prático Dall’Anese é adepto da simplicidade. Por isso, contesta a importância de uma Secretaria para a área econômica, provavelmente porque é cético em relação à qualificação do funcionalismo público e também porque desconfia do que chama de políticos tradicionais. “Secretaria não resolve coisa alguma. Vai é virar cabide de emprego. Acho que basta ter visão e conhecer bem a cidade que se dirige para agir prontamente em benefício dos agentes econômicos. Foi o que fizemos aqui no caso das garagens dos prédios e da redução de impostos” — resume o ex-prefeito. 

Advertências de Musa 

Poderia ter sido alçada à Reportagem de Capa uma matéria com o engenheiro Edson Vaz \Musa, que acabara de deixar a presidência do Grupo Rhodia no Brasil. Leiam alguns dos trechos principais sob o título “Musa conclama vocação econômica e mobilização empresa-comunidade: 

 O engenheiro Edson Vaz Musa, que acaba de deixar a presidência do Grupo Rhodia no Brasil, perpetuou duas mensagens ao empresariado e à comunidade do Grande ABC em homenagens simples que marcaram, em dezembro, sua despedida do cargo. No primeiro encontro, com a direção e gerentes da Cooperhodia, Musa defendeu a necessidade de lideranças políticas, empresariais e sociais se unirem para buscar alternativas de crescimento da região, inclusive com medidas que aliviem a carga de problemas da infraestrutura viária de uma região metropolitana incrustada na Grande São Paulo. Ele percorreu em desgastantes e demorados 90 minutos a distância entre o Centro Empresarial de São Paulo, sede do Grupo Rhodia, e Santo André. Nem o costumeiro fair-play que o caracteriza o impediu de lamentar as dificuldades do tráfego. Dez dias depois, na sede da Associação Comercial e Industrial de Santo André (Acisa), alertou o empresariado a acrescentar ao capitalismo uma boa porção de preocupação social, atuando de forma comunitária. 

 (...) Bateu na tecla de que o Custo ABC é um complicador que deve ser considerado, porque os investimentos produtivos no Interior significam melhor perspectiva de produtividade tanto pela melhor qualidade de vida como pelos menores custos indiretos com série de benefícios historicamente conquistados no Grande ABC, caso de transporte, alimentação, plano de saúde, entre outros. E recomendou também que as lideranças regionais analisem cuidadosamente o que chama de necessidade de definição da vocação econômica, sem, entretanto, aprofundar-se no tema durante uma conversa praticamente informal acompanhada de arroz carreteiro e regada a cerveja. “Assim como as pessoas e as empresas, a região precisa definir sua vocação econômica” — disse. Musa deu exemplo que poderia ser interpretado como intrigante, ao afirmar que uma empresa francesa, especializada em produção, venda e distribuição de calçados, acabou redirecionando os negócios, concentrando-se no setor de distribuição de produtos diversos, ao constatar que essa era sua maior habilidade empreendedora. O consenso de que Grande ABC e indústria automotiva são partes indissociáveis poderia ganhar, por analogia, a mesma interpretação? Musa provavelmente não pretendeu essa ligação, mas insistiu muito em utilizar o termo vocação. É mais provável que pretendesse apenas alertar a região sobre a importância do tema. 

Debates sobre o Rodoanel 

Também o Rodoanel ocupava edição de destaque daquela edição de LivreMercado que totalizava 84 páginas. Ainda se discutia os rumos da obra na Província do Grande ABC. Alguns dos principais trechos da reportagem sob o título “Rodoanel – assunto para a pauta regional”: 

 Tudo indica que a construção do Rodoanel da Grande São Paulo terá pontapé inicial neste novo ano, embora dependa, entre outros aspectos, de complexos estudos de engenharia financeira e de contornos de dificuldades para superar possíveis barreiras ambientais. O assunto ainda não faz parte da agenda regional, mas como interferirá diretamente na possibilidade de redução do chamado Custo ABC, série de desvantagens econômicas decorrentes da sobrecarga da infraestrutura, é certo que passará a preocupar agentes políticos, sociais e econômicos locais. 

 (...) O engenheiro José Vitor Soalheiro Couto, assistente técnico da Secretaria de Estado dos Transportes, é um dos executivos públicos que mais conhece o projeto. E ele não faz do Rodoanel a única solução para os sérios problemas do tráfego na Grande São Paulo. Considera a obra importantíssima, mas afirma que a construção de uma boa malha de metrô cobrindo grande parte de São Paulo, a disseminação de novos corredores de ônibus, investimentos na Companhia Paulista de Trens Urbanos e outras medidas de engenharia de tráfego poderiam amenizar o quadro atual. 

 (...) Uma ideia mais precisa do que pode representar o Rodoanel pode ser construída com simples exercício prático. A ligação Anchieta-Anhanguera, pelo itinerário que inclui o Centro, a Avenida dos Estados e a marginal Tietê, num total de 62,1 quilômetros e que liga Santos à Capital, passando pelo Grande ABC, leva em média 80,5 minutos para ser concluído. Pelo Rodoanel, a distância seria 12 quilômetros maior, 74,7 quilômetros, mas proporcionaria velocidade média de 90 Km/hora, a um tempo final de 49 minutos. 

 Certo mesmo, garante o engenheiro, é que o Rodoanel reduziria o custo de transportes na Região Metropolitana: “O anel vai facilitar a transposição da Região Metropolitana por veículos com origem ou destino em outras regiões. Estima-se que cerca de 30% dos veículos de carga que hoje circulam pelas marginais se transfeririam para o Rodoanel, diminuindo os custos de fretes. Com isso, o empreendimento deve, em primeira instância, integrar a Região Metropolitana de São Paulo no aspecto de circulação de bens e pessoas e na ordenação de uso e ocupação do solo, melhorando o sistema de transporte também na área central de São Paulo e dos municípios do Grande ABC, com reflexos na qualidade de vida dos moradores” — afirma José Vitor. 

 (...) A construção de anel viário em torno de São Paulo é tão antiga quanto cada vez mais necessária, pois já em 1924 se projetava algo com essas características. Entre os anos de 1976 e 1985 discutiu-se o anel viário metropolitano, que chegou a ser parcialmente efetivado, possibilitando aos motoristas que chegassem à Capital pela Anchieta ou Imigrantes e acessassem as marginais sem passar pela Avenida dos Estados, único caminho então existente. No final da década de 1970, formatou-se a proposta de um anel da Região Metropolitana de São Paulo. Em 1989, passou-se a discutir o grande anel rodoviário. Em seguida, surgiu a proposta da perimetral metropolitana, que originou o Rodoanel.

Posse de Nelson Tadeu 

Também há 20 anos ganhou espaço nobre na edição de LivreMercado a nomeação do ex-executivo da Rhodia de Santo André, Nelson Tadeu Pereira, à secretaria de Desenvolvimento Econômico de Santo André, recém-criada pelo prefeito eleito dois meses antes, Celso Daniel. Era a primeira vez que a Província do Grande ABC contava com uma secretaria da área. LivreMercado batera durante muito tempo sobre a necessidade da pasta. Leiam alguns trechos da matéria sob o título “Grande ABC tem supersecretário”. O futuro, entretanto, tratou de desinflar a bola de otimismo. Mas isso fica para outras edições: 

 Nelson Tadeu Pereira, o nome mais importante do novo secretariado municipal do Grande ABC, deverá marcar a história econômica da região em duas etapas. A primeira, antes dele, de absoluto alheamento dos administradores públicos em relação às necessidades de planejamento integrado do setor. A segunda, de depois dele, com introdução de mecanismos de diagnósticos e ações que contemplem não só a desaceleração de um contínuo processo de esvaziamento, como também de recuperação das atividades econômicas. Escolhido para ocupar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Santo André, Nelson Tadeu Pereira, quase 30 anos de Grupo Rhodia, um dos três Melhores Executivos do Ano eleitos pelo Conselho Consultivo de LivreMercado, Engenheiro Emérito deste ano da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC e um dos meninos de ouro de Edson Vaz Musa, até outro dia presidente do Grupo Rhodia no Brasil, é certamente o tiro na mosca do prefeito Celso Daniel. 

 (...) Nelson Tadeu não é filiado ao PT e a qualquer outro partido. O fato de ter ligações empresariais, como executivo de uma multinacional, em outros tempos teria destroçado a opção por Nelson Tadeu. Desta vez, entretanto, Celso Daniel não encontrou tanta resistência porque está dando ao PT de Santo André um perfil conciliador e moderado de quem não vê o capital como inimigo, mas sim indispensável aliado. 

 (...) A integração regional, induzida pela via econômica, é o desafio que espera por Nelson Tadeu. Ele quer transplantar para o âmbito regional, com limitações e vantagens específicas de agora fazer parte de uma administração pública, toda a sinergia que conseguiu costurar entre a Rhodia Têxtil e seus maiores fornecedores. Ele não apostaria nessa empreitada se não acreditasse no sucesso, porque tem fama de homem sempre cauteloso, que mede milimetricamente os passos pessoais e profissionais. 

Mais sociedade na Fundação

Também disputaria o pódio editorial de LivreMercado de vinte anos atrás a reportagem com o presidente da Fundação Santo André, o médico vascular Oswaldo Cilurzo. O ponto central do texto do dirigente: colocar mais sociedade na gestão da autarquia da Prefeitura de Santo André. Os principais trechos da reportagem sob o título “Cilurzo quer o controle da sociedade”: 

 A Fundação Santo André, complexo educacional construído entre as divisas de Santo André, São Bernardo e São Caetano, precisa tornar-se uma instituição pública, controlada pela sociedade, em vez de seguir o figurino estatal, vulnerável ao humor político-partidário. A proposta é do médico vascular Oswaldo Cilurzo, ninguém menos que o presidente dessa instituição que conta com sete mil alunos e faculdades de Filosofia, Ciências e Letras e de Ciências Econômicas, além de Segundo Grau. 

 (...) Por se dizer preocupado com os próximos passos da Fundação Santo André, Oswaldo Cilurzo defende a ampliação dos membros do Conselho Curador, espécie de Conselho Deliberativo que, entre várias atribuições, elege o presidente. O Conselho Curador reúne 13 representantes e historicamente é controlado pelo Paço Municipal, que detém diretamente seis votos. 

 (...) A unificação da FSA e da Medicina ABC é velho sonho de Cilurzo. Embora a Faculdade de Medicina tenha direção tripartite, das Prefeituras de Santo André, São Bernardo e São Caetano, ele afirma que a fusão com a FSA reforçaria as necessidades de Santo André transformar a FSA em universidade, acoplando a área de Medicina. Para ele, os administradores dos outros dois municípios provavelmente facilitariam a transferência, uma vez que a sede da instituição está em Santo André.

Juiz do Trabalho e Sebrae

A Entrevista Especial da edição de 20 anos atrás contou com o conhecimento do professor universitário e juiz do Trabalho em Santo André, Gézio Duarte Medrado. “Ele acha que sindicatos, governo e trabalhadores devem encontrar alternativas para a mão-de-obra que está sendo excluído do sistema produtivo e defende o contrato coletivo de trabalho”, escreveu a jornalista Malu Marcoccia na abertura do material que ocupou cinco páginas. 

LivreMercado também deu destaque naquela edição à vitória do engenheiro agrônomo e então presidente da Federação da Agricultura de Pernambuco, Pio Guerra Júnior, sobre Guilherme Afif Domingos, ex-deputado que dias antes desceu a rampa do Palácio do Planalto ao lado do presidente Fernando Henrique Cardoso. O que estava em disputa era a presidência do Sebrae. O que existia de regionalidade naquela reportagem? Vejam o que estava reservado no texto, num dos trechos selecionados:  

 Longe de reunir os recursos financeiros do Sebrae, até porque não tem a receita garantida em folha de pagamento dos trabalhadores e sim a contribuição espontânea da classe empresarial, a Associação Comercial e Industrial de São Caetano (Aciscs) também desperta cobiça política. O prefeito Luiz Tortorello deverá jogar todas as fichas na candidatura do publicitário Ivan Cavassani, contrariando o que o atual presidente da entidade, Flávio Rodrigues de Souza, chama de linha natural de sucessão. O candidato de Flávio Rodrigues é Mauro Laranjeira, um dos três vice-presidentes da entidade, juntamente com os ex-presidentes Roberto Fiúza e Guilherme Rodrigues da Silva. Ivan Cavassani é diretor da Aciscs e deveria, segundo Flávio Rodrigues, esperar pela sua vez, formando a chapa de Laranjeira na condição de vice-presidente. (...).A iniciativa do prefeito Luiz Tortorello é inusual no Grande ABC, onde tradicionalmente as entidades de classe, os administradores públicos de plantão e os políticos de carteirinha não se misturam tão ostensivamente. As eleições à moda Sebrae ameaçariam formar escola?

Três assuntos para coluna 

Na coluna “Campo Aberto”, que assinava a cada edição, centralizei críticas em três assuntos ligadíssimos ao futuro da região. Os títulos são sintomáticos da preocupação com o futuro: “Novos prefeitos precisam ter a harmonia de boa orquestra”; “Entenda porquê o governo do Estado arrecada cada vez mais”; e “ Montadoras não podem continuar sendo referencial de reivindicações”. Leiam alguns fragmentos de cada análise: 

 Os prefeitos que assumem neste mês a gestão de 48 meses nos Municípios do Grande ABC só não conhecem o fardo de responsabilidade que os espera se estiverem no mundo da lua. O quadro socioeconômico regional não permite mais improvisações, sob pena de agravarem-se os indicadores de precarização da qualidade de vida. Resta saber se, embora pressupostamente conhecedores da situação regional, esse grupo vai reunir apetrechos técnico-operacionais para interpretar sem teimosia e personalismo uma canção que exige a harmonia de uma orquestra, ou se vão mesmo fantasiar-se administrativamente com os farrapos do Exército de Brancaleone. Embora tenham surpreendido os mais ajuizados, ao se apresentarem em bloco, antes da posse oficial, para fotografias, o passado do Consórcio Intermunicipal recomenda cautela. A unidade numa foto é tão consistente quanto a realidade do Mortal Combat em game. 

 O que se lamenta é a frequência com que a turma do gargarejo aplaude e dá destaque aos anúncios dos resultados da arrecadação tributária do Estado, quando se sabe que o custo desse desequilíbrio é o aprofundamento das desigualdades sociais. A sinfonia macabra que tem as notas do crescimento da arrecadação tributária e a letra da redução do nível de qualidade de vida ainda não foi devidamente entendida pela plateia de contribuintes e de (de) formadores de opinião. A reverência histórica ao regime fiscalista prevalece. Com o acovardamento dos empresários, a omissão dos sindicatos de trabalhadores e a irreverência do Estado em suas várias esferas. Além, é claro, do quase que completo alheamento da mídia.

As montadoras de veículos trouxeram progressos inegáveis ao Grande ABC e continuam a ser indispensáveis ao equilíbrio socioeconômico regional. Essa é uma verdade tão asfixiantemente incontestável que raramente sofre o impacto de algum contraponto. Mas que existe contraponto existe. Tanto que não se podem contemplar as montadoras com pretensa santificação regional. A recíproca também é verdadeira: não se pode satanizá-las como matrizes das fundas disparidades sociais que se acentuam no Grande ABC à medida que a globalização corta postos de trabalho.

Maiores geradoras diretas e indiretas de empregos e de tributos, as automobilísticas da região consagraram o sindicalismo de Lula e seus parceiros num período de obscuridade política no País e de absoluto despreparo administrativo do empresariado. 

Também na edição de janeiro de 1997 de LivreMercado ganhou certo destaque o chamado mapa de franquias e os números relativos à região. Tínhamos uma economia debilitada, mas muito mais vigorosa do que nos dias atuais. 

Leiam matérias completas:

Mapa das franquias destaca a região 

A disputa pelo Sebrae

Novos prefeitos precisam ter a harmonia de boa orquestra 

Globalização não pode dispensar visão humana 

Prefeitos-operários de Diadema e São Caetano explicam sucesso 

Entenda porquê o governo do estado arrecada cada vez mais 

Montadoras não podem continuar sendo referencial de reinvidicações 

São Caetano e Diadema têm realidades totalmente opostas 

Trecho sul do Rodoanel é assunto para pauta regional 

Musa proclama vocação econômica e mobilização empresa-comunidade 

Grande ABC tem supersecretário para reordenar desenvolvimento 

Cilurzo quer Fundação Santo André sob controle social 



Leia mais matérias desta seção: Imprensa

Total de 1884 matérias | Página 1

13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)
11/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (32)
08/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (31)
06/11/2024 Maioria silenciosa sufoca agressão de porcos sociais
06/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (30)
04/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (29)
31/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (28)
29/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (27)
28/10/2024 OMBUDSMAN DA SOLIDARIEDADE (2)
25/10/2024 OMBUDSMAN DA SOLIDARIEDADE (1)
24/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (26)
21/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (25)
18/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (24)
16/10/2024 PAULINHO SERRA É PÉSSIMO VENCEDOR
15/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (23)
11/10/2024 MEIAS-VERDADES E MENTIRAS NA MIRA
09/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (22)
03/10/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (21)
01/10/2024 CARTA ABERTA AOS CANDIDATOS