Imprensa

Leiam nossos contrapontos às
respostas de Paulinho Serra (3)

DANIEL LIMA - 09/10/2017

Neste terceiro capítulo de análise das respostas do prefeito Paulinho Serra, de Santo André, a esta revista digital, concentramos comentários em uma única questão entre as 25 formuladas de Entrevista Especial. Agora faltam 21 a serem examinadas nesse processo de mão dupla que tanto faz falta ao jornalismo brasileiro, especializado, salvo exceções, em ceder aos entrevistados a palavra derradeira sobre as perguntas formuladas, mesmo que as respostas trafeguem em completo descompasso com a realidade. Vejam o que o tucano respondeu sobre os mais de 13 anos do Partido dos Trabalhadores no governo federal e os efeitos práticos na Província dos Sete Anões, outrora Grande ABC.  

Pergunta de CapitalSocial 

O senhor acha que o PT perdeu uma grande oportunidade -- durante mais de uma década de governo federal -- de fazer desta Província o ancoradouro de uma grande reforma do tecido econômico, numa espécie de Plano Marshall? Faltou institucionalidade à região para obter respostas substantivas do poder central ou a fama de região rica atrapalha demandas mais que prementes?  

Resposta de Paulinho Serra

Quem perdeu uma grande oportunidade, infelizmente, foi o nosso País. Ao invés de se construir um plano de crescimento econômico sustentável, optou-se por um plano de perpetuação no poder. Em nenhuma região do País, por graça exclusiva do período petista no governo federal, houve a implementação de um plano estratégico local. Veja a atual situação do Estado do Rio de Janeiro e resgate o discurso acerca dos benefícios que o pré-sal traria para aquela região.   

No cenário local, a Prefeitura de Santo André ficou tão somente à espera de recursos federais e das relações políticas com o alto comando do PT que dirigia o País. Como inexistia planejamento local e com a derrocada do segundo governo Dilma, Santo André não tinha o que oferecer à população. O resultado dessa dependência foi o colapso do sistema de saúde, a desorganização administrativa, a falta de pagamento para fornecedores e um rombo nas contas públicas de R$ 320 milhões.  

Meus comentários 

Nenhum agente com atuação na região bateu tanto na tecla de investimentos lastreados em planejamento estratégico como este jornalista. O prefeito Paulinho Serra faz um resumo tecnicamente correto dos mais de 13 anos do Partido dos Trabalhadores no controle federal e em larga porção na região. Mas se esquece do outro lado da moeda, que o envolve, inclusive: a Província não conta com massa crítica para atuar em favor de mudanças desde que se esfarelou o que supostamente existia de cidadania regional. Faça bom governo ou faça um governo pífio, dificilmente o tucano que dirige Santo André será avaliado dentro das regras de civilidade e responsabilidade social. Poucos lhe darão efetivo valor de atuação e muitos não se oporão a medidas que já estão sendo tomadas. 

A resposta de Paulinho Serra à negligência do PT com o destino da região, pois é disso que tratamos no questionamento, é paradoxalmente um desafio à Administração que assumiu em janeiro último. Quando encerrar os quatro anos de mandato, o titular do Paço Municipal de Santo André sabe que terá contas a prestar. Provavelmente poderá nadar de braçadas quando se compararem os 48 meses com os mesmos 48 meses do antecessor petista, Carlos Grana. Ao menos não lhe restará enorme decepção de deixar passivo de promessas exaustivamente divulgadas pela mídia que, desprezando a lógica fiscal e arrecadatória do País, e também de Santo André, traduziu aquelas informações como favas contadas de sucesso administrativo. 

Ou seja: Paulinho Serra conta com a vantagem mais que potencial, prática, de que não tem uma mala cheia de projeções de obras e atuação firme no setor de atendimento às demandas sociais. Entretanto, nem essa vantagem reduzirá a carga de insatisfação dos contribuintes. Poucos querem saber a cor do gato de recursos orçamentários a aplicar, desde que o gato cace os ratos das demandas que se acentuam na medida em que, empobrecida, Santo André mais carece de recursos financeiros à aplicação na área social. 



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