Que tipo de mensagem lhe faz bem: a) ouvir e ler boas notícias sobre o Grande ABC. b) ouvir e ler notícias realísticas sobre o Grande ABC.
Se optou pela primeira alternativa, você está certo. Não há quem não queira ouvir e ler boas novas sobre a região. Se prefere a segunda alternativa, está corretíssimo, porque não é possível ignorar a realidade quando se tem responsabilidade.
Por isso temos os dois tipos de notícias aos leitores. Primeiro, o PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma de todas as riquezas com produção e serviços, segue como prova eloquente de que o Grande ABC é poderoso. Afinal, esse território de apenas 840 quilômetros quadrados de área e 2,3 milhões de habitantes supera, individualmente, 19 Estados brasileiros e o Distrito Federal. Isso mesmo. Está à frente de quase todos os entes federativos. Só perde para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia e Santa Catarina.
É uma pena que a boa notícia sobre o Grande ABC ser o oitavo PIB do País se limite exatamente à exuberância econômica construída a partir da chegada da indústria automobilística e também do Pólo Petroquímico de Capuava.
Debruçando-se atentamente sobre o estudo Produtos Internos Brutos dos Municípios Brasileiros, preparado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) através da Dirur (Diretoria de Estudos Regionais e Urbanos), damos sequência à série histórica de análises que procura desvendar as entranhas socioeconômicas da região. O resultado apresentado pelo Ipea é inteiramente desfavorável ao Grande ABC e confirma inúmeras interpretações com base em pesquisas sobre consumo industrial de energia elétrica, ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) e Índice de Potencial de Consumo, entre tantos outros.
Entre 1970 e 1996, período dos estudos do Ipea, o Grande ABC viveu montanha-russa econômica. Subiu vertiginosamente entre 1970 e 1980, caiu desconfortavelmente na sequência e se recuperou levemente na ponta do estudo. Trocando em miúdos: estamos bem acima do que éramos no início dos anos 70, mas caímos assustadoramente a partir de 1984. Como o trabalho não chegou ao ano 2000, a expectativa lógica é de que provoque novas dores de cabeça.
No período 1997-2000 a região continuou vivendo grandes transformações industriais por força da competitividade exigida pela globalização, enquanto outras regiões brasileiras comemoravam a chegada e a maturação de investimentos. É provável que o Grande ABC tenha perdido mais alguns milhões de dólares de participação, mas nada que o comprometa no ranking paulista e brasileiro porque esse processo tem semelhança com as manobras para desviar um transatlântico de gigantesco iceberg. Depende de quem está no comando a capacidade de sincronizar tempo e espaço para evitar o choque. O Grande ABC não tem o formato de um Titanic, mas não se pode negar que ainda há música do triunfalismo fundamentado no passado em vez de som estridente do alarme do presente.
Vamos primeiro ao ranking nacional para compreender o posicionamento do Grande ABC na estatística do Ipea. Em 1970 a região somava US$ 11,147 bilhões de um total arredondado de US$ 246,8 bilhões do PIB brasileiro. De cada US$ 100 que o Brasil produzia no ano em que se consagrou campeão na Copa do Mundo do México, US$ 4,57 tinham origem no Grande ABC. A São Bernardo automotiva emergia com o quinto posto no ranking municipal do País. Vinte e seis anos depois, a participação relativa da região mergulhou, baixando para 2,85%; isto é, de cada US$ 100 no País, a região passou a produzir apenas US$ 2,85. E a São Bernardo que estava no pódio entre as cinco maiores caiu para 12º lugar.
Ainda comparando: o PIB de todos os municípios da região, de US$ 11,147 bilhões, garantia o sexto lugar no ranking brasileiro em 1970. Já na ponta do estudo, em 1996, os US$ 21,361 bilhões não asseguram mais que o oitavo lugar à região no confronto com os Estados.
Como se verifica na comparação dos PIBs do Brasil e do Grande ABC entre 1970 e 1996, a queda atinge 60%. A possível alegação de que o Grande ABC seguiu a rota de esvaziamento de toda a Grande São Paulo não se sustenta integralmente.
Vejam o caso de São Paulo, a Capital do Estado. Em 1970 o PIB de US$ 46,303 bilhões dos paulistanos representava 18,6% do PIB brasileiro. Vinte e seis anos depois caiu para 14,36%. Um tombo mais ameno, embora também inquietante, de 29,5%, frente a 60% da região. Traduzindo a equação: o Grande ABC sofreu mais duramente os reveses da descentralização econômica do País, fortemente impulsionada pela guerra fiscal.
Para sorte dos paulistas, a disputa pelo PIB nacional não fugiu da liderança porque a força do Interior se manifestou. Basta observar os números: em 1970, o PIB paulista atingia 39,88% do País, contra 39,56% de 26 anos depois. Quase nada de diferença. A política de interiorização industrial orquestrada por sucessivos comandantes do Palácio dos Bandeirantes foi a senha para prefeitos do Interior de São Paulo abrirem fogo na guerra por investimentos contra Estados vizinhos.
Beneficiados por um conjunto de fatores que envolve melhor qualidade de vida, logística de distribuição, salários menores, isenção de impostos municipais e devolução da cota-parte de imposto estadual, municípios paulistas fora da Grande São Paulo se esbaldaram. Principalmente nas regiões de Sorocaba, São José dos Campos e Campinas, suficientemente longe dos problemas de deseconomia da Região Metropolitana de São Paulo e estrategicamente perto das vantagens da maior metrópole sul-americana para consumir produtos ou gerenciar atividades administrativas.
Voltando ao Grande ABC, há mais elementos que servem para dimensionar o quanto paramos de crescer e os adversários avançaram. O confronto entre São Caetano e Curitiba é sintomático. Em 1970, para cada US$ 113 que a Capital do Paraná produzia, São Caetano da General Motors e de tantas outras indústrias garantia US$ 100. Em 1996, para cada US$ 100 de São Caetano, Curitiba dava de lavada com US$ 524.
O jogo entre o Distrito Federal e o Grande ABC também é desigual. Em 1970 a já burocrática Brasília e as incipientes cidades satélites geravam riquezas que não ultrapassavam 27,96% de tudo o que o Grande ABC produzia. Em 1996 a diferença estreitou-se para 94,53%. O jogo está praticamente empatado.
Com Belo Horizonte a situação é pior, porque os mineiros saíram de uma desvantagem de acumular apenas 39% do PIB do Grande ABC em 1970 e, chegando em 1996, passaram à frente com 9%. Já a disputa com o Rio de Janeiro manteve-se estável: o Grande ABC de 1970 tinha PIB equivalente a 40,13% do PIB carioca e fechou 1996 com 42%. Aleluia!? Nada disso. É que o Rio, como o Grande ABC e a Grande São Paulo, perdeu o eixo do desenvolvimento econômico nos últimos 15 anos. Patinou sem parar. Só mais recentemente, com a privatização da exploração de petróleo, o capital internacional voltou-se para a costa marítima que os cariocas tornaram referência de lazer.
Já em relação a Salvador de Antonio Carlos Magalhães, político que tem participado ativamente do cenário institucional e econômico do País nas duas últimas décadas, a trajetória é desvantajosa para o Grande ABC. Em 1970 a cidade de Salvador representava apenas 28% do PIB do Grande ABC. Em 1985 reduziu a diferença para 47% e em 1996 fez estreitar para 65%. Sozinha, Salvador tem praticamente o mesmo PIB de Santo André e São Bernardo juntas.
Para terminar o confronto do Grande ABC no plano nacional, o rebaixamento dos municípios no ranking é notório. São Bernardo caiu do quinto para o 12º lugar, Santo André passou para o 17º, Diadema afundou-se no 49º lugar, São Caetano no 52º e Mauá está em 56º entre os 100 maiores municípios do País.
Embora supere largamente em muitos casos cada um dos 19 Estados e também o Distrito Federal, o Grande ABC também perde terreno para esse conjunto de entes da Federação. Em 1970, o PIB do Grande ABC significava 32,41% da soma de todos os PIBs desses mesmos 19 Estados e do Distrito Federal. Vinte e seis anos depois, a região participa com apenas 16%. Um tombo de 50%. Isso quer dizer que enquanto o Grande ABC despencava do desfiladeiro, a maioria dos demais Estados avançava sem parar. Tanto que Bahia e Santa Catarina, que em 1970 também integravam a relação de Estados superados individualmente pelo Grande ABC, fugiram desse bloco e estão agora à frente da soma dos sete municípios da região.
Sem encontrar novas matrizes econômicas depois da exaustão empregadora da indústria automobilística e de autopeças, submetida ao drástico enxugamento da indústria química e proletarizada pelo desemprego e pelo emprego informal, nada indica que a região que se tornou referência da industrialização de produtos de massa no Brasil consiga reverter o quadro no confronto com oponentes mais ilustres de outros Estados. Como estaria a situação do PIB do Grande ABC comparado com outros municípios e regiões do Estado de São Paulo? Os resultados também não são animadores.
O peso dos resultados do PIB do Grande ABC em relação ao comportamento do PIB do Estado de São Paulo no período pesquisado pelo Ipea está alinhadíssimo com a queda da região em confronto com o Brasil. Nos 26 anos de prospecções estatísticas fica latente que se o Estado de São Paulo como um todo praticamente nada perdeu na comparação com o PIB brasileiro porque o desempenho do Interior compensou a longa safra de deserções da Grande São Paulo, a concorrência entre o mesmo Interior e a mesma Grande São Paulo só poderia ser desfavorável à Capital e municípios vizinhos. Exemplos fartos ajudam a destrinchar a montanha de números.
Se relativamente ao PIB brasileiro de 26 anos o Grande ABC perdeu 60%, a desvantagem numa comparação com o próprio Estado de São Paulo não poderia desgarrar-se de números semelhantes. E nem desgarrou. Foram 59,16% de retração. O PIB do Grande ABC em 1970 equivalia a 11,46% de tudo o que era produzido pelos paulistas. A proporção foi reduzida para 9,71% em 1985 e baixou ainda mais, para 7,2%, em 1996.
Também seguindo o roteiro nada surpreendente de equivalência com o que ocorreu no confronto nacional, a cidade de São Paulo baixou sua importância no PIB estadual. Em 1970, os paulistanos produziam 47,63% de toda a riqueza dos paulistas. O emagrecimento já se manifestava em 1985, quando a interiorização de fábricas se cristalizava e a participação paulistana era reduzida para 39,1%. Onze anos depois, no fechamento da pesquisa do Ipea, a Capital de atuais 10,8 milhões de habitantes produzia apenas 36,3% do Estado. No acumulado dos 26 anos a diferença estreitou para 31,21%; isto é, a cidade de São Paulo perdeu para o Interior paulista praticamente o mesmo que viu desaparecer em relação ao restante do País.
No ranking estadual de 1970 eram marcantes as impressões digitais da economia do Grande ABC. O posicionamento individual dos municípios era mais reluzente. Depois de 26 anos, São Bernardo sustentou o segundo lugar no PIB do Estado, sempre distante da líder São Paulo e cada vez mais acossada pela concorrência. Entretanto, as demais cidades sofreram. Santo André foi ultrapassada por São José dos Campos, Guarulhos e Campinas. Diadema perdeu para Barueri, Americana e Paulínia. São Caetano desabou: foi superada por Diadema, Limeira, Barueri, Americana, Piracicaba, Sorocaba, Osasco, Paulínia, Ribeirão Preto, Santos, Cubatão, Guarulhos e Campinas. Sim, todos esses municípios estavam abaixo de São Caetano no grupo de elite dos maiores PIBs do Estado de São Paulo em 1970.
Só quem desconhece a performance de Guarulhos acredita que não houve Município da Grande São Paulo que se salvasse durante o período esmiuçado pela pesquisa do Ipea. Colada à problemática Capital mas beneficiada por infra-estrutura viária e pela construção do Aeroporto Internacional de Cumbica, a Guarulhos agora administrada pelo petista Elói Pietá caiu de rendimento econômico nos últimos 16 anos, mesmo tendo incrementado o PIB em pouco mais de US$ 200 milhões. Numa linha de estudo ponta a ponta, de 1970 a 1996, o saldo de Guarulhos é positivo: saiu de 1,59% do PIB paulista para 2,3%, um crescimento de 44%. Em 1985, quando vários municípios da Grande São Paulo já acusavam perdas, Guarulhos chegou a alcançar 3,03% do PIB paulista.
Capital econômica do Grande ABC que concentra no setor automotivo seu ativo de riquezas, São Bernardo apresentou desempenho diametralmente oposto no mesmo período. O auge de 4,26% do PIB paulista em 1970 estatelou-se na depressão de 2,46% de 1996, uma baixa de 58%.
Algumas diferenças podem ser atribuídas a resultados tão díspares, estando os dois municípios a poucos quilômetros de distância. Primeiro, São Bernardo vive da monocultura econômica automotiva, que sofreu intensa descentralização pelo País. Guarulhos é mais versátil: mesmo tendo perdido muitas fábricas, sobretudo para o Interior paulista, conseguiu neutralizar o comprometimento dos números com a diversificação de sua economia. Segundo, o movimento sindical no Grande ABC foi extraordinariamente mais agressivo em defesa dos direitos dos trabalhadores, assustando investidores e inflando custos.
Geograficamente um pouco acima de Guarulhos e quase no meio do caminho entre as duas principais Capitais do País — São Paulo e Rio de Janeiro –, São José dos Campos também melhorou seu PIB nos últimos anos frente a São Bernardo e ao Grande ABC. Em 1970, São José reunia apenas um quarto da riqueza de São Bernardo. A diferença passou para quase dois terços em 1985 e afunilou para três quartos em 1996.
Um confronto entre Campinas e São Bernardo revela números semelhantes. Em 1970, Campinas produziu 49,9% das riquezas de São Bernardo, contra 70% de uma década e meia depois e 98% ao final dos 11 anos subsequentes. Os investimentos que a Capital da mais recente região metropolitana criada pelo governo do Estado recebeu a partir das duas últimas décadas nas mais diversas atividades, com predominância em setores de alta tecnologia, estão na raiz da elevação do patamar do PIB.
Enquanto São Bernardo caiu de US$ 8 bilhões em 1985 para US$ 7,2 bilhões em 1996, Campinas saltou no mesmo período de US$ 5,1 bilhões para US$ 7,1 bilhões, ou seja, 39% de crescimento contra queda de 11% do Município do Grande ABC. Sorocaba, outra sede de região administrativa paulista que aparece no ranking preferencial de investimentos, diminuiu a diferença que a separava de São Bernardo, de 3,8 vezes para 2,1 vezes. A linha do PIB de Sorocaba é estavelmente crescente durante os 26 anos pesquisados pelo Ipea, enquanto a de São Bernardo é sinuosa.
Todos esses resultados só poderiam mesmo ser desagradáveis. Afinal, um embate que leve em conta as principais regiões econômicas do Estado ilumina ainda mais o quadro paulista. Entre 1970 e 1996, o PIB da Grande São Paulo cresceu apenas 147%, contra 334% dos municípios que formam a Região Administrativa de Ribeirão Preto, 363% da Região Administrativa de Campinas, 426% da Região Administrativa de São José dos Campos, 404% da Região Administrativa de Sorocaba e 201% da Região Metropolitana da Baixada Santista. Separadamente da Grande São Paulo, os sete municípios do Grande ABC cresceram 91% no mesmo período, o menor índice entre todos e uma vez e meia inferior à média do Estado, que chegou a 205%.
A velocidade média de crescimento do PIB do Interior de São Paulo tornou-se duas vezes maior em relação ao PIB da Grande São Paulo somado ao da Região Metropolitana da Baixada Santista. Em 1970 o Interior paulista contava com PIB de US$ 32,9 bilhões, contra US$ 64,3 bilhões da Grande São Paulo e da Baixada Santista. Uma diferença de 95%. Na ponta da pesquisa do Ipea, em 1996, o Interior passou a contar com PIB de US$ 135,7 bilhões, contra US$ 160,2 bilhões da Grande São Paulo e da Baixada Santista juntas. Apenas 18,2% de diferença. A realidade dos números é implacável e não se trata apenas de tendência, mas de redirecionamento do fluxo de riqueza.
O terceiro estágio da análise sobre o comportamento do PIB do Grande ABC envolve aspectos intra-regionais, isto é, entre os próprios municípios locais. Os números do Ipea permitem algumas conclusões conectadas à estrutura de avaliações que estão entrelaçadas com o desempenho da Grande São Paulo, o Estado de São Paulo e o País.
No período de duas décadas e meia vasculhadas pelo organismo do Ministério do Planejamento, São Caetano e Diadema sofreram mais diretamente em nível intra-regional os efeitos das mudanças detectadas pela pesquisa. Outrora industrializada e hoje em barulhenta campanha para seduzir investidores da área de serviços que compensem em parte a riqueza que se foi, São Caetano perdeu 49% de participação regional. Diadema de industrialização tardia aumentou em 211% a capacidade de gerar PIB. São Caetano detinha 20,99% do PIB regional em 1970, caiu para 10,7% em 1985 e estabilizou-se em 10,79% em 1996. Diadema contava com apenas 3,69% do PIB regional em 1970, evoluiu para 13,27% em 1985 e, já como reflexo do recuo industrial mais flagrante na última década e meia, caiu para 11,48% na ponta da pesquisa.
Mauá é o terceiro Município com manobras diferenciadas no PIB interno do Grande ABC: cresceu 45% no período, depois de sair de 7,08% para atingir 10,27% do PIB regional. Um olhar mais atento no ritmo de evolução de Mauá mostra, entretanto, o sinal de alerta que insiste em atormentar a região: em 1985 o índice de 10,58% da produção de riqueza regional era superior à marca de 16 anos depois.
O desabamento de Santo André no cotejamento com o Estado de São Paulo e com o PIB do Brasil foi absorvido internamente porque a região como um todo penou com o mesmo processo. Tanto que Santo André, que registrava 29,98% do PIB regional em 1970, terminou 1996 com 29,74%, índice superior ao verificado no meio do caminho, em 1985, quando desceu a 25,51%.
São Bernardo mostrou evolução semelhante: responsável por 36,98% do PIB regional na abertura dos anos 70, subiu levemente para 37,8% em 1985 e recuou para 34,14% em 1996, já sob o impacto da descentralização automotiva. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra têm participação rarefeita no PIB regional e cresceram ao longo de 26 anos: Ribeirão saiu de 1,09% em 1970 para 1,69% em 1985 e 2,54% em 1995. Rio Grande da Serra registrou 0,16%, 0,04% e 0,1% nas mesmas datas.
Os estudos do Ipea apresentam semelhança com o IPC (Índice de Potencial de Consumo) que a Target Pesquisas e Serviços de Marketing desenvolveu a partir de dados de 1991. De cada US$ 100 que o Grande ABC consumia em 1991, passou a US$ 78,50 no último ano da década. Ou seja, 21,5% desse potencial de consumo viraram pó. No ano passado o Grande ABC perdeu US$ 2,652 bilhões na capacidade de gerar consumo, quase o dobro de todos os orçamentos das prefeituras locais.
O trabalho da Target, dirigida pelo pesquisador Marcos Pazzini, está alinhado com o do Ipea, apesar da diferença metodológica e também da extensão do período pesquisado. A participação do Grande ABC no IPC de 2000 (2,28%) é semelhante ao índice registrado no PIB de 1996 (2,85%). A diferença pode se dar em função da defasagem temporal do Ipea. Como nos dados do Ipea, a cidade de São Paulo dos anos 90 sofreu fortes perdas no IPC da Target, já que os 16,1% do bolo de potencial de consumo brasileiro em 1991 caíram para 10,8% no final da década.
Também nesse caso, as perdas da Grande São Paulo foram compensadas pelos ganhos do Interior paulista. O IPC da Target do Estado de São Paulo atingia 34,33% do IPC nacional em 2000. O número também não se distancia do PIB paulista de 1996, que é de 39,56%. Isso tudo quer dizer que, embora o PIB detecte fundamentalmente a geração de riquezas e o IPC a geração de consumo, os números acabam por se aproximar. Não dá para fazer truques quando o que está em jogo é a realidade econômica.
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12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES