Leitores me cobram com certa insistência análises de seis assuntos que ganharam as manchetes e as manchetíssimas na região. Então vamos fazer o seguinte: entre amanhã, terça-feira, e sexta-feira, vou tentar dar conta do recado. Vou me virar nos trinta para dar um tratamento que a Imprensa regional não deu. Deixou-se, para variar, que as raposas de interesses próprios cuidassem das galinhas avaliativas.
Todo mundo sabe o que acontece quando os envolvidos diretamente oferecem ao distinto público a versão única dos acontecimentos. Eles deitam e rolam e tratam versões como verdades definitivas.
Imprensa que consta do léxico deste jornalista serve para, no mínimo, apresentar contrapontos, esclarecimentos, essas coisas que podem ser resumidas como liberdade de expressão, liberdade de opinião. Quais são os seis assuntos de que pretendo tratar nesta semana? Vejam, então:
A queda do São Bernardo para a Série B do Campeonato Paulista do ano que vem.
A Fila Zero na área de saúde prometida pelo prefeito Paulinho Serra.
A entrevista do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Rafael Marques, na edição de hoje do jornal Valor Econômico.
O prefeito Orlando Morando e a imposição de pagamento de tratamento de saúde às concessionárias de rodovias por conta de uso de unidades de São Bernardo.
A chegada de novas empresas a São Caetano.
Os gastos com os legislativos da região.
Demanda valorizada
Sei lá se alguma pauta mais urgente vai aparecer no pedaço mas, se aparecer, vou tratar de dar um jeito. Certo mesmo é que não há mesmo alternativa senão atender à demanda dos leitores, que também é a minha demanda. Aliás, não fosse minha também não haveria ressonância no enquadramento temático nessas páginas digitais.
O que quero dizer com isso é que nem sempre o leitor tem razão neste pedaço. Razão no sentido de pautar este jornalista. Quando entendo que o bom senso impera à parte de interesses variados, não há dúvida em procurar atender a todos. Mas quando percebo que a pauta é manipulada, orquestrada, contaminada, por gente que pretende direcionar esses escritos, tiro o time de campo sem pestanejar.
Devo confessar aos leitores que existe um sintoma irremediavelmente provocador de análises neste espaço. Sempre que um determinado assunto se apresenta de forma persistente em minha mente, sempre que esse mesmo assunto começa a me incomodar porque estaria a precisar de observação que julgo interessante, cá estou para me manifestar.
Público em primeiro lugar
O interesse público é que prevalece. Mesmo quando produzo textos que aparentemente só dizem respeito à demanda própria deste jornalista. Sim, porque há sempre alguém que, por exemplo, quer me fazer esquecer os problemas judiciais. Como esquecer os problemas judiciais se, mais que uma ação ou reação natural de quem se sente prejudicado, o assunto é de interesse geral ao revelar uma das múltiplas faces de mandonismos e mandachuvismos nesta Província?
Fico a imaginar o que os leitores estão a projetar sobre o tom e os argumentos em cada um dos seis temas elencadas acima e dos quais pretendo me livrar, por assim dizer, nesta semana.
O que escreverei de novo – perguntam eles – sobre a réplica ou quase réplica do prefeito Paulinho Serra no caso do programa Fila Zero utilizado por João Doria em São Paulo? E do também prefeito Orlando Morando sobre o ISS às concessionárias? Do rebaixamento do São Bernardo tenham todos a certeza de que escreverei com acidez analítica. E os custos dos vereadores nas sete câmaras da região? E o anúncio do secretário de Desenvolvimento Econômico de São Bernardo sobre a chegada de algumas empresas?
Entrevista de sindicalista
Talvez comece a pagar a promessa de dar tratos à bola dos seis temas com a entrevista do sindicalista Rafael Marques ao Valor Econômico. Consumi a reportagem na manhã desta segunda-feira, logo após passear com minhas cachorras. Como me fazem bem minhas cachorras. Elas me tranquilizam no passeio de 30 minutos diário. Mais que isso: eles contribuem decisivamente para que me programe para o dia que está raiando e, mais que isso, para que encare pelo menos as primeiras horas de cada dia com mais entusiasmo, mais tolerância.
Por isso vou deixar decantar a entrevista de Rafael Marques. Se escrever sobre suas declarações para a edição desta terça-feira provavelmente serei mais incisivo do que imediatamente após a leitura do jornal na manhã de hoje. O que posso antecipar – ou repetir -- é que estamos fritos em matéria de representação sindical.
Esta é a primeira vez que começo uma segunda-feira prometendo entregar uma batelada de mercadorias editoriais da semana. “Mercadorias editoriais” é metáfora, claro, porque nesse endereço editorial todos sabem que não há lugar a negociações que a expressão utilizada poderia sugerir. No fundo, no fundo, são mercadorias mesmo, porque integram o pacote de demandas da sociedade no sentido de contar com uma publicação voltada ao interesse público. Mesmo que isso signifique, como tem significado, sérios prejuízos para o autor.
Então, ficamos assim: se tudo correr como o desejado e o demandado, esse grupo de assuntos vai ganhar configuração crítica neste espaço. Algo que nenhum outro veículo de comunicação da região ousa executar porque, infelizmente, aqui prevalece um tipo de jornalismo que, salvo exceções circunstanciais, não move uma palha sequer para traduzir em termos de interesse coletivo o que é divulgado claramente como interesse pessoal ou grupal.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)