Imprensa

Vamos mostrar provas da guerra de Ronan Pinto contra Luiz Marinho

DANIEL LIMA - 06/07/2010

Para aclarar o diagnóstico da implacável perseguição do Diário do Grande ABC do empresário Ronan Maria Pinto à administração Luiz Marinho (até que verbas publicitárias passassem a balizar novos enfoques), estou preparando e vou publicar ainda nesta semana breve apanhado dos seis meses deste ano. Essa conversa mole e malandra de que tudo não passaria de alucinação será devidamente desidratada. Quem confiou na expectativa de que não existe memória na região caiu do cavalo. Mais que memória, tenho provas.

O trabalho seria completo e muito mais profundo se me dedicasse a revelar os 24 meses de pressões do jornal da Rua Catequese naquela que considero a operação editorial mais escabrosa das últimas décadas. Um Rottweiler não teria sido tão feroz.

Entretanto, como essa tarefa seria por demais extenuante e de fato não alteraria significativamente a obra, optei pelos seis primeiros meses deste ano. O primeiro semestre é o suficiente para mostrar o quanto o Diário do Grande ABC de Ronan Maria Pinto trata seus adversários circunstanciais. Até que a generosidade publicitária e também o emaranhado político em que se meteu alteram o quadro senão radicalmente, pelo menos o suficiente para parecer dentro da normalidade.

O Diário do Grande ABC é nau sem rumo, movido à improvisação. Acrescente-se a isso uma guerra biliar contra o prefeito petista de São Bernardo (e deixo de lado a perseguição que também move contra os prefeitos de Diadema e de Mauá) e se chega à conclusão de que, entre outros pontos, temos a prática de jornalismo abominável, condicionadíssimo à liberação de recursos de publicidade e a orquestrações político-administrativas.

Por virar agência partidária na qual o empresário Ronan Maria Pinto atua como manejador de cordéis, o Diário do Grande ABC deveria mudar a razão social e o objetivo social.

Não há filtragem ética na operação de tentativa de desmonte da imagem de Luiz Marinho, tanto quanto não há a menor preocupação com o resultado das negociações que culminaram com o abrandamento da linha ferozmente crítica.

O Diário do Grande ABC trata os leitores com descaso de quem se considera preparado para lobotomizar a sociedade, quando, de fato, ao subestimar a percepção dos mais atentos, estatela-se no descredenciamento como fonte de informação qualificada. Ingressa, portanto, no obituário jornalístico.

Quem acredita que se trata de disputa particular entre Diário do Grande ABC e Prefeitura de São Bernardo precisa ser internado para reparos, porque provavelmente lhe arrancaram inadvertidamente o lobo frontal — e isso justificaria a arrogância do jornal.

As escaramuças não se assemelham em nada a briga de botequim, que, como qualquer briga de botequim, deve ser confinada a interesses de quem gosta de cachaça. Quando se trata de responsabilidade social, e jornalismo é acima de tudo responsabilidade social, os sinais de gangrena moral devem sim ser expostos, analisados, questionados e socializados. O protecionismo corporativo com que atua a maioria da mídia nacional é a forma mais covarde de usufruir das benesses constitucionais para atuar sob a proteção da liberdade de expressão.

Caberá a cada leitor julgar até que ponto o jornal que recebe em casa ou no escritório merece ser chamado mesmo de veículo de comunicação ou de fato deve ser visto como ponta-de-lança de arranjos outros.

O que vou repassar aos leitores numa reportagem especial não é obra de ficção. Muito menos qualquer resquício de parcialidade. Serei o que recomendo a qualquer profissional de jornalismo que queira ser respeitado: absolutamente fiel aos fatos. Um dogma que não significa infalibilidade, evidentemente.

Não me perguntem quanto vale meu arquivo pessoal que já completou 15 anos. Primeiro porque não tem preço. Segundo porque faz parte de minha vida profissional. A trajetória da cobertura do Diário do Grande ABC à administração de Luiz Marinho não é algo criado por mim. É uma rotina guardar com desvelo, depois de leitura apurada, tudo que julgo importante publicado nos principais veículos do País.

O Diário do Grande ABC não está entre os principais veículos de comunicação do País há muito tempo, mas no microcosmo regional tem relevância pela longevidade com que é editado. Embora tenha se tornado agência partidária que pretende controlar diferentes instâncias institucionais de um Grande ABC provinciano a toda prova, ainda é formalmente um veículo de comunicação. E como tal deve ser analisado.

Se o empresário Ronan Maria Pinto dirigisse uma churrascaria, não estaria me dedicando à tarefa de avaliar os serviços prestados, exceto como eventual comensal.

Perguntam os leitores por que vou escarafunchar as relações do Diário do Grande ABC com a administração Luiz Marinho. São vários os motivos, mas o principal é que o jornalismo do Grande ABC está à deriva como instrumento democrático. O Diário do Grande ABC cultua mandonismo exacerbado. Sob a proteção da tradição utiliza-se da truculência ditatorial.

Não é somente a administração Luiz Marinho que consta de meus arquivos. Todas as demais também estão lá, acondicionadas em pastas suspensas. Não há ali uma matéria jornalística que não tenha sido consumida por mim. São mais de três mil pastas, mais de 100 mil textos. Artigos, reportagens, análises, estudos e tudo o que os leitores imaginarem que foram extraídos dos principais jornais brasileiros, especialmente Folha, Estadão e Valor Econômico, além de revistas e publicações especiais de instituições diversas.

A pasta “Administração Luiz Marinho” é uma das muitas que ganhou personalidade própria. Sou capaz de desfilar nome após nome todas as pastas que me fazem companhia há tantos anos. São minhas parceiras de jornada. De “A” a “Z” tenho encantamento por todas. Sou jornalista em período integral há muitos anos. Essa é a principal razão de não aceitar o modus operandi aplicado por Ronan Maria Pinto também no setor de comunicação. Como se já não bastasse em outras atividades.

As marcas de tortuosidades da cobertura do Diário do Grande ABC à gestão de Luiz Marinho são atentado ao bom jornalismo. Nem é preciso qualquer tipo de comparação com o tratamento que o mesmo Diário do Grande ABC conferiu no mesmo período a um reduto onde Ronan Maria Pinto manda, no caso a Prefeitura de Santo André.

Um confronto do que o jornal publicou das duas administrações destruiria de vez qualquer resquício de seriedade jornalística. Deixo de lado esse paralelismo porque não se trata de embate ideológico ou partidário, mas de visão estritamente jornalística. O Diário do Grande ABC perdeu completamente a compostura, depois de ver fracassar um projeto editorial mambembe que consiste em agradar a gregos e a troianos — desde que gregos e troianos se entreguem a contrapartidas.

A tentativa de mover-se entre tucanos (e seus aliados) e petistas (e seus aliados) coloca o Diário do Grande ABC na mesma situação do equilibrista que preparou uma travessia de risco elevadíssimo e foi colhido de surpresa por uma tempestade.

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Segue movimentação de peças do acordo Diário-Luiz Marinho


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