Não, não vou revelar o que quero dizer com a expressão “culpado por ser inocente”. Posso adiantar que o texto já está pronto, mas o reservei para a edição de amanhã desta revista digital. Hoje é quarta-feira de cinzas e o que mais quero mesmo é encher a paciência dos leitores com o desafio de tentarem desvendar o que está por trás de “culpado por ser inocente”.
A contraposição é provocativa. Garanto que valerá a pena esperar até amanhã, quinta-feira, para começar a desvendar o segredo. Aviso de antemão que não vou explicar tudo que teria de ser explicado nem mesmo amanhã. Vou abrir apenas uma fresta de curiosidade numa densa cortina de interrogações.
Tenho de me segurar nas digitais para não aprofundar o assunto, mas posso brincar com os leitores, desafiando-os a projetarem um tema que os mantenham ligados neste texto. Vocês acham que, conhecendo-me como me conhecem, estou a brincar com uma expressão tão aparentemente contraditória?
Na linha de chegada
Se querem saber o que acho, “culpado por ser inocente” só surgiu na linha de chegada do texto que preparei sobre o assunto em questão, mas que decidi deixar para publicar amanhã. Um artigo que está prontíssimo, escritíssimo, copidescadíssimo, mas que, em respeito à quarta-feira de cinzas, instalei no acostamento da edição. E optei por isso entre outras razões porque decidi que a manchetíssima (manchete das manchetes da primeira página) desta edição de CapitalSocial estará reservada ao jornalista André Marcel de Lima. Sim, o novo reforço que contratamos para nos abrir um mundão de conhecimento sobre macroeconomia e macropolítica, com olhos fixos principalmente no Primeiro Mundo, vai dominar a manchetíssima de CapitalSocial de hoje até amanhã, quando desvendarei apenas em parte o segredo de “culpado por ser inocente”.
Isto quer dizer que este artigo ficará apenas um tempinho curto na condição de manchetíssima de hoje, após ocupar o espaço da análise da situação do São Caetano e do Água Santa na Série B do Campeonato Paulista, até agora mesmo no topo desta primeira página.
A chegada de André Marcel de Lima como colaborador eventual de CapitalSocial serve de motivação a este jornalista e de desafio aos leitores. Motivação porque estava mesmo a precisar de alguém com quem pudesse contracenar a produção de textos voltados à regionalidade sob uma ótica diferenciada, globalizada.
André Marcel de Lima já desempenhou essa tarefa na semana passada e voltará, já-já, com nova prova material de que o jornalismo conta com alguns jovens que poderiam fazer muito sucesso à consolidação da cidadania regional. Pena que faltem veículos de Imprensa que coloquem esse pressuposto como ponto-chave.
Trabalhando no feriado
Aliás, é por isso que meu cérebro irrequieto me levou a construir “culpado por ser inocente”. Não fosse a calamitosa situação regional, principalmente o descaso com temas que deveriam ser prioritários numa bolsa de emergências, não seria este jornalista em plena terça-feira de Carnaval colhido pela implicação do dever de ofício de pensar na regionalidade de que dispomos. Regionalidade é força de expressão. O que encontramos na Província é uma associação muito mal ajambrada de filões de apaniguados políticos e organizações vaselinadas à locupletação.
Será que com essas últimas frases estaria abrindo mais do que deveria a possibilidade de os leitores captarem o que significa “culpado por ser inocente”, nosso tema de amanhã?
Juro por todos os santos que não imaginava, que, no meio do caminho daquele texto surgisse “culpado por ser inocente” como âncora conceitual. Tive de recorrer à mudança do título para incorporar o que também poderia chamar de “mote” à ideia-geral que permeia aquele texto. Mas a estrutura do material foi mantida, inclusive com sugestões antecedentes ao “culpado por ser inocente”. A dinâmica de construir frases de encadeamento lógico do pensamento jornalístico corre solta, livre e muitas vezes surpreende o próprio autor.
Talvez os leitores estejam nestas alturas do campeonato embaralhadíssimos com a explicação sobre “culpado por ser inocente”. Traduziria tudo da seguinte forma: comecei uma obra editorial sem ideia do mote que a sustentaria e somente ao final do texto encontrei a saída. Entendo que a autenticidade da “descoberta” só tem valor e honestidade intelectual se sustentasse as demais “ideias”.
Inconformismo latente
Estou me segurando para não ir adiante às explicações daquela que também pode ser uma sentença de inconformismo. Sim, sentença de inconformismo, porque “culpado por ser inocente” diz muito a respeito do trabalho de informar a sociedade da região com textos reflexivos, opinativos, independentes.
Os leitores podem ter certeza: o que vou apresentar amanhã para justificar tanto suspense é algo que lamento só ter tido a ideia nesta terça-feira de Carnaval. É uma maneira de exteriorizar uma situação que explica sem retoques até que ponto estas terras fazem jus à subalternidade cultural, ética, moral e cidadã expressa na marca Província do Grande ABC.
Então, ficamos assim: depois de São Caetano e Água Santa na manchetíssima de hoje desta revista digital, estou agora ocupando esse espaço provisoriamente para cabular leitores ao texto já consumado à edição de amanhã. Daqui a pouco entra neste campo, no campo do destaque editorial, o brilhantismo de André Marcel de Lima. Mais que um texto, trata-se de uma análise esplendorosa sobre um assunto sobre os quais os demagogos de plantão pintam muitíssimo mal e bordam pior ainda: os benefícios comprovados da globalização às sociedades mais pobres do planeta.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)