A intermitência do Blogdoraddi assemelha-se à chuva de hoje. Verdade. Mesmo porque, só escrevo quando estou afim. Deveria ser mais assíduo, reconheço. Mas não abro mão de passear pelas montanhas, desertos, nevados, vulcões, lagoas, cachoeiras, matas e trilhas da vida. Então, vamos ao que interessa. Prometo tentar não desfilar delongas.
Na década de 60, lá na minha São José do Rio Pardo, mais especificamente na saudosa Fazenda Boa Esperança, festa junina era uma de nossas alegrias de moleque sem maldade, a anos luz de distância das tecnologias atuais.
Era um verdadeiro evento. A começar pela reza do terço. Sempre por conta das incansáveis avós, tias e tios. Minha nossa, como se empenhavam pra dar tudo certo. Para nós, adolescentes, as orações pareciam intermináveis.
Primos e amigos estavam mais interessados era no início da farra, da bagunça. Fogueira, bombinha, fedegoso, rojão de vara, doce de leite, pé-de-moleque, batata doce, pipoca, paçoca e muito, muito quentão. Tomávamos às escondidas! Atrás do paiol.
OLHA A CHUVA! OLHA A PROPINA!
Lógico que não faltavam beijos roubados e a quadrilha da simplicidade. Santo Antonio, São João, São Pedro...e muita dança. "Olha a chuva! Olha a cobra! A ponte caiu! Já consertou!" E tome quentão! Que delícia! Quanta inocência!
Gozado: ninguém procurava o chefe da quadrilha. Bem diferente de hoje. "Olha a Lava-Jato! Olha a PGR! Olha a OAS! Olha a JBS! Olha a propina! Olha a delação!" Em plenas festas juninas, hoje só se especula sobre quem seria o chefão, o real cabeça da corrupção endêmica.
Chefinhos existem vários. De lambaris e bagrinhos a curimbas e dourados. Mas é preciso nomear, provar e pegar os tubarões. Ministério Público, Procuradoria Geral da República e Imprensa não são perfeitos, mas estão atentos.
Afinal, quem seria o cara? Um dia a capa de revista estampa Lula Não Sei de Nada como chefe da quadrilha que mina as forças e as finanças de uma nação. No outro, o empresário-bandido Joesley Batista -- santinho à solta em troca da delação premiada -- acusa o atual presidente, Michel Dissimulado Temer.
Ou seria a ex-presidente Dilma Professoral? Difícil. Pode fazer parte do time, mas não tem cacife. Quem sabe Aécio Coxinha Quase Eleito Neves? Tanto faz. Independentemente de coloração partidária, todos são farinha podre do mesmo saco!
Assim como Romero Jucá, Renan, Eduardo Cunha, Rodrigo Maia, Sérgio Cabral, Moreira Franco, Henrique Alves, Geddel, Eliseu Padilha, Pimentel, Mantega, Zé Dirceu, Pallocci, Vaccari, Rocha Loures e um sem-número de cupinchas e apadrinhados.
Quase todos bandidos travestidos de políticos profissionais, jamais a serviço da população. São viciados em costuras de proteção mútua e conchavos de alcova. Todos têm telhado de vidro.
Me engana que eu gosto! Sou apenas meio trouxa, não-juramentado! Salvo raríssimas exceções, são egoístas, umbilicais, cínicos, irônicos, manipuladores, mentirosos e preguiçosos.
Tanto quanto empresários poderosos da "estirpe" de Joesley Batista, Emílio e Marcelo Odebrecht, Eike Batista, Leo Pinheiro, Ricardo Pessoa e tantos outros , invariavelmente ligados a pares executivos, doleiros, marqueteiros e diretores da Petrobras e outras estatais ou instituições como BNDES, Caixa, fundos de pensão e correlatas.
MORO, JOAQUIM OU DANIEL NA PRÓXIMA CAPA?
Com tantos candidatos a chefão das multiquadrilhas, não se surpreenda, caro leitor amigo, se a próxima capa de revista mostrar o juiz Sérgio Moro como o "cara". Ex-presidente do Supremo, Joaquim Barbosa é outro que não pode ser descartado. Procurador geral da República (?), o corajoso Rodrigo Janot corre por fora. Assim como a ministra Carmen Lúcia, atual presidente do Supremo Tribunal Federal.
Pelo andar da carruagem das incongruências e das injustiças, tenho um homem probo como outro indicado a chefão. Afinal, se quase todos os verdadeiros bandidos políticos e sociais estão à solta, por que não se voltarem os canhões pra quem tem caráter, lisura, profissionalismo e comprometimento de sobra?
Quem? O jornalista Daniel Lima. Sim! Já tem currículo de fazer inveja à bandidagem profissional. Afinal, meu amigo e irmão foi condenado a oito meses de prisão -- só está livre por força de habeas corpus -- simplesmente porque ousou criticar o todo-poderoso empresário Milton Bigucci, então à frente do Clube dos Construtores do Grande ABC.
Segundo denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo, Bigucci faz parte da máfia do ISS de São Paulo. Porém, pasmem, quem tem prisão decretada é o jornalista que empilhou verdades sobre verdades contra o poder.
Só que um juiz de Santo André acatou as acusações do empresário porque Daniel Lima rotulou -- com razão -- a entidade como pífia, chinfrim e mequetrefe... Decisão absurda, autoritária, rasteira, pequena e, infelizmente, por enquanto acatada em parte pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
Às favas a liberdade de expressão, ao jornalismo sem censura, diria o polêmico e nada modesto ministro Gilmar Mendes. Daniel, sim, deve ser tratado como chefe de quadrilha, embora seja voz rara, senão única, e preciosa contra tudo de errado que se passa na província do Grande ABC.
Destemido, incorruptível, apartidário e genial para muitos; desmedido, destemperado e louco para outros, Daniel é metido a besta, marrento, não foge do pau. É indispensável em defesa de uma sociedade mais limpa, mais ética e mais justa.
Por isso é um vulcão no meio do caminho de quem se locupleta às custas do cidadão comum. Por isso os senhores do engenho, os capitães e os coronéis da província querem vê-lo fora de circulação, se possível preso.
O SEMASA E A CAIXA PRETA DA FUNDAÇÃO ABC
Bico calado. Nada sobre o aeroporto de Marinho, nada da Braskem. Muito menos da Odebrecht Ambiental, das licenças e das falcatruas do Semasa. Quem vai bater de frente com políticos corruptos e incompetentes, sindicatos corporativistas, entidades omissas e empresários negligentes?
Quem vai fazer a leitura correta, minuciosa e imparcial dos números de uma economia regional capenga e hoje distante dos velhos tempos?
Quem vai questionar a importância do Rodoanel para a economia da província e defender os pequenos construtores da antropofagia ditatorial dos grandes conglomerados? Quem vai denunciar a empreiteira regional parceira no propinoduto da Petrobras? Quem vai peitar as grades curriculares e as diretrizes tortuosas da Universidade Federal de Santo André?
Só mesmo um jornalista com meio século de carreira invejável vai desvendar -- se o Ministério Público não se omitir -- a milionária caixa preta da Fundação ABC ou com o caixa dois/troca-troca de Marinho, Grana e Cia dissimulado em doação oficial.
Só calando e censurando jornalistas de verdade as mazelas dos políticos e seus satélites à frente de nossas prefeituras, autarquias e entidades de classes mancomunadas poderão ser levadas a cabo sem transtornos.
Bem melhor sem um cabeçudo a vigiar, questionar e denunciar né?. Felizmente, alguém sem o cagaço e o cordeirismo do medo tão comum na Imprensa-assessoria, de cabresto, também a mamar nas mesmas gordas tetas do Poder Público.
Então, se meu irmão deve ser calado na marra, por que não denunciá-lo também como chefão das multiquadrilhas? Não custa tentar! Quem sabe cola! Vai livrar Lula, Temer, Aécio... Pagaria pena proporcional ao meio século de bons serviços.
Simples assim! Se ninguém se opuser, e não surgirem fatos novos, o poder dos fracotes, dos ditadores, dos mesquinhos, vai adorar definir um "jornalista de merda", perseguido por grupelhos encastelados no poder provincial, como bode expiatório de todas as lambanças que campeiam Brasil afora.
Sempre haverá um juiz incauto de plantão!
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)