Entre mais de duas dezenas de perguntas que preparei e enviei ao prefeito Orlando Morando para a Entrevista Especial de CapitalSocial, confesso que uma das mais importantes refere-se ao traçado sul do Rodoanel Mário Covas.
Não sou da opinião de que quem pariu Mateus que o embale. Tampouco do radicalismo de que o Rodoanel é um genocídio econômico para a Província do Grande ABC. Entretanto, que Morando tem muito a falar sobre essa serpentina asfáltica que surrupiou todas as projeções dos triunfalistas de que seria uma obra e tanto para o futuro glorioso da região, disso não tenho dúvida.
Orlando Mora0ndo não pariu o Mateus do Rodoanel, embora tenha se exposto durante todo o período pré-obras como espécie de missionário do governador Geraldo Alckmin nas mensagens de que teríamos redenção em forma de logística.
Também não existe fundamento entre o Rodoanel Sul e eventual genocídio econômico da Província do Grande ABC. A obra tem lá seus ângulos positivos, sobretudo no campo da logística de parte dos moradores da região, mas está muito aquém da “melhor esquina do Brasil”, como bradou aos quatro cantos o governador do Estado no dia da inauguração. Aliás, muito antes do dia da inauguração.
Compromisso múltiplo
Como deputado estadual que foi durante três legislaturas e, repito, como agente da felicidade regional a bordo do Rodoanel, Orlando Morando não poderia fazer mais do que fez para interferir no traçado do Rodoanel Sul, de resto uma ditadura ambiental que, por passar apenas tangencialmente por grande parte da geografia regional, introduzia baixa aderência à competitividade regional. Uma competitividade que vai muito além da logística, mas está intrinsecamente ligada à logística.
Como prefeito de São Bernardo, prefeito dos prefeitos no Clube dos Prefeitos e aliado de primeira hora do governador do Estado, Orlando Morando tem, entretanto, mais que dever, mas obrigação de colocar-se no campo de jogo econômico e apresentar propostas para reduzir o peso de desconforto que o Rodoanel provocou na economia regional.
Dito isto, por ora não vou dizer mais nada: apenas esperar que até o final da tarde de segunda-feira o prefeito dos prefeitos da região envie respostas esperadas da Entrevista Especial que contempla o trecho sul do Rodoanel entre muitas temáticas relevantes, as quais, na maioria dos casos, exatamente por serem relevantes, não despertam o interesse dos jornais da região. Como se sabe, na quase totalidade dos casos preferem-se perfumarias que não incomodem os donos circunstanciais do poder municipal.
Não existe coisa pior na prática jornalística do que a acomodação. Em todos os sentidos, mas principalmente quando o interesse público está em primeiro lugar.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)