A reportagem de capa com os únicos prefeitos da última gestão que deixaram os respectivos Paços Municipais exibindo o diploma popular de aprovados talvez não escancare a sugestão de que eles estariam melhores se tivessem trocado de Município quando foram eleitos. A simplicidade de Dall’Anese está mais para a modesta Diadema , da mesma forma que o academicismo de José de Filippi Júnior casa mais com o primeiro mundismo de São Caetano.
Mas isso pouco importa, porque ambos, reparos à parte, conseguiram atingir níveis de popularidade que não deixam margem à profundidade crítica. Das duas uma: ou eles realmente descobriram a fórmula do sucesso popular, constatado por pesquisas de institutos respeitáveis, ou os opositores não souberam desgastá-los junto à opinião pública. Exceto neste começo de mandato dos novos prefeitos, porque criticar o antecessor faz parte do jogo de cena.
Parece mais lógico que tanto Dall’Anese quanto Filippi conjugaram com rara felicidade o verbo construir.
Eles fizeram obras e mais obras. Pequenas na maioria dos casos, é verdade, até insignificantes àqueles que observam a tudo com o vício de grandiloquências, mas obras que aqui e ali foram sedimentando um prestígio que as pesquisas erigiram como grandes troféus.
Cadê a integração?
Nem um nem outro, entretanto, atingiu durante os quatro anos o pódium da integração regional. Se Filippi confessa ter cometido desleixo quando a temática de integração regional chamou pela sua presença, Dall’Anese vai mais fundo e se diz absolutamente descrente da missão de unificar os objetivos regionais. Tanto um quanto outro errou feio, mas como o provincianismo ainda faz parte da cultura regional, acabaram saindo ilesos. Os atuais prefeitos que não se iludam com isso, porque mais e mais formadores de opinião vão contribuindo para interromper esse roteiro secular de divisionismo.
O rompimento dessa tradição maledeta, como diriam os Berdinazzi e os Mezenga, já teve o tiro de largada no Fórum da Cidadania e em menor intensidade, do Consórcio Intermunicipal. Mas sempre faltou um grande condutor na esfera pública, apesar dos esforços do ex-prefeito de Ribeirão Pires, Valdírio Prisco, o único dos moicanos que deixaram os Paços em 31 de dezembro que parece ter entendido o significado do inter-relacionamento regional.
A grande esperança entre os homens públicos que assumiram seus postos no começo deste ano chama-se Nelson Tadeu Pereira. Ele vem da livre-iniciativa recheado de projetos, objetividade e capacidade de articulação tão cativante que certamente lhe assegurarão, compulsoriamente, a condição de grande comandante de integração econômica regional, sem que isso, milagre dos milagres, desperte de forma irreparável a costumeira ciumeira de quem já está pensando nas próximas eleições.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)