Para quem anda vendendo a ilusão irresponsável de que o Grande ABC não passou (e continuaria a não passar) por sérios apertos na esteira da crise econômica, uma notícia esclarecedora: durante o período que vai de dezembro de 2014 a dezembro de 2017 (os dados oficiais de 2018 do Ministério do Trabalho ainda não foram divulgados) a região classificou dois representantes na zona de rebaixamento de perda líquida de emprego industrial no G-22, o Clube dos 20 Maiores Municípios do Estado de São Paulo, exceto a Capital, e incluindo Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Santo André ocupa a 19ª posição e São Caetano é a lanterninha. Mas os demais municípios não vão lá das pernas, exceto a sempre dependente do setor químico e petroquímico, Mauá, que aproveitou a maré do setor e garantiu o primeiro lugar na classificação geral com saldo líquido de 2.411 carteiras de trabalho assinadas em 36 meses.
Juntamente com Paulínia, vice-líder e também dependente do setor químico e petroquímico, Mauá sustentou os dois únicos endereços municipais do Estado no G-22 que escaparam da hecatombe que derrotou o PIB (Produto Interno Bruto).
Balanço geral na segunda
Este é o oitavo indicador do Ranking de Competitividade do G-22. A projeção é de que teremos pelo menos duas dezenas, ou mais, de índices que darão um quadro expressivo da capacidade de cada Município da lista encontrar razões para acreditar em novos investimentos industriais. Na próxima semana vamos fazer um balanço geral de pontos com os oito indicadores apurados. Os municípios do Grande ABC vão comer poeira.
A pequena Rio Grande da Serra é a terceira colocada no ranking de empregos industriais do período pesquisado, com saldo negativo de 86 postos de trabalho. Ribeirão Pires é a terceira melhor colocada do Grande ABC, mas ocupa a 11ª posição no G-22. Perdeu em 36 meses de 1.291 trabalhadores industriais, com rebaixamento de 19,35% do estoque.
Ribeirão Pires tem números melhores que os de São Bernardo, que perdeu 25,87% dos trabalhadores industriais e ocupou a 16ª posição. Foram destruídos 18.952 trabalhadores com carteira assinada – quatro fábricas da Ford, que anunciou recentemente o fechamento da unidade.
Diadema, 18ª colocada no G-22, também foi mal das pernas no período com sangria de 13.190 carteiras assinadas, ou 33,10% do estoque registrado em dezembro de 2014. Santo André ocupa a 19ª posição no ranking, com perda líquida de 8.979 trabalhadores industriais, ou 36,85% do estoque. São Caetano é um caso escandaloso: perdeu 66,69 trabalhadores industriais, com queda de 10.566 postos de trabalho.
Queda na região é maior
A crise do emprego industrial foi agudamente mais acentuada no Grande ABC durante o período analisado. O estoque de carteira assinada foi reduzido em 21,18%, correspondente a 50.554 postos de trabalho. Eram 238.722 em dezembro de 2014 e passou para 188.168 em dezembro de 2017. Nos demais integrantes do G-22, ou seja, o G-15, a quebra foi de 16,25%. Conclusão: as fábricas do Grande ABC demitiram 23,28% mais. O G-15 contava com 544.9109 trabalhadores industriais em 2014 e passou para 456.344 em dezembro de 2017. Queda de 88.566 postos de trabalho. No geral, somando-se o G-7 (Grande ABC) e o G-15 (demais municípios do grupamento), houve perda líquida de 139.120 postos de trabalho, ou 17,75% do total.
Como esse novo índice estamos próximos de fechar questões relativas ao mercado de trabalho no G-22 durante os 36 meses mais dramáticos da economia brasileira. O PIB Geral do País caiu 3,8% e 3,6% em 2015 e 2016 e cresceu apenas 1, % num 2017 cujos dados serão conhecidos em poucos meses. Haverá poucas mudanças. A indústria do Grande ABC, continuou a colecionar maus resultados.
Métrica da crise
Abordamos em edições anteriores a massa salarial do G-22, considerando-se todas as atividades econômicas, e também o estoque de trabalhadores com carteira assinada em todos os setores, sempre durante os 36 meses. Agora o balanço do emprego industrial eleva o quadro restrito a esse período. Essa métrica permitirá avaliação mais focalizada da capacidade de recuperação do mercado de trabalho nos maiores municípios paulistas.
Até que ponto, por exemplo, os municípios do Grande ABC melhorariam posicionamento no ranking abaixo? Contar com Santo André e São Caetano entre os quatro últimos colocados e também com São Bernardo e Diadema nas proximidades da zona de rebaixamento é péssima notícia.
Como terá reagido o mercado de trabalho da região em 2018, sempre tendo como referência os demais municípios que integram o G-22? É disso que o Ranking G-22 de Competitividade trata, além de outros índices. Veja o Ranking do G-22:
1. Mauá contava com estoque de 24.099 empregos industriais em 2014 e passou para 26.610. Crescimento de 2.411, correspondente a avanço de 10,42%.
2. Paulínia contava com estoque de 10.655 empregos industriais em 2014 e passou para 11.190. Aumento de 535, correspondente a crescimento de 5,02%.
3. Rio Grande da Serra contava com estoque de 1.567 empregos industriais em 2014 e passou para 1.481, correspondente a baixa de 86 postos e rebaixamento de 5,80%.
4. Sumaré contava com estoque de 18.792 empregos industriais em 2014 e passou para 18.408, correspondente à baixa de 384, com rebaixamento de 2,09%.
5. Piracicaba contava com estoque de 41.132 empregos industriais em 2014 e passou para 37.767, correspondente a baixa de 3.365, com rebaixamento de 8,90%.
6. Ribeirão Preto contava com estoque de 24.775 empregos industriais em 2014 e passou para 21.739, com baixa de 3.036, correspondente a 13,97%.
7. Mogi das Cruzes contava com estoque de 17.949 empregos industriais em 2014 e passou para 15.723, correspondente a baixa de 2.226 postos e rebaixamento de 14,16%.
8. São José dos Campos contava com estoque de emprego industrial em 2014 de 42.485 e passou para 37.175. Queda de 5.310, correspondente a 14,28%.
9. São José do Rio Preto contava com estoque de 22.655 empregos industriais em 2014 e passou para 19.271. Queda de 3.384, correspondente a rebaixamento de 17,56%.
10. Guarulhos contava com estoque de 102.996 empregos industriais em 2014 e passou para 85.272. Queda de 17.724, correspondente a 20,78%.
11. Ribeirão Pires contava com estoque de 7.968 empregos industriais em 2014 e passou para 6.676. Queda de 1.292, correspondente a 19,35%.
12. Barueri contava com estoque de 32.495 empregos industriais em 2014 e passou para 27.170. Queda de 5.325, correspondente a rebaixamento de 19,60%.
13. Taubaté contava com 23.392 empregos industriais em 2014 e passou para 19.161, com baixa de 4.231, correspondente a 18,09%. 22,08%.
14. Jundiaí contava com estoque de 49.916 empregos industriais em 2014 e passou para 40.810, com baixa de 9.106, correspondente a 22,31%.
15. Campinas contava com estoque de 64.127 empregos industriais em 2014 e passou para 51.023. Queda de 13.104, correspondente a 25,68%.
16. São Bernardo contava com estoque de 92.211 empregos industriais em 2014 e passou para 73.259. Queda de 18.952, correspondente a rebaixamento de 25,87%.
17. Sorocaba contava com estoque de 65.011 empregos industriais em 2014 e passou para51.023. Queda de 13.988, correspondente a 27,41%.
18. Diadema contava com estoque de 53.028 empregos industriais em 2014 e passou para 39.838 em dezembro de 2017. Queda de 13.190, correspondente a rebaixamento de 33,10%.
19. Santo André contava com estoque de 33.439 empregos industriais em 2014 e passou para 24.460, correspondente a baixa de 8.979, correspondente a rebaixamento de 36,70%%.
20. Osasco contava com estoque de 21.120 empregos industriais em 2014 e passou para 15.321. Queda de 5.799, correspondente a 37,85%.
21. Santos contava com estoque de 7.410 de empregos industriais e passou para 5.291. Queda de 2.119, correspondente a 40,49%.
22. São Caetano contava com estoque de 26.410 empregos industriais em 2014 e passou para 15.844. Queda de 10.566, correspondente a rebaixamento de 66,69%.
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