Imprensa

Muito mais que mote

DANIEL LIMA - 15/09/2009

Precisava retirar do risco de lugar comum da Internet o conteúdo de meus textos e dos textos de todos aqueles que ajudaram a produzir a melhor revista regional do País (e que, como se sabe, virou “Deus me livre” nas mãos inábeis do recuperador de tributos Walter Sebastião dos Santos).

Como fazer com que o site CapitalSocial seja, de imediato, compreendido como endereço eletrônico dotada da melhor tessitura do jornalismo convencional?

“Leitura para ser impressa” — eis a resposta que retirei, como tantas outras, de uma corridinha de começo de noite.

Pode parecer contrassenso ter sacado esse conceito de CapitalSocial em meio a moinhos de vento da Internet, um mundo sem leis, sem respeito mas também um mundo rico em informações, em exposição de ideias. Pode parecer pouco ajuizado, mas não é.

“Leitura para ser impressa” diz tudo: os leitores deste endereço eletrônico hão de reconhecer a cada dia que não se trata de slogan vazio, tanto quanto outros que marqueteiros de ocasião criam em laboratórios de oportunismo para dourar a pílula porque, dizem as pesquisas comportamentais, consumidores adoram ser enganados ou, pelo menos, a maioria não solta as amarras críticas para desconfiar dos excessos propagandísticos.

Aos poucos CapitalSocial vai ganhando, além de novos artigos, também o suprimento dos arquivos deste jornalista que durante os últimos 45 anos não soube fazer outra coisa senão pensar naquilo, naquilo que sempre imprimiu. E que, mesmo com o advento facilitador da Internet, seguiu em frente, imprimindo tudo que lhe interessa porque sabe que uma passada de olhos em textos, em qualquer texto, jamais deixará de ser uma passada de olhos. Não agrega valor de fato. Leitura escaneada é leitura frágil. Leitura mastigada é outra coisa. Ler com vagar e preferencialmente com uma esferográfica a sublinhar os pontos mais importantes — eis um ensinamento vital para fortalecer a memória.

Já está disponível — como prova de que CapitalSocial veio para levar os leitores a repensar o conceito fastfoodiano de Internet — todo o riquíssimo conteúdo da primeira versão de Nosso Século XXI, Volume 1, cujo produto físico foi lançado em dezembro de 2001 num Clube Atlético Aramaçan completamente lotado.

Não canso de me referir àquele evento como o maior do gênero literário no Grande ABC. Foram perto de três mil convidados numa noite coletiva de autógrafos que reuniu quase todos os 29 ensaístas (se a memória não falha, apenas Mauricio Soares não compareceu) convidados por mim, por Malu Marcoccia, coordenadores daquela obra, e, principalmente, pelos próprios autores. Pois aquele material inédito está à disposição dos leitores de CapitalSocial.

Agora me respondam, sem ensebação: só pelo Nosso Século XXI, Volume 1,  já não se justificaria o mote de “Leitura para ser impressa”. É claro que sim. Imaginem então quando o Volume 2 entrar em campo, como também está programado.

Mas, CapitalSocial vai reunindo muito mais conhecimento. Estamos diariamente nos metendo arquivos digitais adentro, selecionando por enquanto os melhores momentos de quase 20 anos de LivreMercado sob meu comando editorial.

Acrescentaremos outros trabalhos. Aliás, também estou alimentando este site com artigos que redigi para a coluna “Contexto”, publicada no Diário do Grande ABC entre julho de 2004 e abril de 2005. Pretendo digitar alguns textos que produzi nos anos 1970 no Diário do Grande ABC, no Estadão e no Jornal da Tarde. O escândalo do Proálcool é um prato cheio aos leitores que acreditam que corrupção é erva daninha de plantio recente.

Vivi especialmente naquele período momentos de extrema sensibilidade. Acabara de perder o cara que me move até hoje se por ventura estiver em baixa, e que me segura se estiver em alta. Meu pai morrera no domingo 18 de julho, um domingo sem futebol. Futebol que ele tanto amava mas que o levava a fugir da sala nos jogos do Corinthians, por temer que o coração já debilitado lhe pregaria uma peça. Três dias depois assumi a Direção de Redação do Diário do Grande ABC. Foram nove meses de intensa fertilidade, dos quais jamais vou me arrepender, mas também não quero repetição. Não tenho mais saúde e outras coisas mais para resistir ao turbilhão de uma Redação diária. Tenho trauma de fechamento editorial.

O compromisso deste site com o mote que idealizei durante a corridinha noturna é nosso mantra. É claro que nem todo o material acessível aos leitores vai permanecer inviolável ao longo dos anos, mas a inflexão que sempre permeará as postagens é que, por mais temporário que seja, mais envolverá ingredientes inéditos, diferenciados. Ou seja, o que não for longevo será impactante.

Mesmo nas análises esportivas, uma de minhas paixões, procurarei tratar questões sob prismas que a mídia impressa e eletrônica, de maneira geral, desdenha.

Ou não seria esse o caso de desafiar, no bom sentido, a numerologia do estatístico Tristão Garcia que defende a tese de que o Santo André só escapará do rebaixamento à Série B do Campeonato Brasileiro se fizer 48 pontos? Aposto que 45 são suficientes para escapar e, dependendo das condições, até menos. A probabilidade de perder para Tristão Garcia é ínfima. E se perder, perderei para quem é bom no assunto, um referência global.

Nesse sentido, estou mergulhando nas edições anteriores da competição, como o fiz para sustentar que 45 pontos são o limite máximo, e provavelmente num próximo artigo apresente novidades aos leitores. Por mais que o futebol tenha surtos pontuais de que é uma caixinha de surpresas, no fundo, no fundo, o que prevalece é a lógica quando vista além da próxima esquina.

Só não me perguntem quem será o campeão brasileiro porque nesse ponto, à falta de uma bola de cristal, porque nesse caso só mesmo uma bola de cristal, vou acabar zombando da concorrência e responder a todo fôlego que será o clube que repetirá o feito do Cruzeiro de Belo Horizonte, único detentor nacional da chamada tríplice coroa — os títulos estadual, da Copa do Brasil e do Brasileiro.

Mas, voltando ao que interessa: CapitalSocial será sempre uma leitura para ser impressa, até porque, convenhamos, leitura na tela de computador é algo como uma transa com três camisinhas sobrepostas.

Por isso, mais que um mote, de fato, de fato, “Leitura para ser impressa” é quase um “pelo amor de Deus” aos leitores para que valorizem para valer esse espaço que, sem falsa modéstia, não pode ficar fora dos favoritos.


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