O excesso de oferta de vagas nos hotéis recentemente entregues, a liberdade de imprensa e os transtornos econômicos provocados pelo trecho sul do Rodoanel Mário Covas, acentuados com a chegada anterior do trecho oeste, da Grande Osasco, lideraram o ranking de leitura desta revista digital em setembro. Esses resultados constam da primeira página desta publicação. Imprensa, economia e logística são três dos principais temas analisados sistematicamente por CapitalSocial.
Tomo conhecimento do balanço mensal das três matérias mais lidas como todo leitor deste site. A cada virada do mês dou uma espiadinha na primeira página. Faço algumas apostas comigo mesmo. Nada que beire a obsessão. Não escrevo necessariamente para forçar audiência. Não sacrifico a realidade dos fatos em favor de algum tipo de estardalhaço informativo. Deixo essa tarefa aos açodados. A pressa e o sensacionalismo de hoje custam muito caro à credibilidade.
O mercado imobiliário, tradição de análises de CapitalSocial, é chamariz de audiência porque é de interesse coletivo. Por isso investimos muito e permanentemente em apurar fatos e tendências. O histórico de acertos pode ser comprovado a cada nova edição. Cantamos a caçapa da crise no setor quando todos comemoravam números fraudulentos do então presidente do Clube dos Construtores, Milton Bigucci. Nadamos contra a maré de manipulações que satisfaziam exploradores da credulidade alheia, cujos custos sociais estão à mostra.
Basta verificar o noticiário de passado recente – e isso vale para todos os veículos de comunicação, inclusive ou principalmente os de grande porte – para constatar o quanto os industrializadores de resultados muito além do razoável contaram com descuidos ou mesmo com a colaboração acrítica das publicações.
Tipologia da bolha
Bolha imobiliária é uma expressão que utilizamos neste espaço como sinônimo de que não se vivia algo semelhante ao que ocorreu a partir dos Estados Unidos, e que culminou na crise internacional em 2007, com ramificações no território nacional a partir do quarto trimestre do ano seguinte. Bolha imobiliária no Brasil tem, por conta de anteparos legais, conotação de estragos entre oferta e demanda, com riscos de inadimplência dos eufóricos compradores de imóveis que acreditavam no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) indefinidamente, como se a matriz consumista do governo Lula da Silva, seguida por breve período do primeiro mandato de Dilma Rousseff, seria eterno. Faltou combinar com os russos do desequilíbrio fiscal e do recuo da valorização das commodities.
Quanto à liberdade de imprensa ou liberdade de opinião ou mesmo liberdade de expressão, conceitos assemelhados que podem identificar no atacado a descabida sentença do juiz da 3ª Vara Criminal de Santo André, Jarbas Luiz dos Santos, contra este jornalista, o interesse dos leitores é provavelmente fruto da estupefação.
Afinal, é impossível ficar indiferente à arbitrariedade parcialmente abrandada no Tribunal de Justiça de São Paulo. Como disse o advogado Alexandre Marques Frias, a próxima etapa é a absolvição completa deste jornalista no Superior Tribunal de Justiça, em Brasília:” Não queremos prescrição, porque a causa é mais que justa” – afirmou.
Erros muito maiores
Não bastasse a abusiva sentença em forma de atestado de desconhecimento do meritíssimo à pratica jornalística com responsabilidade social, o julgamento da queixa-crime movida pelo então presidente do Clube dos Construtores, Milton Bigucci, despreza o devido processo legal, com o soterramento de regras previstas no Código de Processo Penal.
Para completar, o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, foi colhido em completo impedimento numa armadilha preparada – como mostramos no artigo também instalado entre os campões de audiência de setembro – pelo então deputado Orlando Morando. Ou seja: Orlando Morando deputado de oposição preparou uma arapuca para Orlando Morando prefeito quando, entre outros pontos, cobrava do Clube dos Prefeitos atuação mais profícua à potencialização do traçado sul da rodovia que circunda a Região Metropolitana de São Paulo.
Desde janeiro como presidente do Clube dos Prefeitos, Orlando Morando não tomou iniciativa para iniciar ataque frontal aos prejuízos econômicos que o trecho sul do Rodoanel causa à região, como explicamos, mais uma vez, naquele texto.
Metodologia em xeque?
Há alguns aspectos que possivelmente podem até provocar distorções no ranking de mais lidas de CapitalSocial. Possivelmente o principal seja o tempo de exposição dos textos. Um artigo postado no começo do mês conta com mais probabilidades de chegar entre os mais digeridos pelos leitores. Afinal, uma das características editoriais de CapitalSocial é a durabilidade dos artigos que, invariavelmente, não se prendem ao dia específico da publicação.
As três matérias mais lidas de setembro foram publicadas respectivamente nos dias 13 (mercado imobiliário), 14 (liberdade de imprensa) e 15 (Rodoanel). Ou seja: na primeira quinzena.
Entretanto, essa assertiva não está imune a contestações e, portanto, pode sofrer avaria. Basta levar em conta que muitas outras matérias foram editadas em datas anteriores, a partir da primeira semana de setembro, e nem por isso cruzaram a linha de chegada entre as principais na opinião dos leitores.
Reparem os leitores que nenhuma, absolutamente nenhuma das três matérias mais lidas de setembro, está com o prazo de validade vencido. Mais que isso: a higidez das informações em forma de análises deverá se estender por bom tempo. Só perderá a aderência à realidade quando os novos hotéis da região contarem com clientela acirradíssima em busca de vagas, quando este jornalista for completamente absolvido ou quando o trecho sul do Rodoanel deixar de ser um presente de grego para a Província dos Sete Anões, outrora Grande ABC.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)