Imprensa

Um ano sem Sérgio Gomes,
o bode expiatório do MP

DANIEL LIMA - 25/09/2017

Ainda não esgotamos o estoque que chamaria de prioridades para desmascarar o livro do jornalista Silvio Navarro sobre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. Já escrevemos 12 capítulos sobre o assunto. Quarta-feira, 27 de setembro, será o 13º. A morte de Sérgio Gomes da Silva completará um ano. Ele foi escolhido pelo Ministério Público Estadual para uma virada no jogo até então totalmente desfavorável aos tucanos e sua política de Segurança Pública. Palavra de um jornalista que não tem rabo preso.

Tenho batido tanto nas barbaridades do jornalista Silvio Navarro que, às vezes, chego à conclusão que já se esgotou a análise do livro (“Celso Daniel, Política, corrupção e morte no coração do PT”).  Mas sempre sou colhido no contrapé. Encontro um e outro pontos muito mal explicados, quando não acintosamente maltratados. Acho que não é mérito algum esticar as análises. Tudo se deve, mesmo, à profusão de escorregões do autor. Também, quem mandou confiar em fontes pra lá de suspeitas? 

Direita e esquerda abobalhadas

Sei que firo interesses da direita quando escrevo sobre o caso Celso Daniel tanto quanto contrario esquerdistas ao enaltecer sem restrições a atuação da Operação Lava Jato. Faz parte do cardápio de independência ideológica encontrar restrições de um lado e de outro do tabuleiro de baboseiras daqueles que colocam interesses políticos e partidários acima de tudo. 

Estou me lixando para todos eles. O compromisso com os leitores é meu dogma. Mesmo reconhecendo – e reconhecendo fartamente – que os leitores do caso Celso Daniel são majoritariamente uma massa convicta de que Sérgio Gomes da Silva, o personagem principal do texto de amanhã, encomendou o assassinato do prefeito. 

O prazer que tenho é oferecer a esses leitores avaliações e provas de que perderam tempo demais lendo e ouvindo informações que se repetiram ao longo dos anos. Carrego também uma experiência profissional no caso Celso Daniel que nenhum jornalista brasileiro sequer resvala. O que posso fazer se não fiquei pulando de galho em galho em matéria de emprego? 

Os jornalistas que se ocuparam inicialmente da cobertura do caso Celso Daniel não o fizeram de forma prioritária e exclusiva. E em uma década e meia de desmembramentos, ficaram pelo caminho. Quem chega agora ou está há pouco tempo no caso recorre inadvertidamente aos arquivos de papel e, principalmente, digitais. Bobagens são requentadas como supostas verdades. 

Silvio Navarro deu um tempero de romance às páginas que produziu, mas as fontes primárias que embasaram o livro continham vícios de origem de informações de má qualidade, tendenciosas, incompletas e especulativas – tudo emanado da força-tarefa do MP, que cumpriu a risca a ordem de combater o PT na espetacularização da aguda fragilidade da Segurança Pública no Estado. 

Massificação de mentiras 

Também defenderia até a morte essa tese. A massificação de que tudo não passou de uma armadilha preparada contra o então prefeito de Santo André prevalece arrasadoramente na sociedade. Experimentem (apenas para entender a razão dessa conclusão) industrializar uma mentira cabeluda e impedir que qualquer representante do outro lado do muro dos fatos se manifeste durante anos a fio. 

Foi o que ocorreu com o caso Celso Daniel. A força-tarefa do Ministério Público, que atuou em flagrantes conflitos com a Polícia Civil de São Paulo e também com a Polícia Federal, reinou durante quatro anos na consolidação pública da versão de crime vinculado à Administração de Santo André. Representantes da Policia Civil, que realizaram três investigações distintas e concluíram que se tratou de crime comum, foram impedidos de dar entrevistas durante todo esse tempo. 

Então, ficamos assim: quem quiser conhecer a verdade dos fatos, em novo capítulo, é só esperar até esta quarta-feira. Produzi um texto arrasador em oposição à bobagem de crime de encomenda. Corrupção na gestão de Santo André durante o período de mandatos de Celso Daniel (assim como de antecessores e sucessores, na maioria dos casos) é uma coisa; vinculo entre uma coisa (corrupção) e outra (assassinato) é outra. Nada tem a ver, para ser mais preciso. 

Silvio Navarro escreveu um livro para ser vendido. Já escrevi muitos livros -- embora não no formato de livro -- sobre o caso Celso Daniel simplesmente para que o caso seja compreendido longe de qualquer viés. 



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