Só agora, depois que a febre de centros de compras se alastra pelo País, São Caetano do Sul, a cidade com maior potencial de consumo per capita do Brasil, segundo dados do IBGE, está lançando-se no empreendimento. O Shopping Center São Caetano, investimento de mais de US$ 7 milhões, com 180 lojas comerciais, 69 escritórios, dois cinemas, restaurantes e lanchonetes, num terreno de 4,5 mil metros quadrados, já está na terceira laje de construção.
O cronograma da obra desenvolvida pela Alpes Comercial e Incorporadora prevê inauguração apenas para dezembro do ano que vem. Espaço de tempo em que o ABC Paulista, do qual São Caetano faz parte como uma das sete que totalizam dois milhões de habitantes, já terá assumido nova característica no setor comercial e de serviços. Tudo porque grandes redes, como o Eldorado e o Mappin, além do McDonald’s e outros dois shoppings em fase final de construção em São Bernardo, já estarão em plena atividade.
Nem mesmo o atraso com que São Caetano incorporará umas das manias mais pronunciadas dos brasileiros – os disputadíssimos Shoppings Centeres – desestimula os empreendedores. Pelo contrário. Heitor Fontes, um dos líderes do Clube dos Lojistas do Shopping Center de São Caetano, garante que a fidelidade do consumidor dessa cidade de 170 mil habitantes e também moradores de bairros limítrofes da Capital, de Santo André e de São Bernardo, não se esgotará.
Os comerciantes que adquiriram cotas desse empreendimento a preço de custo não só minimizam a concorrência que se está instalando no ABC como também a já existente na Capital, a 10 quilômetros do centro de São Caetano. Mais que isso: pretende-se fixar em São Caetano grande parcela de consumidores de classes mais elevadas naturalmente seduzidos pelos shoppings paulistanos.
O que os lojistas não afirmam com todas as letras, mas está implícito no marketing de concepção do Shopping São Caetano, é que eles cansaram de perder tempo e dinheiro vendo parcela considerável de consumidores deslocando-se para a Capital. Quem tem público-alvo como São Caetano não pode desprezá-lo comercialmente.
Segundo dados do Inpes, órgão estatístico do Instituto Municipal de Ensino Superior de São Caetano, a renda média familiar em São Caetano é de 75,3 OTN. Mais números: a renda per capita de US$ 4.231 é mais do dobro da média do Brasil, acima inclusive das vizinhas São Bernardo (US$ 3.866) e Santo André (US$ 2.366). Nada menos que 15% das 32 mil residências de São Caetano têm vídeo cassete, 6,7% tem freezers, 57,3% tem carro e 60% tem telefone.
São Caetano do Sul só não tem mais espaço físico para crescer horizontalmente. E no sentido vertical há sérias restrições da legislação, justamente para impedir a deterioração da infra-estrutura básica, invejável para o padrão médio brasileiro. Por isso, o preço do metro quadrado na região comercial de São Caetano é o mais valorizado de todo o ABC Paulista, alcançando CZ$ 16 mil. Isto significa nível 60% superior ao metro quadrado de áreas na Praia da Enseada, no Guarujá. Para se ter ideia aproximada da disputa por pontos comerciais na região central, é preciso desembolsar CZ$ 2 milhões de luvas e CZ$ 70 mil mensais para a locação de um salão de cinco metros de frente por 20 de fundo.
Por isso, o Shopping de São Caetano a preço de custo se torna investimento interessante. Pelo menos 70% das cotas já foram comercializadas. As lojas terão dimensões de 20 a 30 metros quadrados. Mas se reservaram três lojas especiais, de 600 metros quadrados de área cada uma, para grandes magazines. Sem contar o mix de alternativas de lazer e áreas de estacionamento para comportar até 450 veículos. Estacionamento é um transtorno no centro comercial de São Caetano, formado de ruas estreitas demais para o fluxo de veículos. Daí a atenção especial dos empreendedores. Mesmo porque, segundo dados do Inpes, há 82 mil veículos registrados em São Caetano.
O Shopping Center São Caetano, que será construído em três pavimentos com um total de 24 mil metros quadrados de área, substitui a um amplo estacionamento de veículos e algumas lojas comerciais. Wilbracht Bastos, engenheiro da empresa incorporadora da obra, lembra que o antigo proprietário do estacionamento pretendia o empreendimento, quando então surgiu a proposta que muitos lojistas chamam de retirada de São Caetano do provincianismo comercial em que se encontra. O que pode acontecer no segmento antes mesmo da efetiva conclusão das obras? A McDonald’s, que se está implantando em Santo André e São Bernardo, já acenou com a possibilidade de encontrar um bom espaço em São Caetano. Outros empreendedores têm os olhos postos sobre esses 15,2 quilômetros quadrados de grande capacidade de consumo. O Shopping Center São Caetano certamente terá concorrentes locais.
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