Imprensa

Entenda por que Radiosapp
reforça ação de CapitalSocial

DANIEL LIMA - 06/09/2017

Há pouco mais de um ano organizei um grupo de leitores da revista digital CapitalSocial com o uso de um aplicativo, o Whatsapp. Batizei a ferramenta de comunicação de Radiosapp, corruptela unindo a velocidade e as facilidades do radio e as especificidades técnicas de um aplicativo que ultrapassa todos os limites da imaginação de quem viveu o que já vivi tendo nascido no século passado, mais precisamente em meados do século passado. 

São algumas centenas de leitores de CapitalSocial cadastrados que sabem, em primeira mão, o que está reservado a cada dia nesta revista digital. Mais que isso: também tomam conhecimento de pontos de vista que nem sempre migram para este site. 

Por exemplo: quando estourou a visita de Joesley Batista na calada da noite ao presidente Michel Temer, no Palácio do Jaburu, não tive dúvidas em projetar o fosso ético de incompatibilidade do cargo e a responsabilidade com o País. Houve manifestações imediatas contra e a favor da intervenção crítica. A maioria, a favor. 

Não custa lembrar que a lista dessa confraria de leitores é de conhecimento apenas deste jornalista. É uma rede de mão única. Não há interação entre os participantes, exceto com o coordenador. Sei lá que nome se dá a esse tipo de agrupamento. É possível que exclusivamente por conta de identificações individuais haja informações sobre eventuais participantes. Nada que tenha relação direta com a gestão centralizada, que obedece rigorosamente preceitos de norteiam o segredo da fonte que todo jornalista de verdade preserva. A ferro e fogo, se necessário. 

Intermitência verbal

A Radiosapp CapitalSocial não é uma comunicação diária, embora integrantes da rede tenham contato permanente com este jornalista. Explico: a radio propriamente dita de vez em quando sai do ar, às vezes até por uma semana, e dá espaço à forma impressa no formato de Whatsapp da revista CapitalSocial. Trocando em miúdos: em vez de usar a voz, é comum usar textos. Faço isso conforme a situação. Em julho, por exemplo, fiquei 30 dias fora do ar verbal, mantendo apenas o impresso, porque sofri desarranjo físico que me sequestrou a voz e a audição. 

A Radiosapp CapitalSocial é uma maneira de voltar ao passado com a experiência de mais de 50 anos de jornalismo. Aos 15 anos contava com um programa (“Luz nos Esportes”) na Radio Luz de Araçatuba, além de escrever para a revista semanal Cinelândia. A precoce voz grave dava credibilidade aos enunciados tanto quanto o inconformismo já latente naqueles tempos de Regime Militar, embora não exercitasse qualquer pendão político. 

Eram tempos difíceis. Preparava os textos juntamente com Fernandes Renault, pseudônimo do companheiro de trabalho, bem mais velho do que eu. Ocupava o microfone com certo desembaraço, mas num ritmo de articulação de frases veloz demais, o que me exigia policiamento constante. O tempo foi equilibrando raciocínio rápido e expressão verbal sem atropelamentos. Mas ainda tenho de me policiar sempre. Sobretudo quando há algum desvio emocional. 

Conflito cognitivo

Dizem os especialistas ao explicar o desacordo entre palavras que tentam correr atrás de pensamento impetuoso que tudo não passa de conflito cognitivo.  De certa forma me sinto envaidecido como esse diagnóstico porque poderia sugerir que mais jovem quebrava a normalidade de acordo compulsório entre pensar e falar, tendo sempre à frente o reflexo mental. Pena que a idade vai dando um jeito de empatar o jogo. Pena até certo sentido, porque as responsabilidades aumentam com o passar do tempo. 

Mas o que pretendo escrever mesmo é que a Radiosapp CapitalSocial é um achado. Já tive propostas para aumentar a audiência, incorporando milhares de endereços eletrônicos. Tenho resistido. Prefiro conhecer a maioria dos ouvintes que também são leitores. E os conheço em larga proporção. Conheço o que a maioria pensa. E o que eles pensam me agrada porque são ideologicamente ecumênicos. Detestaria escrever e falar para irmãos siameses. Gosto do bom combate de ideias e o encontro na diversidade de integrantes do grupo. 

Agrupamento ecumênico 

O que posso traduzir aos leitores (e também aos ouvintes da Radiosapp, que receberão em primeira mão este artigo) é que manter contato com o pessoal dessa rede é sempre prazeroso. Não existe gente mal educada entre ouvintes e leitores. Mas se houvesse também não registraríamos desgosto. Prefiro mil vezes o discordante pouco cortês ao educado por conveniência. O opositor circunstancial ou persistente é a chave de ignição da elasticidade infinita do conhecimento. Adoro desafios intelectuais. A mediocridade me assusta tanto quanto o congelamento intelectual, geralmente fruto do enclausuramento ideológico. 

De vez em quando a Radiosapp cede espaço a mensagens e de terceiros. Casos de artigos e mesmo de vídeos que valem a pena socializar. Repasso-os geralmente sem qualquer interferência direta, que poderia ser traduzida como aval ao conteúdo.  

Acho que leitores e ouvintes sabem exatamente o perfil do jornalismo que pratico. Não jogo para a plateia com jornalismo de acordo com interesses próprios e de grupos. No meu caso, e sofro ante o senso crítico familiar, faço exatamente o oposto: mais crio problemas aos meus do que os resolvo. 

Riscos da profissão 

Vou dar um exemplo do quanto falar em meu nome pode significar complicações. Se alguém for encaminhado por mim (seja quem for, familiar ou não) a determinada tarefa, há um risco enorme de sair chamuscado. 

Primeiro porque poderá encontrar um dos muitos adversários que me querem morto ou preso, de preferência morto. Não faltam integrantes do Festeja Grande ABC, cujo objetivo é esconder mazelas e nadar de braçadas nos compadrios. 

Segundo porque pode encontrar alguém que o atenda tendo os olhos postos em eventual aproximação longe dos padrões republicanos. Como vai perder reciprocidade, possivelmente retaliaria. 

A fragilidade institucional da Província dos Sete Anões, outrora Grande ABC, é tão escandalosa que posso medi-la também pelo ângulo do risco de alguém indicado por mim poderia numa entrevista de emprego. A possibilidade de passar pelos dois mata-burros, a discriminação ou a proteção com segundas intenções, será sempre prevalecente.

Familiares na mira 

Tenho exemplos práticos na família de que a linhagem jornalística com compromisso como a sociedade é um tiro nágua. O primeiro é de uma jornalista de mão cheia, uma das principais responsáveis pelo sucesso editorial de LivreMercado, dispensada após oito anos de trabalho em uma entidade pública. Um dos prefeitos de então cansou de críticas nesta revista digital. Não passou um mês pós-demissão e eis que houve uma tentativa de aproximação, reconsiderando-se a medida. Mandei o emissário para aquele lugar. A jornalista ficou desempregada dois anos. 

O segundo exemplo tem significado exatamente oposto, de um prefeito do mesmo partido daquele que defenestrou a jornalista que ousou integrar minha família.  Nesse caso, envolveu outro membro familiar, chamado a atuar na Prefeitura de Mauá e que, tempos depois, decidira pedir a conta. E o fez, apesar de reiteradas tentativas do prefeito em tê-lo na equipe. 

Numa das raras visitas àquele prefeito, num trabalho jornalístico, ouvi dele e da secretária de Comunicação quase que uma cobrança para que sensibilizasse meu parente a voltar àquele Paço Municipal. A capacidade profissional era reconhecida, forjado que fora na revista LivreMercado, a melhor publicação regional do País durante quase duas décadas.  

Num caso e no outro não tive a menor participação tanto na contratação quanto no rompimento dos vínculos. Se o primeiro prefeito, mesquinho, imaginou que a linha editorial desta revista digital fosse arrefecer, caiu do cavalo. Quanto ao segundo, restou o agradecimento por ter desvinculado uma coisa da outra. Aliás, anteriormente, esse mesmo integrante da família fora contratado para atuar na gestão de Aidan Ravin em Santo André. Peguem o acervo desta revista digital e vejam quanto aquele prefeito apanhou nestas páginas.

Transparência e comprometimento 

Aparentemente, teria derivado demais do foco da Radiosapp CapitalSocial? Qual nada. O dia a dia da comunicação na região precisa de transparência, de comprometimento com os leitores. É para tanto nos esforçamos dia sim, dia sim também. 

Acabo de enviar aos ouvintes da Radiosapp CapitalSocial algumas fotos do que tenho de mais valioso em meu escritório de trabalho: armários e armários recheadíssimos de acervo de papel. Que tipo de papel? Páginas de jornais e revistas de tudo o que leio diariamente e seleciono para arquivar em ordem temática e cronológica, até que mais adiante faça operação pente fino e só mantenha o que suportou o peso do tempo. 

Conto no arquivo em papel com algo que a Internet não oferece. Um dia desses vou explicar as razões que detonam a ideia dos apressados de que se dispensariam esses cuidados de arquivo material num mundo em que o digital toma conta de tudo. Uma coisa necessariamente não exclui a outra, mas, em se tratando de jornalismo, em muitos casos uma coisa exige a outra. Ou seja: papel e digital fazem parceria perfeita. 



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