A essência do negócio chamado jornalismo é o jornalismo que não se submete a negócios.
Quem estiver num veículo de comunicação exclusivamente para arrumar a vida terá contribuído muito pouco ou quase nada para a sociedade.
Conheço uns personagens do mundo jornalístico, inclusive muito próximos, que não pensam em outra coisa senão em dinheiro.
Quando me refiro ao mundo jornalístico incluo agentes publicitários, evidentemente.
Aliás, até por força do hábito, eles costumam pensar mais em dinheiro do que a maioria dos jornalistas.
Não só pensam mais como induzem os jornalistas menos cautelosos a nadarem no mundo dos negócios.
Sem dinheiro é impossível levar adiante um projeto editorial, mas nenhum projeto editorial terá valido a pena se se dispuser somente a coletar dinheiro.
A fonte há de secar, provavelmente em sincronia com a credibilidade do produto.
Responsabilidade social é algo intrínseco de qualquer projeto jornalístico. Alguns dedicam espaços por convicção. Outros o fazem por estratégia.
Se o preço de manter um produto no mercado for a submissão às regras mais que consagradas, consolidadas, do toma-lá-dá-cá, o melhor é encerrar o negócio.
Conheço quem do negócio retira o último sumo, para depois largá-lo e partir para outras iniciativas igualmente deslocadas do banco de acompanhante do comprometimento social.
O negócio do jornalismo só lhes interessa se for rigorosamente negócio do jornalismo.
São umas aberrações do campo midiático que não se apercebem que estão dando um tiro no próprio pé. As novas gerações e o mundo que vão encontrar serão resultado do que estão lhe deixando.
No dia em que enxergar o jornalismo unicamente pela ótica de sustentação financeira, custe o que custar, possivelmente não terei mais o que fazer. Precisarei mudar de profissão.
A história de LivreMercado está solidificada como exemplo de inserção social. O Prêmio Desempenho é a nossa vitrine e a nossa alma. Mas não é só isso. Desde maio do ano passado, edição por edição, ponto por ponto, vírgula por vírgula, estamos recontando a história de bairros do Grande ABC, agora sob análise econômica e social. Até agora foram 15 localidades levadas a 90,5 páginas da publicação.
Tudo começou com o Jardim do Mar, passou pelo Parque Jaçatuba, Bairro Nova Gerti, Rudge Ramos, Vila Assunção, Riacho Grande, Bairro Barcelona, Vila Vitória, Parque das Nações, Parque São Vicente, Bairro Assunção, Vila Pires, Bairro Fundação, Baeta Neves e Santa Terezinha. São cinco localidades de Santo André, cinco de São Bernardo, três de São Caetano e duas de Mauá. Os repórteres produziram 255.471 caracteres de material que funde o passado e o presente na reconstituição de fatos que estimulam a regionalidade.
Mas temos mais exemplos de que a linha editorial de LivreMercado supera o que os afoitos sugerem ser apenas vinculação a atividades econômicas. Já colocamos nas páginas da revista, desde outubro do ano passado, nove clubes sociais e esportivos, num total de 24 páginas e de 69.124 caracteres. Não vamos estender a contagem para cases sociais e culturais porque os números ultrapassariam os prognósticos mais entusiásticos.
Faço essa exposição com a finalidade única de transmitir aos leitores de LivreMercado uma verdade histórica: ao longo de 19 anos de circulação, foi a equipe de jornalistas que conduziu a marcha batida de uma linha editorial em direção a um Grande ABC que não seja apenas dos donos ou escravos do dinheiro.
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06/12/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (40)