A média salarial de um trabalhador da indústria em São Bernardo é quase 60% maior que a média dos empregados com carteira assinada nas demais atividades. Em Ribeirão Preto a distância não chega a 3%, mas favorável aos demais trabalhadores. Em Barueri a 5%. Em São Caetano, a média dos demais trabalhadores sobre os trabalhadores industriais é 9% superior. E em Diadema os industriários recebem 14% a mais. Esses quatro municípios ocupam as primeiras colocações no novo indicador do Ranking G-22 de Competitividade Municipal.
O medidor envolve as 20 maiores economias do Estado de São Paulo. A Capital não entra na disputa porque é extravagantemente maior. Já Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra completam a lista apenas porque pretendemos ter também uma visão regional dos dados.
Como no caso do mais recente indicador que apresentamos nesta série de estudos inéditos que visam colocar os municípios locais e o Grande ABC como um todo num contexto muito mais amplo do que olhar para o próprio umbigo, o salário médio industrial de São Bernardo estonteantemente superior ao das demais é puxado pelo sindicalismo que centrou fogo sobretudo na indústria automotiva.
Criou-se uma casta de trabalhadores, sobretudo nas montadoras de veículos, que gerou série de distorções internas e, principalmente, a fuga industrial.
Valorização automotiva
Ao longo dos tempos a indústria automotiva passou a parametrizar salários e conquistas trabalhistas dos demais setores produtivos. Quando chegou a abertura econômica, o mundo regional começou a desmoronar. A competitividade foi para o espaço sideral. E continua a ir.
A ironia disso tudo, disso tudo que já cansei de escrever, é que o suposto socialismo difundido pelo sindicalismo mais organizado do País e também um dos mais renitentes críticos do capitalismo privado, gerou uma São Bernardo de desigualdades salariais imensas, com repercussão em toda a cadeia social.
Nesse novo indicador em que o salário médio industrial volta a ser o centro de atenções, porque decisivo ao entendimento da economia de qualquer Município, São Bernardo ocupa a penúltima colocação do G-22 por conta do desequilíbrio em relação ao salário médio geral de todas as atividades, que envolvem Administração Pública, comércio, construção civil e serviços.
Os dados estão conectados ao balanço do Ministério do Trabalho e Emprego de dezembro de 2017. Os números do ano passado ainda não foram oficializados, mas não apresentarão grandes mudanças. Salário médio não é algo que se altera do dia para a noite, ou de um ano para o outro.
Entre os piores
São Bernardo vai mal das pernas ao ocupar a 20ª colocação, mas Santo André não fica atrás quando se compara o salário médio industrial com o salário médio geral: está em 17º lugar entre os 22 integrantes do grupamento. São as duas piores colocações do Grande ABC. São Caetano ocupa a terceira colocação, Diadema a quinta, Rio Grande da Serra a sétima, Mauá a oitava e Ribeirão Pires a nona.
Como no caso da comparação que deu lastro ao indicador anterior, de salário médio industrial versus salário médio de serviços, os municípios que mais se concentram numa determinada atividade industrial apresentam os piores resultados no critério de equilíbrio entre os setores econômicos: São José dos Campos aeroespacial, Taubaté automotiva e Sumaré também automotiva ocupam as quatro últimas posições do ranqueamento, juntamente com São Bernardo. Paulínia petroquímica também está entre as últimas.
Veja no novo Ranking de Competitividade Municipal do G-22:
1. Ribeirão Preto com salário médio industrial de R$ 2.786,41 ante média geral de R$ 2.865,74 mil. Diferença favorável à média geral de 2,85%.
2. Barueri com média salarial industrial de R$ 4.260,92 ante média salarial geral de R$ 4.082,74. Diferença de 4,36%.
3. São Caetano conta com média salarial industrial de R$ 2.869,89 mil ante média geral de R$ 3.124,67. Diferença favorável à média geral de 8.88%.
4. São José do Rio Preto com salário médio industrial de R$ 2.405,19 mil ante salário médio geral de R$ 2.662,51 mil. Diferença favorável à média geral de 10,70%.
5. Diadema com média salarial industrial de R$ 3.638,23 mil ante média geral de R$ 3.196,59 mil. Diferença de 13,82%.
6. Campinas com média salarial industrial de R$ 4.223,61 ante média salarial geral de R$ 3.709,81 mil. Diferença de 13,84%.
7. Rio Grande da Serra com média salarial industrial de R$ 2.665,69 mil ante média geral de R$ 2.337,90 mil. Diferença de 14,02%.
8. Mauá com média salarial industrial de R$ 3.493,89 ante média geral de R$ 2.998,30 mil. Diferença de 16,53%.
9. Ribeirão Pires conta com média salarial industrial de R$ 2.992,87 mi ante média geral de R$ 2.527,09 mil. Diferença de 18,43%.
10. Piracicaba com salário médio industrial de R$ 4.012,08 ante média geral de R$ 3.261,96 mil. Diferença de 22,30%.
11. Guarulhos com salário médio industrial de R$ 3.910,19 mil ante média salarial geral de R$ 3.147,02. Diferença de 24,25%.
12. Osasco com salário médio industrial de R$ 3.903,38 ante média geral de R$ 3.111,46 mil. Diferença de 25,45%.
13. Santos com salário médio industrial de R$ 2.630,46 mil ante média geral de R$ 3.310,89. Diferença favorável à média geral de 25,87%.
14. Mogi das Cruzes com média salarial industrial de R$ 3.321.29 mil ante média salarial geral de R$ 2.550,29 mil. Diferença de 30,23%.
15. Jundiaí com média salarial industrial de R$ 4.337,90 mil ante média geral salarial de R$ 3.281,51 mil. Diferença de 32,19%.
16. Sorocaba com média salarial industrial de R$ 4.281,53 ante média salarial geral de R$ 3.054,15 mil. Diferença de 40,19%.
17. Santo André com média salarial industrial de R$ 4.154,23 mil ante média geral de R$ 2.841,97 mil. Diferença de 46,17%.
18. Paulínia com salário médio industrial de R$ 6.961,62 mil ante média geral de R$ 4.662,83. Diferença de 49,30%.
19. Sumaré com salário médio industrial de R$ 5.858,49 ante salário médio geral de R$ 3.744,53 mil. Diferença de 56,45%.
20. São Bernardo conta com média salarial industrial de R$ 5.839,72 mil ante média geral de R$ 3.688,93 mil. Diferença de 58,30%.
21. Taubaté com salário médio industrial de R$ 5.172,32 ante média geral de R$ 3.054,89 mil. Diferença de 69,31%.
22. São José dos Campos com média salarial industrial de R$ 6.476,88 mil ante média geral de R$ 3.603,51. Diferença de 79,74%.
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