Economia

Inteligência espiritual
avança nos negócios

DANIEL LIMA - 05/06/1997

O movimento ainda está restrito a poucas empresas, considerado-se o universo brasileiro de empreendedores. Mas já é suficientemente numeroso para que se preparem holofotes que lhe dariam tratamento de estrela nos próximos tempos, sobretudo por causa do caráter excludente da globalização em que o mundo dos negócios se meteu. A inteligência espiritual ainda está longe da badalação que domina outro vetor de relacionamentos interpessoais e profissionais, a inteligência emocional, mas nem por isso deve ser desprezada. A cada dia novos missionários do espírito fortalecido somam-se àqueles que já dizem ter descoberto a espiritualidade como fonte indispensável entre equilíbrio racional e emocional.

A flexibilidade do termo espiritualidade parece tão elástica quanto a potencialidade de a inteligência espiritual tornar-se tema obrigatório de quem busca resultados harmoniosos nos empreendimentos. O conteúdo religioso é realidade que não se pode esconder. E advém principalmente da explosão dos templos evangélicos no País. Só no Grande ABC, segundo especialista, o marquetólogo Durval Campinini, diretor do SMI, Sistema de Marketing em Igreja, com sede em Santo André, dobrou nos últimos 24 meses o número de templos. Massificação da palavra de Deus que tem o suporte dos evangélicos, cujas denominações ultrapassam três centenas. Há microigrejas espalhadas por todo Grande ABC. É uma febre que tem como vírus a mortífera combinação de estabilidade monetária e abertura das fronteiras às importações.

Relacionar espiritualidade e religiosidade nos negócios é algo inquietantemente preocupante para a consultora Sônia Café. Extremamente cuidadosa sobre o assunto, ela ministrou recentemente a palestra Espiritualidade nos Negócios, na qual pela primeira vez no Brasil a palavra espiritualidade apareceu sem disfarces em evento público.

Consultora das Editoras Pensamento & Cultrix, Sônia Café afirma que a espiritualidade surge quando o ser humano necessita de explicação mais profunda para sua existência. Isto é, quando a pessoa deseja descobrir por que veio ao mundo e qual sua missão na Terra. Ela afirma: “O desenvolvimento da espiritualidade pode contribuir para o desenvolvimento profissional na medida em que, se conhecendo melhor e buscando sua verdadeira vocação, o indivíduo está mais capacitado a exercer habilidades e a desenvolver novas aptidões”.

Um dos conferencistas do encontro, o norte-americano Ken O’ Donnell, diretor para a América do Sul da Brahma Kumaris e autor da palestra Por que não inteligência Espiritualista, disse que não é possível ter uma organização excelente, dinâmica e em busca de resultados positivos se o componente humano encontra-se perdido ou confuso. “Para trabalhar com números, objetos e lógica, o profissional necessita de sua inteligência racional, enquanto que, para lidar com outros seres humanos, é preciso ter a sensibilidade de uma inteligência emocional mais desenvolvida. Já para trabalhar com nós mesmos — é imprescindível ter inteligência espiritual, pois só assim poderemos ser autênticos diante do vai-e-vem dos ventos que regem a vida profissional e particular”– explicou o especialista.

Os evangélicos das mais diferentes ramificações que tratam de negócios buscam na consolidação espiritual o apoio de Deus. E não escondem isso. O consultor Durval Campanini, que afirma conhecer todas as religiões e garante que consegue relacionar-se com as lideranças com desenvoltura de quem é visto sem objeções, assegura que o boom dos templos no Grande ABC está estreitamente ligado às dificuldades dos micros e pequenos empresários, muitos dos quais experientes trabalhadores da indústria que perderam o emprego.

Esses segmentos foram os que mais sofreram com o processo de globalização e também com a estabilidade econômica, porque não reúnem conhecimentos suficientes e nem aporte financeiro para enfrentar a concorrência de importados, de supermercados, shoppings e franquias que desembarcaram na região.

“Quem busca a igreja tem algum tipo de problema” — afirma Campanini, com a certeza de quem entende que nos momentos de fastio o empresariado de qualquer tamanho pouco se interessa pelos ensinamentos da Bíblia.

Pelos cálculos de Campanini, há 1,5 mil igrejas em todo Grande ABC, das quais apenas 80 católicas. Os evangélicos se multiplicam. Transformam pequenas fábricas e depósitos, antigos bares, lanchonetes, padarias e até mesmo residências em novos templos.

Há igrejas de todos os tamanhos e denominações. Campanini vê nisso tudo, exceto em alguns maus exemplos de nítido interesse mercantil, o que chama de reencontro do homem com Deus. E dos empreendedores, fracassados ou não, com a espiritualidade.

A doutrinização da espiritualidade foi mantida a salvo pelo consultor norte-americano O’ Donnell no seminário realizado em São Paulo. Em nenhum instante ele se engajou a qualquer igreja para realçar a importância da espiritualidade nos negócios. Ele disse que para equilibrar razão (lógica) e emoção (relacionamento) é preciso desenvolver autoconfiança (espiritual). “Falta de compromisso, cinismo e ceticismo acabam matando os melhores planos” – disse o consultor, que completou: “Frequentemente, a causa disso é a ausência de um plano paralelo que aborde os valores humanos ou espirituais necessários para operacionalizar as mudanças”.

O’ Donnel não se furtou em promover uma abordagem dos aspectos dogmáticos que permeiam a questão espiritual nos negócios. Ele disse que especialistas no assunto sabem o quanto é difícil desassociar a palavra espiritual dos dogmas de religiões diversas, mas garante que o conceito não possui nenhum cunho religioso. “Além disso, também não deve ser encarado como modismo ou mais uma metodologia” — completa Sônia Café.

Se para profissionais de consultoria é natural o distanciamento entre espiritualidade e religião, para homens de negócios que descobriram os ensinamentos bíblicos tudo não passa de interdependência. O empresário Sérgio de Mesquita Sampaio, vice-presidente da Arepe, como é chamada a Associação Renascer de Empresários e Profissionais Liberais Evangélicos, organização da Fundação Renascer em Cristo, vincula o sucesso de seu empreendimento à descoberta de Cristo, há seis anos. Sérgio Mesquita comanda com a mulher Elizabeth uma empresa de 100 funcionários, 120 franquias e 400 mil revendedoras porta-a-porta. A Pisom Cosméticos foi fundada há 17 anos e pode não ser conhecida pela identidade legal, mas como Claude Berger é reconhecida de imediato.

Sérgio Mesquita afirma sem reservas que espiritual, no sentido religioso, e empresarial são palavras siamesas, e que por isso mesmo tem-se dedicado às duas atividades com o fervor de cristão. Tanto que quer espalhar para a Arepe os resultados cada vez mais sólidos da Claude Berger. Toda semana Sérgio Mesquita coordena o encontro de empreendedores e candidatos a empreendedores na sede paulistana da Renascer em Cristo. Ele recebe em média cinco mil pessoas, muitas das quais do Grande ABC. Nada menos que 600 empresas já estão cadastradas como associadas da Arepe. “Estamos crescendo em proporções geométricas e vamos alcançar duas mil empresas até o final do ano, porque estamos evoluindo a uma média de 200 novas empresas por mês” — afirma Sérgio, deslumbrado com o gráfico de ascensão da Arepe em apenas oito meses de atividades.

Seu próximo passo à frente da Arepe pode causar frisson em quem teme pela mistura de religioso e empresarial como passo perigoso a divisões de caráter dogmático. O empresário pretende estruturar o que chama de Páginas Amarelas dos empreendedores cadastrados na Arepe, os quais seriam estimulados a realizar compras, vendas e trocas de produtos e serviços entre si. “Desde que encontrem seus objetivos de negócios amplamente assegurados”– esclarece Sérgio.

Essa espécie de bolsa de negócios preferencialmente entre evangélicos da Renascer em Cristo será desdobramento da bolsa de empregos que a Arepe já mantém e que se abastece de informações recolhidas nos templos. Para integrar a Arepe é preciso frequentar um dos 200 templos da Renascer em Cristo espalhados pelo território nacional, mas com maior densidade em São Paulo.

Já a Adhonep, Associação dos Homens de Negócios do Evangelho Pleno, que tem cinco capítulos no Grande ABC, 600 no País e foi trazida ao Brasil em 1973 pelo empresário Custódio Rangel Pires, envolve os empresários ou candidatos a empreendedores independente de agregação religiosa.

As reuniões também são semanais, geralmente em restaurantes. Santo André, por exemplo, tem dois capítulos, do Centro e do Parque Jaçatuba. E terá mais, com média de 50 participantes, sempre que o local não comportar novos seguidores. O construtor Abimael Carana dirige a Adhonep do Centro de Santo André e explica que não se trata de igreja, nem religião e nem seita. “É uma associação em torno do nome de Deus” — simplifica no intervalo de uma reunião realizada no mezanino do Restaurante Baby Beef Rondaiyat, na rua Dona Carlota.

Abimael Carana afirma que a maioria dos integrantes da Adhonep não frequentava igreja quando resolveu participar dos encontros e muitos nem aceitavam frequentar, mas à medida que participam dos encontros e que passam a conhecer testemunhos de fé, acabam optando por alguma denominação. Carana se converteu, garante, ainda em Catanduva, cidade do Interior paulista, depois de estar desenganado por causa de virose que lhe paralisou parte do corpo. Ao recuperar os movimentos, diz que não teve outro caminho a seguir senão o de Cristo.

A Adhonep é bom refúgio inicial para quem pretende seguir a trilha religiosa, mas encontra barreiras de preconceito em frequentar igrejas evangélicas. A discrição de um restaurante, onde não se dispensam orações, é o embalo de que muitos necessitam para finalmente optar por uma religião.

A carga de espiritualidade de um pregador naturalmente se estende a seus negócios. Abimael Carana, que frequenta a Igreja Evangélica Nipo-Brasileira, distribui publicações da Adhonep entre operários e de vez em quando os reúne em orações nos próprios canteiros de obras. Sérgio Mesquita, da Arepe paulistana, também leva a palavra de Deus aos funcionários próximos ou às revendedoras distantes. Na fábrica e no escritório, orações de manhã ou no final da tarde são rotina. Para as revendedoras, as tabelas de preços dos produtos registram obrigatoriamente um versículo da Bíblia Sagrada.

Para esses líderes evangélicos há integral conexão entre espiritualidade e competitividade. Nesse ponto, embora em contextos diferentes, seguem o mesmo raciocínio de Sônia Café, para quem a doutrinação da espiritualidade é algo complexo. “Se uma empresa permite que as pessoas que ali trabalham se expressem a partir de um sentido de integridade entre ego e alma em harmonia, o resultado poderá ser honestidade, produtividade, abertura, compassividade, respeito, cooperação, parcerias inteligentes, competitividade sadia, compromisso com a qualidade e com a ecologia profunda, valores éticos e elevados adicionados à sociedade e o retorno financeiro justo e adequado como consequência” — sustenta.

Sônia Café é formada em Letras pela Universidade Federal da Bahia e tem atuado como consultora organizacional nos últimos nove anos. Durante quatro anos ela acumulou experiência no Instituto Villares. Já realizou trabalhos na área de educação e também em empresas com o Instituto Franco Lapin, empresa de educação e consultoria em São Paulo. Escritora e autora dos livros Meditando com os Anjos, O Livro das Atitudes, Transformando Dragões e de todos os títulos que compõem a coleção Para Você Ter um Click, Sônia Café teve o interesse despertado em participar da educação dirigida ao mundo organizacional em sua experiência na construção de um centro de vida espiritual no Interior de São Paulo, no início dos anos 80.

Embora ressalte que não se apóia em dados estatísticos, Sônia Café afirma que a experiência lhe assegura que o Brasil é, por natureza, um País que valoriza a expressão da espiritualidade de maneira bastante diversificada: “Nosso País não é só rico em território e biodiversidade; é também rico na diversidade de expressões culturais, religiosas e espirituais. Contamos também com a liberdade de expressá-las, principalmente se nos compararmos com os fundamentalismos ainda vigentes no resto do mundo. Considerando-se o tamanho do Brasil e sua população, talvez não exista outro lugar no mundo onde as pessoas sejam tão livres para escolher forma mais adequada de expressar o Sagrado” — afirma.

Mas a mesma consultora lembra que a espiritualidade nos negócios ainda dá os primeiros passos no Brasil, ao contrário do cenário internacional. “No mundo inteiro empresas estão falando e fazendo experiências que têm a ver com espiritualidade” — lembra a consultora. Desde 1995, um grupo sediado em Santa Fé, Novo México, nos Estados Unidos, realiza anualmente a Conferência Internacional Spirituality in Business, onde se fala de espiritualidade diretamente, sem eufemismos. Empresas de todo o mundo, inclusive do Brasil, já participaram do evento.

O próximo Spiratuality in Business está programado para novembro no México e já há farto material promocional esparramado por todos os cantos. A mensagem é direta: “Para a maioria de nós, mais da metade das horas de vigília é passada no trabalho. Milhões de pessoas estão convivendo com mais tensão e menos segurança no ambiente de trabalho. Profissionais de todos os níveis hierárquicos estão percebendo que, para atingir seu melhor potencial produtivo, precisam amar o que fazem, caso contrário se tornam estressados, ansiosos e fatigados. No passado, as empresas tinham certas reservas com relação a seminários e conferências relacionadas à espiritualidade porque existia preconcepção de que espiritualidade significasse crenças religiosas sem caráter ecumênico. Mas isso já faz parte do passado. Agora, empresas de todo o mundo estão promovendo profundas mudanças com o objetivo de fomentar inspiração, produtividade e conexão, porque reconhecem que os velhos modelos de comando e controle não perduram por muito tempo. Ao mesmo tempo, mais e mais pessoas estão começando a perceber que cultivar o espírito no ambiente de trabalho leva a incrementar a felicidade e criatividade e, consequentemente, produtividade e lucratividade” — explica o material.

Os promotores desse encontro internacional também se preocupam em explicar o significado de espiritualidade nos negócios, que, como se sabe, longe está da unanimidade. Afirmam: “O valor real da palavra espiritualidade está na observação de como se manifesta no ambiente de trabalho e não em uma definição específica. Todos nós podemos reconhecer quando o espírito está bloqueado no ambiente diário de trabalho: moral baixa, baixa produtividade, fofocas, difamação, alta taxa de absenteísmo e também de turnover (rotatividade de pessoal). Da mesma maneira, há também sinais bem claros quando a espiritualidade está presente no ambiente de trabalho: honestidade, respeito, abertura, compaixão, compromisso com qualidade e equidade, compromisso com manutenção do bom ambiente e bom inter-relacionamento entre grupos de trabalho. Nós utilizamos a palavra espiritualidade no sentido mais abrangente: significa permitir que nossa potencialidade tenha livre espaço para expressão no ambiente de trabalho, na própria casa ou na comunidade. A questão não é se a espiritualidade pertence ao ambiente de trabalho. A questão real é se os negócios podem prosperar sem espiritualidade. Ao aproximar o comércio de uma conscientização de como a espiritualidade influi no planeta, na comunidade e em nós mesmos, podemos operar uma missão que beneficia os três” — afirmam.

Sônia Café é uma das divulgadoras desse encontro espiritual de negócios. Ela afirma que tem acompanhado atentamente a movimentação e detectado que observadores de tendências já começam a considerar que a questão não é saber se a espiritualidade tem ou não um lugar no espaço de trabalho, seja entre empresários, executivos ou trabalhadores em geral. A questão real é saber se as organizações sobreviverão sem saber qual sua verdadeira razão de ser e o sentido espiritual subjacente a isso. “Dentro do processo histórico — explica a consultora — as empresas sempre estiveram prontas para dar limite ao que quer que tivesse qualquer ligação com o transcendente. Sua ênfase estava no que é material, palpável e mensurável quantitativamente. Agora, esse mesmo limite é, paradoxalmente, o acionador de um processo de conscientização sem volta, diante das crises e impasses criados pela era industrial. Em última instância, é plenamente visível que o mundo tem passado por um despertar espiritual mais intenso nas últimas três décadas. As organizações de negócios talvez sejam as últimas, enquanto entidades coletivas, a passar por esse processo. As pessoas dentro delas talvez já estejam preparadas, ou estão se preparando. E quem sabe, dessa vez, os últimos sejam realmente os primeiros a fazer uma diferença consciente para a qualidade de vida global deste planeta onde vivemos”– arrisca uma projeção a consultora.

Se no Brasil espiritualidade e negócios ainda têm muitos redutos a conquistar, nos Estados Unidos o assunto está na moda. Nas livrarias é fácil encontrar títulos do tipo Deus quer Você Rico. Há também séries de Bíblias de bolso que tratam de assuntos específicos como Bíblia para Negócios e muitos guias como o Manual de Conduta Cristã para Empreendedores. Tudo isso até agora está em inglês e sem tradução e é fácil encontrar em livrarias presentes na Internet como a http://www.amazon.com.

Negócios e espiritualidade também estimulam o benchmarking, mesmo que de mãos trocadas. O fundador de uma das seitas que mais crescem nos Estados Unidos, a Wilow Creek Community Church, Willian Hybels, foi buscar inspiração nos ensinamentos do festejado consultor Peter Drucker para organizar seu negócio. Em uma entrevista para a Forbes, ele declarou ter ficado tão impressionado com os ensinamentos do guru que passou a estudar com afinco os mistérios do mundo dos negócios para organizar sua igreja. Hybels disse que passou a se preocupar terrivelmente com o esclarecimento de como alguns mistérios terrenos quebram a cabeça de gerentes de marketing: Qual é o nosso negócio?, Quem é nosso consumidor? e Quais os valores de nosso consumidor?.

Parece que o pastor decifrou o enigma: embora a técnica de administração voltada aos interesses do cliente pareça eficaz para produtos como pasta de dente e sabão em pó, a igreja do pastor Hybels é um sucesso quando o assunto é conciliar espiritualidade e negócios. O objetivo de Hybels é construir 16 mil filiais em prazo de 10 anos. Algo capaz de causar inveja no mais festejado pastor brasileiro, Edir Macedo, condutor da Igreja Universal do Reino de Deus, que, como tantos braços evangélicos, também possui divisão voltada exclusivamente aos homens de negócios.

Consultores empresariais voltados para a espiritualidade em suas várias formas começam a ganhar espaços nas organizações de classe. A Associação Paulista de Recursos Humanos confirma essa tendência, ao programar para o próximo dia 10 palestra com o jornalista João Alberto Yanhez, diretor de Comunicação Social do Grupo Fenícia. Os Anjos de Deus e Suas Verdades é o tema desse executivo que pretende discutir de que modo a espiritualidade e a crença de cada funcionário podem contribuir para o aumento da produtividade nas organizações. “Atualmente, quando a pessoa vai para a empresa, deixa de lado valores espirituais e passa a fazer parte somente do mundo material” — afirma Yanhez, autor do livro que tem o mesmo título da palestra.

Segundo a Aparh, tanto a apresentação como o livro tratam de anjos, colocando-os de forma muito mais presente e ativa no dia-a-dia das pessoas. “Pretendo falar também como esses anjos podem ajudar as pessoas dentro das empresas, mas sempre de maneira realista” — completa o autor.

A Aparh também abriga o esoterismo em seu calendário de eventos, de modo a tornar a modalidade reforço espiritual dos profissionais. Tanto que entre os dias 10 e 13 deste mês estará promovendo em sua sede o curso Fundamentos da Numerologia, com a consultora e numeróloga Maysa Marin, autora do livro Numerologia, Relacionamentos Humanos e Empresariais. A Associação Paulista de Recursos Humanos divulga o curso com o alerta de que a correlação com algo místico e voltado apenas para o esoterismo é engano de interpretação.

A consultora apresentará a numerologia como estudo utilizado para estimular o autoconhecimento no âmbito pessoal e profissional, mostrando também como a técnica pode traçar informações precisas sobre a identidade, a personalidade, os potenciais e as dificuldades a serem enfrentadas pelos funcionários, executivos e diretores de empresas.

Maysa Marin pretende exemplificar, através de diversos casos e histórias, toda a técnica numerológica e a teoria que existem por trás do estudo: “O curso será interessante porque abordaremos todas as áreas de utilização da técnica nas empresas, como formação de uma equipe, promoção de cargos e aconselhamento gerencial”– explica.

O livro de Maysa Marin, o primeiro sobre numerologia aplicada a organizações lançado no Brasil, já está na segunda edição. A Makron Books, familiarizada com publicações sobre marketing, vendas, estratégias, franqueamento, recursos humanos, áreas de gerenciamento e informática, listou-o na série Saúde e Harmonia no Trabalho, que também oferece temas como florais, estresse e astrologia aplicados a empresas.

Wilson Rosa, consultor numerológico de empresas e pessoas no Grande ABC com formação eclética, de engenharia a psicologia, também desenvolve estudos sobre o esoterismo nas organizações e consequentes relações com a espiritualidade. Wilson Rosa é crítico do que chama de visão mecanicista das empresas, que consiste no fato de o objetivo máximo ser a busca da estabilidade: “Grande parte das direções das empresas entende que basta ser eficaz e eficiente e por esse caminho buscam seus objetivos. Elaboram planejamento estratégico, recrutam e contratam pessoal, avaliam desempenho, confeccionam plano de marketing e estabelecem os pressupostos básicos para o desenvolvimento organizacional, dentre muitas outras atividades. Esse comportamento é típico de organizações fechadas em si mesmas, cuja característica principal é a separação perfeitamente nítida de suas fronteiras com o Universo. Como consequência disso, o clima interno é precário, porque o comportamento de seus integrantes é tenso e inseguro” — afirma Rosa.

O consultor defende que essa visão precisa ser abandonada com urgência, em favor de novos paradigmas. “O Universo precisa deixar de ser visto com uma máquina composta de infinidade de objetos, para ser descrito como um todo, dinâmico e indivisível, cujas partes estão essencialmente interrelacionadas e só podem ser entendidas como modelos de um processo cósmico”. Wilson Rosa completa: “As disciplinas ditas alternativas podem exercer papel importantíssimo junto a essas organizações, religando-as ao cosmo em toda sua plenitude. Particularmente a astrologia pode restabelecer esse elo, assim como melhorar a cultura e a estrutura de poder e, como consequência, melhorar também o clima organizacional”– disse.

Definitivamente, tanto a espiritualidade chegou aos negócios como os negócios chegaram à espiritualidade. Inteligência racional e inteligência emocional começam a se reforçar do ponto de equilíbrio da inteligência espiritual.



Leia mais matérias desta seção: Economia

Total de 1894 matérias | Página 1

21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?
12/11/2024 SETE CIDADES E SETE SOLUÇÕES
07/11/2024 Marcelo Lima e Trump estão muito distantes
01/11/2024 Eletrificação vai mesmo eletrocutar o Grande ABC
17/09/2024 Sorocaba lidera RCI, São Caetano é ultima
12/09/2024 Vejam só: sindicalistas agora são conselheiros
09/09/2024 Grande ABC vai mal no Ranking Industrial
08/08/2024 Festejemos mais veículos vendidos?
30/07/2024 Dib surfa, Marinho pena e Morando inicia reação
18/07/2024 Mais uma voz contra desindustrialização
01/07/2024 Região perde R$ 1,44 bi de ICMS pós-Plano Real
21/06/2024 PIB de Consumo desaba nas últimas três décadas
01/05/2024 Primeiro de Maio para ser esquecido
23/04/2024 Competitividade da região vai muito além da região
16/04/2024 Entre o céu planejado e o inferno improvisado
15/04/2024 Desindustrialização e mercado imobiliário
26/03/2024 Região não é a China que possa interessar à China
21/03/2024 São Bernardo perde mais que Santo André
19/03/2024 Ainda bem que o Brasil não foi criado em 2000