Não preciso fazer suspense para desafiar a imaginação dos leitores. Poderia enrolá-los até o último parágrafo, quando então revelaria o total de artigos disponíveis neste site que ainda não completou três meses, lançado que foi no primeiro dia de setembro — não por acaso uma data muito especial.
O fato é que, menos de 100 dias depois, disponibilizamos aos leitores deste que é, dis-pa-ra-da-men-te, o maior banco de análises do Grande ABC, nada menos que 540 textos. Isso mesmo: 540 artigos diversos, a grande maioria indispensável a quem quer conhecer de fato esse território de 840 quilômetros quadrados, 2,7 milhões de habitantes e recorrente capacidade de dourar a pílula. Como já se ensaia novamente em ciclo encomendado sob as bases do trecho sul do Rodoanel e do Pré-sal, embora a economia do Grande ABC dependa cada vez mais do setor automotivo, nossa doença holandesa.
Botei na cabeça sempre insana que de vez em quando vou fazer um balanço parcial, porque será sempre parcial, pelo menos enquanto viver, do volume de informações neste endereço digital, distribuídas que estão em várias editoriais.
Sei lá a opinião dos leitores mais tradicionais deste jornalista, tampouco o sei dos leitores eventuais, o que sei e faço questão de dizer é que o que temos neste espaço virtual ainda é muito pouco perto do que teremos quando se completar o primeiro aniversário de postagens, que — e agora dou uma deixa para quem quer saber o que significa o primeiro dia de setembro — coincidirará com o aniversário de uma das maiores glórias da humanidade. Sacaram?
Mas deixemos para lá esse mistério (seria mesmo mistério num ano de centenário?) porque não falta quem perca a compostura por pura birra. Prefiro que me atinjam, se necessário, e me amem, se não custar muito, pelo que escrevo e por tudo aquilo que estou recuperando de textos produzidos no passado, tanto por mim como por aqueles que comigo dividiram a responsabilidade de produzir o melhor jornalismo do Grande ABC — o jornalismo pensando, analisado, questionador, indelicado com os abutres de plantão, solidário com quem tem responsabilidade social.
Vou solicitar ao especialista que cuida deste site alguns dados que pretendo, também periodicamente, acrescentar à totalização parcial dos textos editados. Quero ir mais longe, porque apenas textos editados não dão a exata dimensão de tudo que está nos arquivos. Preciso do volume de caracteres que integram desses 540 artigos e os muitos outros que se somarão aos atuais. Quero fazer algumas contas para, periodicamente, revelar o quanto de equivalente ao padrão das revistas já teremos disponibilizados aos leitores.
Nos tempos de LivreMercado (não da “Deus me livre” que está circulando sempre com atraso e pobreza editorial de chorar) defini série de métodos para que a produção e a edição não sofressem sobressaltos. Cada página contava com o padrão de 3,7 mil caracteres. Gostaria de saber neste momento o quanto de páginas representam os 540 artigos já postados, mas como quem tem que fazer as contas é o especialista, vou ter de esperar.
Certo mesmo é que acredito que não mais que 10% do volume de caracteres que desejo selecionar para enriquecer este espaço estão de fato integralizados.
Uma série de tarefas do dia a dia me impede de agilizar o processo de seleção, mas sigo disciplinadamente um ritmo que me permite assegurar que o suprimento diário talvez não seja o ideal, de um nadador recordista mundial que come feito animal, mas também está longe do racionamento nutricional de modelos anoréxicas. Ou seja, devagar, devagar, mas sem parar, vamos superando barreiras.
Sem pretender-me pretensioso, porque não sou mais que um operário do jornalismo, recorro a uma das variações de uma história contada por gente com alguma cultura sobre um quadro que teria sido encomendado ao pintor Pablo Picasso. Fixado o preço da obra que o artista espanhol desenvolveria ao vivo e em cores, a elegante mulher indagou-o sobre o tempo que seria necessário para consumar a criação. Não mais que 10 minutos, respondeu o pintor. Tanto dinheiro por 10 minutos?, questionou a colecionadora. Tanto dinheiro por uma vida inteira, respondeu Picasso.
O que quero dizer com isso é que de fato não são menos de três meses o tempo que separa a primeira postagem deste site e a mais recente. É uma vida inteira de trabalho. Tanto que, além de textos de terceiros com os quais trabalhei, embora seja uma minoria neste site, vou resgatar matérias que não constam dos arquivos digitais do acervo da Editora Livre Mercado, do qual me tornei proprietário.
Os textos mais importantes entre 1990, quando foi lançada a revista LivreMercado, e outubro de 1996, quando circulou a última edição em formato tablóide, estão acessíveis apenas em arquivo de papel. A digitação é indispensável, porque a digitalização pura e simples não preencheria o padrão editorial deste site. A principal razão é que dificulta tanto a consulta quando eventual impressão em papel. E o mote deste site é a transposição da tela para a materialidade física.
Descendo a alguns detalhes sobre o arquivo já disponível neste CapitalSocial, sabem os leitores que editoria conta com o maior número de artigos? Errou quem respondeu que é a de Esporte, por conta de minha origem jornalística. De Esportes contamos com 55 textos, contra 96 de Política, que ocupa a liderança, seguida de perto dos 90 de Regionalidade. A classificação se altera e Regionalidade passa a contar com 117 artigos se cada um dos textos de “Nosso Século XXI”, Volume I, for anexado ao temário. Imprensa ocupa a quarta posição com 72 artigos. A editoria menos concorrida em textos é a de Educação. Por isso vou cassar o mandato de Educação. O material será transferido à Regionalidade porque não escrevemos sobre Educação propriamente dita, mas sobre a Educação sob o conceito de regionalidade.
Antes de terminar, lembrei-me de que conto também no arquivo de papel a ser digitado com várias matérias dos tempos em que escrevia para o Estadão e o Jornal da Tarde. Prometo que aquela Reportagem Especial denunciatória do escândalo do Proálcool, que representou sangria de US$ 3 bilhões aos cofres públicos e, para variar, não deu em nada, será devidamente recuperada, depois de publicada no Estadão em 1986.
Não estou conseguindo encontrar o original, produzido na sucursal da Agência Estado em Santo André e diligentemente redatilografada num aparelho de telex, espécie de máquina de datilografia elétrica. Naquele tempo não havia computador no mercado, fax não constava da relação de inventos massificados e Internet, então, estava segregada a acadêmicos e militares norte-americanos. Essas modernidades, como todos sabem ou deveriam saber, não ensinam ninguém a escrever, porque são por natureza burras como uma porta. No máximo, como é o caso dos computadores, racionalizam a escrita de quem sabe escrever e transformam especialistas em tecnologia em alienados no resto.
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06/12/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (40)