Imprensa

Jornalista afirma que só
quer direito de defesa (4)

DA REDAÇÃO - 08/05/2017

Esta é a quarta síntese de um total de 11 artigos escritos pelo jornalista Daniel Lima, condenado à prisão pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Santo André por suposta difamação ao Clube dos Construtores do Grande ABC. Os advogados do então presidente daquela entidade, Milton Bigucci, encaminharam queixa-crime ao Judiciário de Santo André. O resultado não se limita a um ataque à liberdade de expressão e à liberdade de opinião. 

Antes disso, e de forma muito mais alarmante, trata-se de completo desrespeito ao direito de defesa protegido pela Constituição Federal. Daniel Lima foi massacrado no tribunal de Santo André. Tanto que o advogado Alexandre Marques Frias insiste na nulidade do processo. Afinal, o jornalista não teve a possibilidade de rebater ponto por ponto as acusações contidas na queixa-crime. 

Acredite quem quiser: o que se segue – e nas próximas sete edições também -- está no processo julgado parcialmente no Tribunal de Justiça de São Paulo. Daniel Lima está em liberdade por conta de liminar do Superior Tribunal de Justiça. O jornalista é, entre outras vertentes analíticas e críticas à frente de CapitalSocial, um oponente às artimanhas do mercado imobiliário no Grande ABC, onde Milton Bigucci atua e é considerado campeão regional de abusos contra a clientela, de acordo com denúncia do Ministério Público do Consumidor de São Bernardo. 

Na sequência, o que o leitor vai ler são trechos dos artigos de Daniel Lima destacados pelos criminalistas de Milton Bigucci, empresário denunciado na Máfia do ISS e que dirigiu o Clube dos Construtores durante 25 anos. Daniel Lima apresenta em seguida a defesa que a 3ª Vara Criminal de Santo André ignorou. As matérias incorporadas à queixa-crime foram publicadas na revista CapitalSocial no primeiro semestre de 2013. 

Acredite quem quiser -- o que segue é a peça-chave de uma inacreditável sentença condenatória lastreada essencialmente no cerceamento de defesa do jornalista durante a audiência no Fórum de Santo André: 

O trecho do quarto artigo destacado pelos criminalistas 

(...) associação dos Construtores do Grande ABC, o Clube dos Construtores, entidade completamente alheia ao mínimo desejável de representatividade de classe e, mais que isso, inteiramente divorciada dos pressupostos de relacionamento comprometido com os anseios da sociedade.

Os argumentos que Daniel Lima não pôde apresentar 

Não existe uma viva alma na região, exceto as almas suspeitas de sempre, a restringir o enunciado deste jornalista. O Clube dos Construtores com Milton Bigucci não passava – e agora vou ser mais incisivo e claro – de um grupinho interessadíssimo em manipular o preço do metro quadrado na região. Como provam publicações diversas que transformaram Milton Bigucci no arauto da felicidade. As bolhas imobiliárias que dominam a região são a prova do crime de lesa-credulidade.  Milton Bigucci se esmerou em retirar a verdade dos números naturais que recebia do Secovi (Sindicato da Habitação, em São Paulo) e manipular da maneira que mais o interessava como agente econômico especulativo. 

Vou ser mais claro, reto e direto: cansei de publicar, com provas numéricas irrefutáveis, que Milton Bigucci se utilizou do Clube dos Construtores para se tornar espécie de deus (não seria diabo?) das estatísticas do mercado imobiliário da região. Foram desmascaramentos constantes. Tudo, portanto, que diz respeito à função profissional. Chegou o dirigente a oferecer à Imprensa regional (sempre calada, sempre obediente às fantasias numéricas) conclusões que se constataram estapafúrdias e patéticas. 

Resumidamente, e sem perda de tempo, Milton Bigucci chegou a anunciar em várias oportunidades que o mercado imobiliário da Província do Grande ABC superou em números relativos o muito maior e mais rico setor da Capital. Foi desmascarado por este jornalista com base em estudos mais profundos. Os textos foram publicados na revista CapitalSocial. Insofismáveis. 

Tudo isso, infelizmente, foi desconsiderado pelo meritíssimo de Santo André, que pegou o bonde jornalístico andando e não ouviu este profissional. Contava com informações detalhadas. Mas, como invariavelmente a interferência do meritíssimo às minhas tentativas de argumentação dirigia-se a suposta divagação, como se questões complexas devessem ser simplificadas, fiquei a ver navios em termos de defesa. 

Quando afirmo que sob o comando de Milton Bigucci o Clube dos Construtores jamais praticou o que chamo de regionalismo, a realidade dos fatos é incontestável.  Aquela entidade jamais se preocupou com algo que não fosse o próprio umbigo de interesses dos poucos dirigentes que a representavam. Nada mais que isso. Regionalidade para Milton Bigucci é algo tão abstrato quanto inalcançável. E para a entidade que ele dirigia, também. 

Crime é omitir essas informações em balanços críticos que são a marca registrada de CapitalSocial. Como o foram durante os 20 anos em que dirigi LivreMercado -- a melhor revista regional do País.



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