Imprensa

Morando frustra expectativa
com a fábrica de caças suecos

DANIEL LIMA - 21/06/2017

O que teria a dizer o prefeito cujo antecessor cantou em prosa e verso durante os últimos anos a chegada de uma fábrica da estrutura dos caças suecos Gripen, modelo escolhido e contratado para equipar a Força Aérea Brasileira? Quinze dias após o recebimento da Entrevista Especial preparada por esta revista digital Orlando Morando não dispunha de informações substantivas. A resposta publicada dia 12 de junho neste site está sendo reapresentada neste texto, assim como a pergunta deste jornalista. Em seguida, conforme o roteiro traçado, vamos analisar as informações do prefeito de São Bernardo nesta série que chega à quinta edição. Ainda teremos outras. Ao todo foram 24 perguntas centrais. 

A pergunta de CapitalSocial 

O prefeito que o antecedeu, Luiz Marinho, deixou de herança, embora de forma ainda rarefeita, a expectativa de que São Bernardo teria uma unidade de indústria de defesa, no caso a fábrica de estruturas metálicas do Gripen, que centralizaria salto à geração de um polo do setor na região. Não há sequer uma só notícia que dê conta de preocupação do senhor com o assunto. O Gripen não lhe interessa, há fatores extra-região que recomendariam o distanciamento ou então o senhor não acredita que São Bernardo será contemplada com a fábrica dos caças suecos?

A resposta de Orlando Morando

Precisamos deixar claro que meu antecessor não deixou, sob qualquer aspecto, heranças sobre esse assunto. O que acompanhamos foi uma série de propagandas, desde 2010, mas que em nenhum ponto se notou efetividade. Algo pirotécnico que rendeu até viagens à Suécia. Tanto é que, ao encerrar gestão, o antecessor se esquivou de responsabilidades pela não concretização das propagandas. O caso rendeu investigações por parte do MPF (Ministério Público Federal) e Polícia Federal. Como atual gestor, tenho me empenhado pela fomentação de novos negócios no Município de forma transparente, incluindo, esse caso, por exemplo.

Meus comentários 

É inconcebível sob qualquer aspecto de Administração Pública que Orlando Morando não tenha tido iniciativa para informar os contribuintes sobre o empreendimento que simbolizaria possível redirecionamento fora do eixo automotivo prevalecente em São Bernardo.

A situação se agrava sabendo-se como se sabe que o projeto de uma fábrica de estrutura metálicas dos caças Gripe em São Bernardo é de interesse regional, sendo o prefeito de São Bernardo também titular do Clube dos Prefeitos do Grande ABC.

Nem de longe se poderia imaginar que Orlando Morando não teria uma novidade sequer sobre a fábrica dos caças suecos. Saber em que pé está o cronograma desse que é, no conjunto, um dos maiores investimentos do governo federal (serão mais de US$ 5 bilhões) deveria ser prioridade absoluta da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. 

O que se pergunta é se há desinteresse da gestão tucana em contemplar iniciativa do antecessor petista Luiz Marinho, a quem supostamente seria creditada parte do investimento, ou se falta à Prefeitura de São Bernardo algo que coloque para valer o desenvolvimento econômico como destaque.

Sabendo-se como se sabe que há emaranhado de interrogações a cercar o investimento dos suecos em São Bernardo (CapitalSocial se dedicou a isso em muitos textos), Orlando Morando deveria ter ido a campo em busca de esclarecimentos até mesmo para oferecer, quem sabe, um cardápio de contrapartidas oficiais e, mais que isso, transmitir à sociedade luminosidade sobre o empreendimento. Prevalece, como o próprio prefeito estimula em sua resposta, desconfiança generalizada.  

Há muita obscuridade envolvendo São Bernardo e os caças suecos, além de complicações na esfera federal de altas patentes petistas do governo Dilma Rousseff. Precisamente por isso e também para assegurar que o anunciado investimento não fuja, Orlando Morando não poderia esperar herança do antecessor. 

Herança de fato já existe e se traduz no compromisso dos suecos instalarem a fábrica em São Bernardo. Um compromisso que estaria esgarçado não só com a troca de governo federal e de administração municipal, mas sobretudo porque não falta quem identifique mudança de rumo da empresa como maneira de desvencilhar-se das suspeições tentaculares de São Bernardo então petista. 

Estivesse o prefeito Orlando Morando dedicado à iniciativa do antecessor, não teriam faltado medidas de apoio em tratativas junto à Saab para reforçar o interesse de sediar a fábrica.  



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