Vamos reproduzir amanhã e manteremos à posteridade digital uma longa entrevista da jornalista Lara Fidélis com o então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, Luiz Marinho, e o então mais uma vez candidato à presidência da República, Lula da Silva. Era maio de 1998, quando a LivreMercado que criei e comandei editorialmente, tornando-a com meus companheiros de redação a melhor revista regional do País, publicou sucessão de ideais, propostas, queixas e tudo o mais emblemáticas daqueles tempos e paradigmáticas a estes tempos. Foram 55 mil caracteres de uma espécie de bate-papo de final de tarde na sede do sindicato. O material equivale a 17 páginas bem diagramadas.
Ainda terei tempo para um dia desses analisar não só as declarações de Luiz Marinho e de Lula da Silva como também de outros personagens que ocuparam páginas de LivreMercado ao longo dos tempos no espaço fixo de entrevistas. É verdade que o contexto jamais pode ser desconsiderado, nem cometeria essa sandice, mas há questões pétreas que devem ser minuciosamente debatidas porque revelam até que ponto há consistência nas declarações que confrontam ideias do passado e práticas do presente.
Hão de notar os leitores que consumirem a entrevista especial feita com brilho por Lara Fidélis que o tempo é mesmo o senhor da razão. Que por mais que tenham acertado em diagnósticos, conceitos, definições e projeções, tanto Lula da Silva quanto Luiz Marinho pisaram em alguns tomates da coerência quando uma linha de tempo se projeta para se questionar determinadas situações.
Nada disso, sabem bem os leitores, é reprogramado como material jornalístico e acrescentado a esta que é a melhor revista digital do Grande ABC (não em forma, é claro, mas em conteúdo à pesquisa séria, independente, madura) com o sentido de colocar na parede da legitimidade teórica e prática quem quer que seja. Reconhecemos sim que há situações que definem posturas. Um candidato a posto público tem discurso que potencialmente se altera quando a expectativa de ocupação de espaço se traduz em destino consumado.
De qualquer forma, tanto Luiz Marinho como Lula da Silva deram show de participação na entrevista que resgatamos de arquivos que me pertencem. Aliás, quando se trata de LivreMercado, o passado construído com muito trabalho, dedicação, empenho, ousadia e aguerrimento, é o que mais me apetece como jornalista a rememorar a carreira. Sim, porque, como já cansei de escrever e dizer, foi o período mais fértil de minha atividade profissional que começou bem lá atrás, na revista Cinelândia, em Araçatuba e passou por alguns vários veículos, entre os quais 15 anos no Diário do Grande ABC, dos quais os últimos nove meses foram oxigenadores à conclusão de que jornalismo diário emburrece e embrutece.
Reler aquela entrevista de Lula da Silva e Luiz Marinho é obrigação intelectual de quem tem a pretensão de discutir o Grande ABC em qualquer ambiente minimamente responsável. Até amanhã, portanto.
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06/12/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (40)