Imprensa

Acompanhe mais 12 entrevistas
(de 1998) que fizeram história

DANIEL LIMA - 22/07/2011

Estamos disponibilizando aos leitores desta revista digital mais 12 Entrevistas Especiais que ajudam a entender a história da Província do Grande ABC, todas publicadas originalmente nas páginas impressas da revista LivreMercado, da qual fui diretor editorial durante quase duas décadas. O material é imperdível, como os anteriores já postados e os que estão sendo resgatados aos poucos para ocupar esse espaço.


A nova leva começa com Henrique Falzone, então presidente da Abrasce, Associação Brasileira de Shopping Center, enfático na afirmativa de que a região estava temporariamente saturada para shoppings centers.


Seguem-se na lista de entrevistados o então prefeito de Praia Grande e do Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada, Márcio França. Depois, uma dupla de ex-executivos privados que acabava de ingressar no setor público, Nelson Tadeu Pereira e Fernando Longo. Um bate-bola de primeira classe reúne o então candidato presidencial Lula da Silva e Luiz Marinho. Marcio Pochmann, hoje titular do Ipea, também consta da relação. Jorge Hereda, agora presidente da Caixa Econômica Federal, expõe planos, ideias e realizações como titular de secretaria municipal em Ribeirão Pires.


O empresário Giorgio Nicoli, então um dos 20 coordenadores do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), tocou fundo em algumas feridas econômicas da região. Tanto quanto Armando Laganá, então representante da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo na Câmara Regional do Grande ABC.


Também consta de Entrevista Especial o especialista em comércio varejista, Nelson Barrizelli. Outro nome de destaque no noticiário nacional sabatinado é Cláudio de Moura Castro, então na Divisão de Programas Sociais do Banco Interamericano de Desenvolvimento. O empresário Mário Bernardini, geralmente polêmico, antecipava as dificuldades do setor industrial da região. Completando o trabalho, foi entrevistado o arquiteto Silvio Tadeu Pina, então coordenador-geral do Fórum da Cidadania, instituição que já vivia complicações que, mais tarde, culminaram com desativação.


Trazer de volta personagens que colaboraram na interpretação dos acontecimentos dos anos 1998 na Província do Grande ABC é uma forma de aprendizado permanente. Não faltam conteúdos que deveriam ser metabolizados para não se repetirem equívocos que mantêm a região em sombria esquina no processo de regionalidade interrompida.


Lotação está completa para shoppings centersO Grande ABC está temporariamente saturado para shoppings centers. Palavra de um especialista no assunto — Henrique Falzoni, presidente da Abrasce, Associação Brasileira de Shoppings Centers e diretor da Emplanta Engenharia, empresa que, depois de consolidar-se em edifícios comerciais e residenciais, sedimentou prestígio também no setor de shopping. O Metrópole em São Bernardo é um dos empreendimentos da Emplanta. A empresa participou da reformulação do Center Shop, que apresentava baixa rentabilidade, transformando-o num dos meganegócios do Grande ABC, com 190 lojas, três cinemas, praça de alimentação, dois restaurantes, parque de diversões e duas âncoras.


Institucionalizar é a saída para áreas metropolitanasO que a Baixada Santista de nove Municípios, 1,3 milhão de habitantes e economia quase integralmente voltada ao turismo tem a ver com o Grande ABC de sete Municípios, 2,3 milhões de moradores e economicamente dependente do setor industrial? A diferença é que a Baixada é de fato e de direito uma Região Metropolitana, legalmente constituída pelo governo do Estado, enquanto o Grande ABC vive na penumbra legislativa, através de metropolização apenas de fato, representada pela Câmara Regional e pelo Consórcio Intermunicipal de Prefeitos. Para o presidente do Consesb, Conselho de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada, Márcio França, prefeito de São Vicente, a melhor alternativa ao Grande ABC é seguir os passos do Litoral, porque estabeleceria forma de amarração praticamente indissolúvel, seja qual for o partido político de plantão no Palácio dos Bandeirantes.


Executivos trocam vidraça por vidraça muito maiorOs dois executivos de grandes empresas que as Prefeituras de Santo André e São Bernardo recrutaram para dirigir as pastas de Desenvolvimento Econômico estão entusiasmados. O engenheiro têxtil formado na FEI (Faculdade de Engenharia Industrial, em São Bernardo) Nelson Tadeu Pereira e o advogado Fernando Longo mantiveram encontro de 90 minutos num café da manhã regado a muita confiança e perspectivas à frente das secretarias mais importantes no organograma dos Municípios da região sem perder contato com a realidade de cobranças.


De Lula a Marinho, trajetória de transformações sindicaisVinte anos separam Luís Inácio Lula da Silva e Luiz Marinho no comando do Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC. Nessas duas décadas, reivindicações mudaram e instrumentos de pressão evoluíram sensivelmente, mas o foco dos dois sindicalistas continua o mesmo: a defesa dos direitos do trabalhador. Se em 1978 fazer greve era praticamente cotidiano no movimento sindical, em 1998 rodadas de negociação compõem o modo mais eficiente de resolver problemas.


Só crescimento econômico é capaz de gerar empregoNão há milagre: só se cria emprego com crescimento econômico. Fórmulas como redução de jornada, banco de horas e contratos temporários com menos encargos sociais são paliativas, na opinião do economista Márcio Pochmann, da Unicamp, um especialista em assuntos trabalhistas. São apenas adequações a uma realidade de baixa expansão do mercado e dependendo da providência, como cortar salários em 20%, equivalem a demitir 20% da força de trabalho. Do ponto de vista macroeconômico, é o mesmo que tirar 20% do consumo, agravando a recessão — avalia Pochmann, 35 anos, professor de Economia do Trabalho e diretor-executivo do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho) da Universidade de Campinas.


Ribeirão Pires começa a mudar com planejamentoRibeirão Pires será politicamente muito diferente amanhã do que já foi ontem e do que ainda é hoje. Na economia, a mudança também será notável, porque pretende fazer convergir quatro vertentes igualmente importantes: o desenvolvimento de pequenas indústrias não poluentes, a profissionalização do turismo a que está naturalmente vocacionado, a constituição de um cinturão agrícola em regime de cooperativa e de pequenos produtores apoiados por especialistas, além da sede regional do que se convencionou chamar de qualidade de vida, com a instalação crescente de condomínios residenciais de alto padrão, apropriado para famílias de executivos empresariais. A projeção é do secretário de Desenvolvimento Sustentado do Município, o arquiteto Jorge Hereda, que cultiva princípio elementar pouco valorizado na administração pública nacional — o de que sem base de informações, sem planejamento, não há como quebrar o ciclo vicioso de improvisações, de empirismo.


Empreendedor é a maior vítima da gulodice estatalO empreendedor é a maior vítima do Estado. Sofre com a Justiça do Trabalho, com a falta de crédito competitivo e com a voracidade fiscal. Além do Custo Brasil, evidentemente. Por isso, precisa ser valorizado e não discriminado pela sociedade, desabafa Giorgio Nicoli, empresário do setor de móveis e um dos 20 coordenadores do PNBE (Pensamento Nacional das Bases Empresariais), entidade com sede em São Paulo e que tem como integrantes perto de 500 diretores de empresas, principalmente de pequeno e médio porte.


Somente tecnologia pode garantir competitividadeNo curto prazo, é indispensável resolver a questão da infraestrutura do Grande ABC, com ênfase para o barateamento da água industrial e melhoria e melhoria do sistema viário. Mas o corte de modernidade que a região persegue para o médio e o longo prazo será dado pela tecnologia. Sem fazer da competência tecnológica um grande diferencial, será difícil ao Grande ABC ganhar altura e competitividade, sublinha Armando Laganá, representante da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo na Câmara Regional.


Comércio de rua precisa se espelhar nos camelôsUma boa notícia para quem tem comércio de rua: por mais que os grandes negócios disputem o mercado, por mais que as megarredes enlacem os consumidores e por mais que os shoppings seduzam o público, sempre haverá espaço para quem tem loja de rua. Entretanto, há ressalva que convém ser dita sem subterfúgio: num olhar prospectivo para os próximos 10 anos, a situação do comércio de rua se assemelhará aos camelôs de hoje; ou seja, precisam oferecer aquilo que o consumidor que anda a pé quer e pode comprar. A previsão é de Nelson Barrizzelli, um dos maiores especialistas em varejo no Brasil, professor da FEA (Faculdade de Economia e Administração) e da USP (Universidade de São Paulo) e supervisor de pesquisas da Fundação Instituto de Administração da mesma USP.


Pragmatismo para salvar Grande ABCO Grande ABC precisa juntar a comunidade para lutar pragmaticamente por uma causa comum. Não pode dar bola para a ideologia e deve ajudar o governo em vez de esperar que resolva os problemas. A proposta é de Cláudio de Moura Castro, economista brasileiro chefe da Divisão de Programas Sociais do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Cláudio de Moura Castro esteve no início de setembro em São Paulo para participar de seminário sobre a importância da educação no sistema de produção globalizado.


Custo ABC é desafio que envolve a todosNinguém escapa. No receituário prescrito pelo empresário Mário Bernardini para revitalizar o Grande ABC todos têm cota de sacrifício a dar: os Poderes Públicos com parcela de renúncia fiscal, os trabalhadores com exigências salariais mais compatíveis com os tempos de acirrada concorrência entre empresas, as escolas profissionalizantes com modernização dos currículos e os empresários com manutenção dos empregos. Com fama de ter opiniões fortes e geralmente polêmicas, Bernardini conhece há 25 anos a região, desde quando transferiu da Capital para São Bernardo sua MGM (Mecânica Geral e Máquinas), na qual já empregou 180 funcionários, hoje reduzidos a 40.


Fórum da Cidadania na hora da verdadeNão se mexe em time que está ganhando? Bobagem. Essa que é uma das máximas mais equivocadas do futebol também não serve para o Fórum da Cidadania do Grande ABC, invenção democrática da comunidade regional que caminha para o quinto aniversário e, como não poderia deixar de ser, contabiliza alguns tropeços entre muitas goleadas. Nesta entrevista com o coordenador-geral, o arquiteto Sílvio Pina, vários pontos decisivos para os próximos passos — ou gols? — da entidade foram ineditamente abordados. Tanto que o dirigente decidiu concordar com a proposta: o Fórum precisa de espécie de workshop, num sábado em que todos os representantes das 110 entidades agregadas tenham disponibilidade de tempo e entusiasmo, para debater passado, presente e futuro.


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