Terça-feira sim, terça-feira também, iremos dar muito mais visibilidade aos ensaios que compuseram as duas versões de obras coletivas jamais produzidas na Província. Em 2001 e em 2008 cuidamos, juntamente com a também jornalista Malu Marcoccia, de uma coleção de ideias, propostas, reflexões e tudo mais de dezenas de formadores de opinião e tomadores de decisões que compunham o jogo social na região. Nosso Século XXI, como chamamos aqueles livros, tomou o pulso da regionalidade.
E quem nesta terça-feira abrirá o frondoso portal de qualidade de pensamento que fez de Nosso Século XXI consulta obrigatória a quem procura desvendar os segredos desta Província, outrora Grande ABC, é o jornalista Ademir Medici.
Os ensaios foram expostos seguindo ordem alfabética, mas Ademir Medici poderia igualmente abrir aquela obra de 2008 sem que os demais o considerassem beneficiário de alguma porção de corporativismo. Medici tem talento mais que reconhecido para traduzir em forma impressa ou digital o imenso conhecimento regional. A vantagem de Nosso Século XXI é a liberdade à leitura aleatória. Os leitores daquela obra física podem escolher que autor prestigiar. A reprodução daqueles textos, com a visibilidade da primeira página de títulos a partir desta terça-feira, seguirá a ordem convencional.
Há muito tempo Nosso Século XXI consta do receituário desta revista digital. Está aí, no alto da página, logo abaixo da logomarca da publicação, somando-se a especialidades temáticas desta casa. Estar aí em cima é importante, mas não custa ressaltar o acervo que ganhou formas impressas nas páginas de LivreMercado e, na sequência, foi robustecido em forma de livro.
Reproduzo na sequência o texto que escrevi e que constou da chamada “orelha” da primeira edição de Nosso Século XXI, em 2001:
Em nenhum momento durante a escolha dos ensaístas que fariam desta a maior obra coletiva já editada no Grande ABC me senti um Felipe Scolari, o técnico da Seleção Brasileira que garantiu a presença do Brasil na Copa do Mundo de 2002. Afinal, o nosso selecionado é muito melhor. Contrariamente à entressafra de craques brasileiros, há talentos em abundância neste trabalho inédito. O amálgama que sedimenta a qualidade de Nosso Século XXI está exatamente no entrosamento intuitivo que a obra expõe, consumida agora materialmente em conjunto e não dispersa como na origem da publicação dos ensaios, nos fascículos mensais da revista LivreMercado. A dimensão exata desta publicação só poderá ser avaliada no futuro, embora intrinsecamente reúna potencial imensurável no presente. Isso quer dizer que o valor individual dos ensaístas, por mais que tenham sido prospectivos ao mergulharem no passado, sensíveis ao detectarem o presente e audaciosos ao vislumbrarem o futuro, será mais detidamente avaliado nos próximos 30, 40 ou mesmo 50 anos, pelo menos.
Mais Nosso Século XXI
Como se observa, trata-se de uma seleção que ficará na história da sociedade regional. Bem melhor que o time do Felipão, que todos querem apagar da lembrança depois de tantos vexames colecionados ao longo das eliminatórias. A proposta de lançar a cada dezembro uma nova versão de Nosso Século XXI, com os atuais e novos convidados, é a forma que encontramos para possibilitar aos ensaístas desta primeira edição uma grande oportunidade de monitorar os próprios passos interpretativos. Nada mais ajuizado, porque somos todos simples mortais e, por mais conhecimento que tenhamos sobre o Grande ABC, há sempre ampla porta aberta a recomendar atenção permanente.
Mais Nosso Século XXI
Da mesma forma que a região saiu do anonimato geoeconômico com a chegada da indústria automotiva e entrou em parafuso com a globalização, quem sabe um novo grande acontecimento fora de suas esferas de decisão possa reviver o clima de final de Copa do Mundo desenvolvimentista com que sonhamos? – escrevi naquela obra lançada em dezembro de 2001.
Agora, a apresentação da obra
A compreensão das duas versões dessa que é uma obra a ser aferida permanentemente por todos que têm preocupação com o futuro da região (até mesmo, por assim dizer, para se inspirarem) também foi sedimentada no texto de apresentação da edição de 2001, assinado por Maria Luiza Marcoccia. Leiam alguns dos trechos que selecionei aleatoriamente sob o título “Uma contribuição à cidadania”:
A informação é um dos maiores valores da cidadania. A informação reafirma, inclusive, direitos universais como o de ir e vir, à educação, à liberdade de expressão, ao voto que escolhe dirigentes públicos. É por isso que países mais avançados zelam pela sua indústria editorial, seja na forma de mídia jornalística ou de obras literárias, porque produzem conhecimento e saber para as nações. (...) Apesar de tema único, Nosso Século XXI faz concessão a variados estilos e pontos de vista. Cada um dos 29 ensaístas abre um campo do olhar sobre o que ocorreu nestas terras de passado glorioso, de dinásticas econômicas fartas e linha de frente de classe operária, mas aviltadas por rarefeita integração política, combalida identidade regional e desatualização fabril crônica. Da meca da imigração e musa da industrialização brasileira, o Grande ABC passou a sintetizar a nova ordem econômica mundial de eficiência, estruturas enxutas, acirrada competitividade e sucesso profissional. Mas se mostrou despreparado para o desafio da globalização. (...)
Mais apresentação da obra
(...) O glamour do Grande ABC é ótimo insumo para biografias passadas. Nosso Século XXI se propõe a ir além de provocar sobre o presente e o futuro. Esta seletíssima fornada de ensaístas é rica na reconstituição de épocas e ambientes, na investigação de diálogos fictícios tendo como pano de fundo o quadro presente. Alguns continuam celebrando a vocação econômica regional na nova era de serviços e entretenimento, que tomaram o lugar de fábricas que se foram ou se reestruturam. Outros advertem, realisticamente, para a perda do brilho e vigor empresarial do outrora eldorado industrial. Está aí o caráter saboroso dessa obra essencialmente coletiva e de ricos ensinamentos repartidos – escreveu Malu Marcoccia.
Relação dos ensaístas
Para completar esta apresentação, reproduzo a relação dos ensaístas e os respectivos títulos do material que, em revezamento, ocupará a cada terça-feira um espaço na página superior desta revista digital como convite a leituras imperdíveis.
Ademir Medici – Passado ajuda a construir o futuro
Aleksandar Jovanovic – Só ousadia pode forjar novo modelo
Alexandre Takara – Vida cotidiana e o imaginário coletivo
Ana Claudia Marques Govatto – ABC Paulista vai virar Grande ABC?
Angelo Gaiarsa Neto – Como enfrentar o avanço tecnológico?
Antonio Possidonio Sampaio – O que viveremos depois da diáspora?
Carlos Augusto César Cafu – Diferenças exigem atuação conjunta
Celso Daniel – População é que decidirá futuro
Cláudio Rubens Pereira – Identidade em xeque exige ações diversas
Dalila Teles Veras – É a vez da cultura na agenda regional
Daniel Lima – Menos bajulações e mais realizações
Fabio Vital – Revitalização com novos conceitos
Fausto Cestari Filho – Menos eventos e mais resultados
Jeroen Klink – Novo regionalismo exige aprendizagem
Jerson Ourives – Vontade política na gestão urbana
Jorge Hereda – Não podemos ficar ao sabor dos ventos
Josué Catharino Ferreira – Uma tomografia da desindustrialização
Klinger Sousa – Infra-estrutura é gargalo desafiador
Luiz Marinho – Cidadania também é atividade sindical
Luiz Roberto Alves – Regionalidade se faz com cidadania
Marta de Betania Juliano – A arte pode ajudar a superar o atraso.
Maurício Soares – Institucionalidade depende de todos
Milton Andrade – Aparelho cultural está desatualizado
Nadia Somekh – Fragmentação não pode resistir mais
Paulo Eugênio Pereira Júnior – Integração exige mais que eficiência
Rafael Guelta – Divagações sobre um futuro possível
Ricardo Alvarez – Soluções estão fora da esfera regional
Silvio Minciotti – Velhos problemas, soluções modernas
Virgínia Pezzolo – Crise na democracia ameaça tecnologia
Total de 1884 matérias | Página 1
13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)