Sociedade

Tipo durão
faz sucesso

DA REDAÇÃO - 05/05/1998

Rosto marcante, traços vincados, olhar penetrante, físico forte, voz segura: um autêntico durão! Esses detalhes fazem de Antônio Petrin um dos atores mais procurados por selecionadores de elenco do teatro e da TV. Evidentemente, essa preferência está perfeitamente alinhada à grande experiência em palcos e estúdios, que teve início ainda na infância, no Parque das Nações em Santo André, quando atuava nos teatrinhos da Igreja Nosso Senhor do Bonfim. A paixão pela arte de representar fez com que Petrin optasse pela melhor escola de arte dramática da década de 60: a EAD. 


"Depois de três anos de curso, formei-me em 1967 e encarei a primeira peça como profissional, Gente Como a Gente, no Teatro de Alumínio, que ficava na esquina da Cel. Alfredo Fláquer com Francisco Amaro, em Santo André. A partir disso, em abril de 1968 (e agora faz 30 anos), foi fundado o grupo Teatro Cidade, que durante 10 anos apresentou vários espetáculos de muito boa qualidade" -- explica o hoje ator global. A peça de estréia do grupo foi Jorge Dandin. Além de Petrin, faziam parte do elenco Sônia Braga (ela mesma, a festejada Mulher Aranha que conseguiu fama em Nova York), Sônia Guedes, Aníbal Guedes, Manoel Andrade, Antônio Natal, Sílvia Borges, Josias de Oliveira e o palhaço Estremelique, sob direção de Heleni Guaryba e cenografia de Flávio Império. 


Paralelamente à atuação no repertório do Teatro Cidade, Petrin passou preciosos ensinamentos das artes cênicas como professor de teatro na Fundação das Artes de São Caetano e também no Ginásio Vocacional da cidade. Com bagagem de 42 peças de teatro no Rio de Janeiro e em São Paulo, Petrin conseguiu projeção nacional via Rede Globo. "O diretor Dênis Carvalho foi assistir a uma peça em que eu e Sônia Guedes atuávamos e nos convidou para um teste de tipo (não para um teste de atuação). Fomos aprovados e fizemos, no seriado Malu Mulher, os pais de Regina Malu Duarte. Depois disso, fiz várias novelas, não só na TV Globo mas em outras emissoras. Na Manchete fiquei por mais tempo: sete anos". 


Por seu tipo físico, Petrin sempre é convidado para personagens fortes, como o Ezequiel da novela Corpo Dourado, atual cartaz das 19h na Globo. "Ezequiel é um personagem difícil, por ser muito tenso, que exige toda uma nuance de voz, aliada a um olhar muito frio, direto, complementados por tom de voz igualmente tenso. É um personagem muito teatral, muito pesado, mas essa máscara dura e tensa vai cair com o decorrer dos capítulos e sua fragilidade, por fim, vai ser desnudada" -- revela o ator.


Petrin divide a vida entre Rio e São Paulo. No Rio, tem apartamento montado em Copacabana e já é muito conhecido do público: dá autógrafos enquanto faz compras, recebe elogios por sua atuação e é agraciado com o carinho dos fãs. Quando não está gravando, geralmente nos finais de semana, vem para São Paulo curtir a família (principalmente os dois netinhos) e rever os muitos amigos. 


Sobre aos bastidores do Projac, a cidade cenográfica da Globo, Petrin desmancha-se em elogios: "Todos são excelentes colegas de trabalho, o ambiente é ótimo. A gente ri, brinca, conta piadas, fala bem ou mal de alguns, falam mal da gente também, mas é muito divertido. Humberto Martins, por exemplo, é muito engraçado, está sempre fazendo piadas. Fábio Junior é um colega maravilhoso, pessoa encantadora, está continuamente cobrindo a todos com gentilezas. A maior parte de nossas vidas é ali, no estúdio. Chego a decorar em três dias cerca de 20 cenas -- é um trabalho operário" -- explica Petrin.


Em 30 anos de carreira interpretando centenas de personagens, será que não chega a hora de um ator necessitar da ajuda de um analista para se equilibrar emocionalmente? Petrin acha que não. Para ele, tudo se resume em algumas palavras: "Sou careta, não uso drogas, bebo socialmente, tenho meus problemas (é claro!), mas o trabalho é minha terapia. O fato de ser ator purga, através dos personagens, muitas de nossas necessidades psicológicas. Quando termina a bateria de gravações, a gente fica aliviado".


Quem trabalha muito também tem necessidade de diversão e as horas de folga de Antônio Petrin são curtidas com amigos em restaurantes, comendo massas, bebendo vinho e batendo papo até a madrugada. Assiste ao cinema como espectador e ao teatro, como ator. Aderiu à vida hi-tech e passa várias horas navegando na Internet, para poder iniciar a semana de intensivas gravações inteiramente reciclado.


Essa correria talvez tenha uma trégua no dia 20 de junho, quando o geminiano Antônio Petrin completa 60 anos bem vividos e terá a oportunidade de apagar velinhas rodeado de amigos.


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