A única influência que tenho na lista das mais lidas que a cada troca de mês aparece na primeira página desta revista digital é que produzo a maioria dos textos numa volúpia já conhecida, até porque terapêutica. Por isso, tanto quanto os leitores, as mais lidas matérias do mês passado são aguardadas com alguma expectativa a cada dia primeiro. Talvez seja porque todo mundo goste de saber se tomou o caminho certo ao despender tempo supostamente para entender o que acontece nesta Província.
Hoje, particularmente um dia de glória para quem entende de futebol, seja amante das cores em festa ou renitente opositor (todos igualmente representantes de cores de muito valor), vejo que três assuntos abrasivos tomaram conta deste site. Como no mês passado, vou tentar destrinchá-los de forma bastante sucinta, mas nem por isso superficial.
Afinal, por que “Predadores imobiliários prontos para dar golpe nos compradores”, “Ociosidade da Volkswagen é um retrato privilegiado da Província” e “Perguntas para Paulinho Serra de logística a aumento do IPTU” saltaram às três primeiras colocações segundo contagem tecnológica de algoritmos que não são nada íntimos deste jornalista?
Mais que não serem nada íntimos, os algoritmos estão longe de qualquer controle de minha parte. Possivelmente até esteja errado, porque monitoramento republicano poderia me auxiliar a definir com certa engenhosidade de audiência o que mais conviria aos leitores. Mas isso é assunto para muitas horas de debates.
Coisa de especialista
O que posso dizer é que o especialista que cuida deste site e que entende demais do assunto já tentou me explicar a funcionalidade do mecanismo, mas não lhe dei muita bola. Por mais didático que seja, sempre haverá abismo entre um especialista na matéria e um leigo como eu.
É verdade que procuro suprir deficiências com muita leitura sobre tudo que diz respeito ao mundo digital. Não à toa, aliás, um de meus filhos faz especialização na área. Um dia desses convido o especialista para me dar uma lição prática, por assim dizer.
Comecei a dizer aos leitores o que se passava com as mais lidas há menos de um mês, quando analisei a lista das três primeiras de julho. Foram alçadas à liderança pelos algoritmos as seguintes matérias: 1) a crítica ao prefeito Paulinho Serra por ter dado um golpe nos contribuintes ao introduzir uma modalidade eticamente espúria de aprovação do aumento do IPTU; 2) o 11º primeiro capítulo da versão farsesca da morte do prefeito Celso Daniel em forma de livro; 3) e a indagação sobre as razões que levaram (e continuam a levar) o promotor criminal da Habitação de Santo André, Fábio Franchi, a não fornecer informações relevantes do empreendimento Residencial Royale.
Formadores de opinião
As mais lidas de agosto, citadas no início deste artigo, mostram o mesmo viés saudável dos leitores. Pela densidade de participação de formadores de opinião (esse é o nosso público-alvo, como o era a revista LivreMercado), sugeriria aos alvos de restrições que tomem providências no sentido de consertarem os estragos que eventualmente lhes causo.
O mercado imobiliário forjador de empreendedores sérios e honestos mas também de corruptores geralmente impunes ocupa direta e indiretamente duas das três matérias mais lidas de agosto.
Escrevi sobre distratos mobiliários e o risco de os compradores de imóveis serem ludibriados por uma nova legislação que protegeria o baronato do setor, que manipulam as regras do jogo nos bastidores das administrações públicas e agora querem fazê-lo também na regulamentação de contratos leoninos.
A outra matéria versa sobre o aumento do IPTU. O anúncio de que uma de mais de duas dezenas de perguntas que enviei ao prefeito Paulinho Serra, de Santo André, em Entrevista Especial, diz respeito ao aumento do imposto na calada da noite, alcançou audiência estonteante. Resta saber se o tucano vai fugir da raia, como alguns já assopraram.
Prazo dilatado e final
Endereçada a Entrevista Especial em 8 de agosto, o titular do Paço Municipal de Santo André terá até a próxima terça-feira o prazo final dilatado para atender contribuintes. Sim, atender contribuintes, porque este jornalista e este site são apenas uma ponte entre o Poder Público e a Sociedade.
Certo que não somos uma ponte burra, covarde, silente, permissiva. Se as respostas não chegarem até terça-feira o trabalho será automaticamente cancelado. Respeito é o mínimo que o profissionalismo exige.
Completando a trinca temática que mais despertou o interesse dos leitores em agosto, eis que salta à cena de responsabilidade social desta revista digital a situação da Volkswagen do Brasil. “Ociosidade da Volkswagen é um retrato privilegiado da Província” retrata a constante preocupação deste jornalista com o andar da carruagem de fogo das montadoras e das autopeças na região.
Depois de o governo Fernando Henrique Cardoso liquidar com as pequenas empresas do setor automotivo por conta de política elitista de proteção às montadoras, os governos petistas tudo fizeram para continuar a dar vida mole às grandes empresas do setor.
E o que temos como resumo da ópera é a fragilização permanente do setor industrial da região. Com perspectivas nada satisfatórias, embora a maioria se deixe iludir por casos específicos de sucesso ou busca de sucesso sempre com a guarida do governo federal.
Sindicalismo e montadoras
Se há duas coisas que seduzem a mídia nacional, quando não a levam à idolatria danosa a muitas outras vertentes econômicas, são o sindicalismo e as fábricas de veículos. As duas parcelas de ineficiências de competitividade nacional se dão as mãos frequentemente para arrancarem o máximo do governo federal – e dos contribuintes em geral.
Hoje mesmo o Diário do Grande ABC, que sempre protegeu os sindicalistas e se entregou às montadoras, produz matéria em que demonstra preocupação com o fim do programa Inovar-Auto, respiradouro à vida mais que mansa das montadoras. Preferimos nos enganar enquanto o mundo gira numa velocidade competitiva que há muito nos transformou em cágado tecnológico.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)