Imprensa

Que tal pegar uma carona na
entrevista do diretor do Diário?

DANIEL LIMA - 13/03/2018

O diretor de Redação do Diário do Grande ABC, Evaldo Novelini, foi entrevistado ontem em matéria de página inteira do Diário do Grande ABC. Fiquei com vontade de fazer uma molecagem. Acho que vou em frente na edição de amanhã desta revista digital. 

Entendam “molecagem” como a arte abusada de tomar para mim todas as perguntas do entrevistador e, claro, dar as respostas que considero adequadas. Ou seja: vou pegar uma carona. 

Não estou dizendo que as respostas de Novelini não foram adequadas. O que quero dizer é que as minhas respostas serão mais adequadas, porque não estou no Diário do Grande ABC. Mais adequadas no caso significa a preservação do interesse dos leitores. 

E mesmo se lá estivesse não mudaria uma vírgula do que pretendo escrever. Quem não se lembra de que, na terceira passagem, entre outras funções, também atuei como ombudsman do Diário do Grande ABC, além de consultor. Cansei de bater a marreta na produção jornalística. Tudo com o apoio do presidente Ronan Maria Pinto -- até o dia em que acordei e me dei conta de que a perspectiva de mudanças era ilusão. O Diário do Grande ABC foi abduzido pelas forças de pressão, as quais imagina controlar. 

Questão de perspectiva 

Saí do Diário do Grande ABC com dor no coração, em setembro de 2015, após seis meses de trabalho, de 22 colunas como ombudsman e 12 gravações de um programa de entrevistas na emissora de Internet daquela empresa. Fui bem tratado em todas as oportunidades que me desloquei à Rua Catequese. Inclusive por Evaldo Novelini, profissional diplomático e organizado. À época Sérgio Vieira era diretor de Redação. Outro anfitrião do qual não me esqueço. Beto Silva completava o trio que comandava a Redação. 

O Diário do Grande ABC está sempre no meu foco. Bem ou mal, é um dos pontos de conexão entre o mundo real e o mundo de fantasias desta Província. Da mesma forma que lamentei a descontinuidade de um jornal (mais digital que impresso) muito menos importante que o Diário do Grande ABC, caso do ABCD Maior, ficaria frustrado se o jornal que durante mais de uma década e meia centralizou minhas inspirações e transpirações viesse a dar com os burros nágua. E isso não está fora de cogitação porque também não está fora de cogitação o desaparecimento de tantos outros títulos impressos. 

Mundo mudado 

O mundo da informação mudou demais. Uma companhia jornalística é o pior negócio do mundo se observados balanços financeiros diretos das operações. Bom mesmo é integrar as máfias do mercado imobiliário, que deitam e rolam e não lhes acontece nada.  

O consumidor de informação da região não tem patrão. Isso quer dizer que nem o fato de o Diário do Grande ABC ser a publicação mais tradicional da região lhe confere um sistema de proteção a críticas. Aliás, exatamente por ostentar essa posição de liderança que se sustenta muito mais da tradição do que do produto que vai ao público todos os dias, o Diário do Grande ABC deve ser continuamente escrutinado. Sou espécie de autodenominado curador do jornal. Tanto quanto ombudsman. Me atribuo essa obrigatoriedade profissional como jornalista de longas batalhas. 

Sonhos e realidades 

Quanto mais o Diário do Grande ABC se aproximar do que imagino que seja uma publicação comprometida com o futuro da região, mais estarei feliz no meu cantinho de corneteiro em nome da sociedade consumidora de informações. Poucos se aventuram a chamar o Diário num ambiente público e lhe puxar as orelhas. A maioria tem receio de retaliação. O jornal jamais partiu para a ignorância contra este jornalista. Ronan Maria Pinto me convidou a retornar ao jornal mesmo após anos e anos de porradas providenciais. 

Por essas e por outras que vou transferir para mim todas as perguntas que Evaldo Novelini respondeu ontem nas páginas do Diário do Grande ABC. Cuidadosamente, vou ocupar o mesmo espaço do diretor de Redação daquela publicação. Um total de nove mil caracteres, contando as perguntas já formuladas, me esperam. Não é muita coisa, mas o suficiente para me posicionar como leitor, jornalista e cidadão – demoníaca trindade para alguns, santíssima para outros. 



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