E chegamos ao quinto capítulo de análises das respostas do prefeito Paulinho Serra a esta revista digital. Ainda falta um longo caminho para zerar essa conta de contraditório imposto pela necessidade de os leitores terem o que chamaríamos de informações mais completas sobre a Entrevista Especial que consta de nosso acervo. No total, são 25 questões abordadas. O tucano que dirige Santo André respondeu a todas após dois esticamentos de prazo-limite. Nada que alterasse o rumo do trabalho.
Pergunta de CapitalSocial
Santo André se tornou um Município acéfalo, sem capacidade de dar densidade a ideias que seguem no acostamento da reforma, quando se sabe que metade da População Economicamente Ativa atua em outros municípios da Região Metropolitana de São Paulo, sobretudo na própria região e a Capital vizinha? Ou seja: a desindustrialização causou mais estragos do que simplesmente o empobrecimento da população?
Resposta de Paulinho Serra
Tenho muito orgulho de nossa cidade e acredito muito no potencial dos andreenses (de nascimento ou não) que trouxeram a cidade até aqui. Nossa gestão tem o compromisso de aproximar todos os atores para, juntos, maximizar as forças existentes e explorar novas oportunidades. Ainda temos muitas pessoas querendo contribuir com ideias de boas práticas administrativas. O que faltava era um espaço para o diálogo e perceber a boa vontade da Administração local que, em outros tempos, não passava qualquer credibilidade. O 1º Meeting Empresarial realizado em nossa cidade foi uma prova de que essa massa crítica quer efetivamente se envolver na tomada de decisão local.
Meus comentários
O prefeito Paulinho Serra é um otimista incontrolável ou, quando conveniente, faz o papel que todos os chefes de governo devem fazer, ou seja, fechar os olhos aos problemas que o rodeiam e enaltecer as virtudes ou falsas virtudes que antecessores lhe deixaram?
Santo André é um caso de gravíssima concentração de poderes entre dirigentes de plantão na Prefeitura e um entorno envelhecido, sanguessuga e tudo o mais que tem por meta sistemática sequestrar o chefe do Executivo, moldando-o às conveniências de sempre. Foi assim com todos que passaram pelo gabinete de prefeito no Paço Municipal desde que Celso Daniel foi embora.
A grande reforma institucional, política e econômica de que necessita Santo André passa obrigatoriamente por um grupo diferente do sintetizado pelos mandachuvas e mandachuvinhas que centralizam cordéis da gestão pública e das representações de classe.
Mudar Santo André não é uma corrida de 100 metros rasos. É uma maratona jamais iniciada de fato. O protecionismo que une incompetentes e acomodados, quando não os acovardados, não tem data marcada para ruir. O domínio é monolítico e costuma cobrar caro de quem ousa ao menos tentar refutá-lo, quanto mais ameaça-lo.
Lamentavelmente, Paulinho Serra, como Aidan Ravin e Carlos Grana, e em menor peso João Avamileno, adotou receituário conservador, embora os petistas tenham procurado mistificar com supostas inversões rumo a campo diferenciado. Santo André é um batalhão do exército chamado Província dos Sete Anões, outrora Grande ABC, a marchar no mesmo ritmo de esclerosamento social dos vizinhos supostamente integracionistas.
Todos seguem um roteiro em que, mais que qualquer preocupação, determina-se respeito às regras do jogo -- e as regras do jogo encaminham todos ao mesmo desfiladeiro de mesmices.
Ninguém se dá conta em Santo André de que a biruta já virou há muito tempo e que viraram pó os conceitos que lubrificaram a máquina de fazer riqueza em forma de crescimento contínuo do PIB (Produto Interno Bruto) como reflexo do desenvolvimento econômico.
O 1º Meeting Empresarial tão louvado pela Administração de Paulinho Serra não passou de marketing de tiro curto. A maioria dos convidados estava distante de representar o que resta de dinamismo econômico de Santo André. Os conferencistas-palestrantes escolhidos a dedo não passaram de cartas já mais que conhecidas do que restou de resistência de negócios em Santo André, casos da Rhodia e da CVC.
Sem contar que o evento serviu também como plataforma de embarque da gestão de Santo André na garupa da motocicleta presidencial do prefeito paulistano João Doria – com os riscos inerentes de disputas partidárias internas com o governador Geraldo Alckmin.
Para completar, o Meeting cheirou a improvisação ou a despreparo, porque os três executivos convidados a 15 minutos individuais de repasse de experiência corporativa queixaram-se discretamente da infraestrutura de palco. Eles não puderam expor ideias em consonância com a tecnologia porque o Teatro Municipal de Santo André não dispunha de atributos técnicos ao o uso dos equipamentos. O PowerPoint que a força-tarefa da Operação Lava Jato usou numa das denúncias contra o ex-presidente Lula da Silva poderia ter sido requisitados por empréstimo. Ou, mais à mão, o marqueteiro João Doria, avisado a tempo, teria resolvido tudo.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)