Deixei o Paço Municipal de São Bernardo no começo da noite de ontem, após uma hora de conversa informal com o prefeito Orlando Morando, certo de que a Entrevista Especial que publicaremos nesta segunda-feira será histórica e arrasadora. Mais de 12 horas depois estou convicto de que não me enganara. Os leitores de CapitalSocial vão ter acesso integral ao material. A análise sobre as respostas do prefeito será publicada no dia seguinte.
É preciso explicar que a Entrevista Especial não se deu da forma que imaginava ao reformatar minha expectativa. O que esperava de um diálogo pessoal, face a face, só se configurou fora dos autos, ou seja, além-fronteiras das questões enviadas 15 dias antes ao titular do Paço Municipal mais importante da região.
As perguntas que enviei por e-mail e que imaginei seriam respondidas pessoalmente foram antecipadamente atendidas pelo prefeito e sua assessoria de comunicação. Recebi assim que cheguei ao Paço Municipal uma copia impressa. Solicitei à assessoria o envio eletrônico do material, de modo a me poupar de digitação. Devo ser atendido nesta quinta-feira.
Talvez o leitor ainda não tenha captado a diferença entre respostas ao vivo e em cores, como, repito, imaginei fosse o encontro com o prefeito, de respostas por e-mail. Não faz muita diferença na essência, mas o faz no conteúdo ambiental. Entretanto, como nos fartamos num bate-papo de mais de uma hora, tempo consumido com leveza e informalidade, acho que a combinação dos dois modelos acabou por dar certo.
Herman é outro
Embora não pareça, sou um cara educado. Perco a linha quanto o interlocutor assim o deseja ou instiga. Gostaria, francamente, de ter o poder de controle emocional de, por exemplo, Herman Benjamin, relator do caso da cassação de mandato de Dilma Rousseff e Michel Temer no Tribunal Superior Eleitoral. Para enfrentar o ministro Gilmar Mendes é importantíssimo controlar os nervos. Na vida cotidiana há muitos Gilmar Mendes a nos desafiar.
Por isso, ou seja, por ser educado, durante o encontro informal com o prefeito passei apenas os olhos nas respostas impressas em algumas folhas de papel sulfite. Preferi deixa para mais tarde. Concentrei-me nas informações do interlocutor. Há vários pontos que não posso revelar porque integraram o que no jargão jornalístico se chama de “off”. Outros são irresistíveis. Como o desabafo de que as cortinas sempre cerradas do gabinete do prefeito já fizeram muitos aniversários e estão carcomidas. Brinquei com a observação do prefeito: “Pelo menos não se enxergam os micos imobiliários”. Ele sorriu.
Disse a Orlando Morando que havia mais de 10 anos não colocara os pés naquele gabinete. Primeiro porque não sou jornalista de frequentar corredores políticos, empresariais e sociais. Minha relação com as fontes se dão em lugares quase indevassáveis. Até mesmo para protegê-las. Segundo porque poucos aceitam diálogos de interesse público.
William Dib na capa
Foi com William Dib, então prefeito, que ali estive para colher informações que transformei em Reportagem de Capa da revista LivreMercado. A imagem de Dib tomou o assento do Fusca no lugar de Juscelino Kubschecht no aceno de inauguração da fábrica de São Bernardo da Volkswagen do Brasil. Eram tempos de esperança de mudanças econômicas na região. Tempos frustrantes, como o tempo provou.
A Entrevista Especial com Orlando Morando que publicaremos segunda-feira e analisaremos no dia seguinte é histórica e arrasadora. Só espero que os leitores esperem que eu molhe o bico analítico antes de conclusões precipitadas. Mais não posso dizer.
Só complementar: encontrei esses dois adjetivos no final da noite de ontem ao encerrar a leitura da matéria-prima entregue pelo tucano que também comando o Clube dos Prefeitos do Grande ABC. Pensei em incorporar outros verbetes supostamente definidores do sentimento jornalístico que me invadiu, mas acho que são desnecessários. A âncora de “arrasador” e “histórico” é o interesse público, mais que qualquer veleidade jornalística ou do entrevistado.
Sem cabotinismo, tenho a impressão que o dia seguinte (da análise) vai ser bem melhor que a Entrevista Especial com Orlando Morando. Acho que valerá a pena esperar.
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