Economia

Quem topa apostar? PIB da
região caiu ou não em 2017?

DANIEL LIMA - 13/11/2019

Dentro de 30 dias vamos saber qual foi o comportamento do PIB do Grande ABC na temporada de 2017. Não subestime os dois anos de defasagem porque os dados daquele ano têm tudo a ver com o que você sente hoje. O PIB dos Municípios Brasileiros, especialidade do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é divulgado sempre com dois anos de atraso em relação ao PIB Nacional. Vivemos há vários anos uma trajetória descendente.

O Grande ABC não tem encontrado o eixo para resistir à desindustrialização relativa. Tampouco à desindustrialização absoluta. E o setor de serviços, visto pelos bobalhões como a salvação da lavoura, segue negando fogo. Até porque é primário, rudimentar. Gera empregos, mas pouca renda. E gera empregos muitas vezes de papel. De guerra fiscal. Casos de Santo André e São Caetano. São manobras para ludibriar o distinto público.

Não arrisco afirmar que contabilizaremos mais um ano de repetência, mas estou longe de dizer o que divulgou o Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Bernardo em junho do ano passado. A previsão de crescimento de 5,4% no volume do PIB Regional me parece completamente fora da realidade. Se o PIB Nacional não cresceu mais que 1,1% naquela temporada, não haveria nada que deslocasse o eixo produtivo regional para algo cinco vezes maior. Mesmo com o setor de serviços de papel.

Passado condena

Vamos tentar dar uma mão aos leitores que pretendem atender ao chamamento do título. Quem quiser arriscar o que vem aí em forma de resultado final do que fomos em 2017 tem um apanhado histórico desta revista digital para se socorrer.

Selecionamos os primeiros trechos das análises que preparamos a cada dezembro, assim que o PIB dos Municípios é anunciado. Essa ação vem de muito tempo. Desde a revista LivreMercado, que circulou durante duas décadas na região.

Ler o que se segue abaixo é algo muito diferente dos tempos de criança em que se acreditava na fantasia de monstros na casa de terror de um parque infantil. O que está logo abaixo é realidade pura, para adultos e crianças.

Acompanhem, portanto, o que vivemos desde 2011. Perceberão os leitores que existe uma resposta evidente, cujo enfrentamento parecerá inútil: qualquer que seja o resultado do PIB dos Municípios de 2017, o Grande ABC, na soma dos sete municípios, terá gerado proporcionalmente menos riqueza para o País. Isso vem de longe e duvido que tenha havido reversão naquela temporada. Acompanhem:  

Sai PIB de 2011: São Bernardo

e Santo André lideram queda 

 DANIEL LIMA - 17/12/2013

O IBGE acaba de anunciar o PIB dos Municípios Brasileiros. Como era esperado, a Província do Grande ABC voltou a marcar passo, sob a liderança de São Bernardo e Santo André. O crescimento nominal de 6,03% é inferior aos 6,50% medidos pelo IPCA (Índice de Preço ao Consumidor Ampliado), adotado pelo governo federal. CapitalSocial incorpora o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), que registrou 5,10% naquela temporada. Somente São Caetano e Rio Grande da Serra ultrapassam os dois indicadores inflacionários.  O comportamento da economia da Província do Grande ABC era esperado. Foi cantado por CapitalSocial havia muito tempo. E desmascara uma das maiores lorotadas já divulgadas por uma Administração Pública (do então prefeito de Santo André, Aidan Ravin), corroborada pela subserviência, quando não pelo desconhecimento ou baixo comprometimento crítico da mídia regional. Trata-se de uma estapafúrdia projeção que ganhou manchetes dos jornais locais dando conta de que, naquela temporada, o PIB de Santo André teria crescido 17%. Algo de fazer corar de inveja os dinâmicos chineses. Santo André só não ficou com o título de lanterninha do PIB de 2011, quando comparado aos números de 2010, porque São Bernardo resolveu atrapalhar. O crescimento de apenas 0,7% da produção de veículos em 2011 (3,38 milhões do total de vendas de 3,63 milhões) atingiu em cheio o desempenho de São Bernardo, movida sobrerrodas. Por isso, o PIB da Capital Econômica da Província avançou em termos nominais, sem considerar a inflação, apenas 2,13%. Se considerada a inflação medida pelo IPCA, São Bernardo sofreu queda da produção de riquezas de 4,37% em 2011. 

PIB de São Bernardo desaba 11%

e arrasta Província ao desfiladeiro

 DANIEL LIMA - 12/12/2014

Acabaram de sair do forno do IBGE os dados mais atualizados sobre o comportamento do PIB (Produto Interno Bruto) dos Municípios. Como era esperado, a Província do Grande ABC perdeu feio a disputa por competitividade em 2012, ano a que se refere o trabalho. Com a majestosa liderança de São Bernardo, que responde por 40% do PIB regional, encerramos aquela temporada com perda de 5,8%. Traduzindo: nosso PIB encolheu em proporções gigantescas. São Bernardo sozinha contribuiu com 11,11% da derrocada. Dos grandes municípios da região apenas São Caetano cresceu acima da inflação daquele ano. Vivemos em 2012 uma hecatombe econômica. Que se repetiu em 2013 e 2014, cujos números só serão divulgados com atraso de duas temporadas. 

PIB da região ganha e perde

com nova metodologia do IBGE

 DANIEL LIMA - 21/12/2015

Saiu o PIB de 2013 dos Municípios do Brasil. O atraso de dois anos na divulgação do IBGE faz parte do show. O PIB Nacional sai logo no começo do ano seguinte ao registrado, mas o PIB Municipal demora um bocado. O que mais interessa é o comportamento dos sete municípios da Província do Grande ABC. Os resultados são contraditórios a olhos despreparados. E claríssimos a quem se aprofunda nos estudos. Desde 1999, ou seja, nos últimos15 anos até 2013, apenas uma vez, em 2009, tivemos uma temporada de participação relativa no PIB Nacional menor que a de 2013. E nestas alturas do campeonato, o melhor mesmo é explicar o desempenho do PIB desta Província levando-se em conta a participação relativa da região no bolo nacional. O resumo da ópera é que seguimos deslizando a posições menos relevantes no PIB Nacional a bordo de desindustrialização discreta, mas insidiosa. A expectativa de que o PIB da Província acusaria em 2013 a terceira queda consecutiva em valores reais, descontada a inflação, não se consumou. E não se consumou porque o IBGE introduziu inovações metodológicas no macroindicador econômico, repetindo a operação aplicada no PIB Nacional. Mudanças efetivadas a partir dos dados de 2010 e que abrangeram os anos subsequentes, não os anteriores. Com isso, reestruturaram-se os números absolutos e relativos da maioria dos municípios brasileiros. A Província do Grande ABC ganhou em números absolutos nominais, mas perdeu em números relativos deflacionados e também na participação nacional. O PIB Regional de 2013 divulgado sexta-feira pelo IBGE (R$ 114.833.210 bilhões) representa apenas 2,16% do PIB Nacional. Jamais desde 2009 a região significou tão pouco à esfera federal. Em 2010, quando o PIB Nacional cresceu 7,5% embalado pelo setor automotivo, a região contabilizou 2,50% de participação no bolo nacional. O melhor resultado deste milênio. (...). O PIB da Província do Grande ABC de 2010, segundo a nova metodologia, registrou em valores nominais R$ 97.343.205 bilhões. Já os números do PIB de 2010 divulgados anteriormente pelo IBGE e também em valores nominais, com a métrica antiga, não passou de R$ 85.010.001 bilhões. A diferença é de R$ 12,3 bilhões ou 12,5% -- sem considerar a inflação do período.

Nos anos seguintes, igualmente divulgados pelo IBGE, diferenças semelhantes foram registradas. Por isso, quem calculou o crescimento do PIB de 2013 da região sob os efeitos da mudança nas regras em confronto com os números antigos do PIB de 2012, incidiu em equívoco. Considerando os novos números do IBGE a partir de 2010, o comportamento do PIB da região apresentou duas temporadas de queda (2011 e 2012 quando comparados aos anos imediatamente anteriores) e um discreto avanço (exatamente em 2013 sobre 2012). O PIB da região em 2010 chegou a R$ 97.343.205 bilhões, ante R$ 103.153.607 bilhões de 2011. Quando aplicada a inflação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) do IBGE de 2011, registra-se queda de 0,50%. No ano seguinte, em 2012, o PIB da região apontou R$ 106.479.067 bilhões. Uma queda de 2,52% em relação ao ano anterior já com os valores atualizados. Em 2013, o PIB da região deveria chegar em termos reais, ou seja, com o índice inflacionário, a R$ 112.771.979 bilhões. Alcançou R$ 114.833.210 bilhões. Crescimento de 1,79%. Entre ganhos e perdas o PIB da região acumulou perda de 1,23% no período. Seria muito mais se não houvesse alteração metodológica. Numa comparação ponta a ponta que leve em conta os novos números oficiais e metodologicamente modificados pelo IBGE, a Província do Grande ABC acumula crescimento nominal de 17,97% entre o piso de 2010 e a chegada de 2013. Como a inflação do período alcançou a 19,38%, a perda de R$ 1.375.108 bilhão significa queda real do PIB de 1,18% no período. Muito menos que a previsão anterior que considerava os dados do IBGE sem mudanças de aferição. 

PIB da Província cai quase 5%;

São Bernardo lidera derrocada

 DANIEL LIMA - 15/12/2016

O PIB da Província do Grande ABC de 2014 anunciado ontem pelo IBGE praticamente alcançou a queda sugerida por mim há pouco mais de um mês. E uma queda e tanto: a perda de 4,52% em relação ao resultado de 2013, já com ajustes, significa metade do PIB de Mauá na temporada. Não é pouca coisa. Principalmente porque mais uma vez foi atingido o coração econômico da região, São Bernardo. Os números só não são dramáticos para quem, como eu, já os esperava. Quando se antevê a queda de um avião sem combustível – e a Província do Grande ABC merece essa metáfora – qualquer coisa que não se configure um desastre é lucro. Não foi o caso do PIB de 2014. Como não serão os casos do PIB de 2015 e de 2016. A situação registrada é muito mais grave que a do País naquela temporada. O Brasil cresceu 0,5% em 2014. Quando os dados de 2015 e 2016 forem divulgados oficialmente, no final deste ano e no final do ano que vem, a gravidade do quadro regional será ainda mais dramática. Afinal, o PIB Nacional caiu 3,8% em 2015 e deverá alcançar número semelhante nesta temporada. 

Bomba exclusiva: PIB da região

desaba em 2015. Avisamos!!

 DANIEL LIMA - 14/12/2017

Não foi por falta de avisos reiterados, enquanto os demais veículos de comunicação se calaram: o PIB (Produto Interno Bruto) do conjunto de sete municípios da região caiu 16,02% em 2015, frente ao ano anterior. A análise foi metabolizada dos dados anunciados hoje pelo IBGE. (...). São Bernardo e São Caetano, extremamente dependentes do setor automotivo, desabaram em 2015. E não será diferente no ano que vem, quando for anunciado o PIB dos Municípios de 2016. Sofremos da Doença Holandesa Automotiva, mal que afeta o conjunto da sociedade. A galinha dos ovos de ouro das montadoras e autopeças da região se transformou em transtorno. (...) . De imediato, o desastre de 2015 era mais que esperado. A produção automotiva naquela temporada sofreu abalo sísmico, com queda de 22,8%. E as vendas caíram 26,55%. No ano seguinte, que será apurado em dezembro do ano que vem, os estragos serão semelhantes.  

PIB da região mantém rota

de fracasso. E ninguém reage

 DANIEL LIMA - 17/12/2018

Saiu o PIB dos Municípios de 2016. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apenas confirmou o que antecipamos nesta revista digital. Vivemos uma rotina perturbadora a cada temporada, com breves recuperações insustentáveis. A região segue desfiladeiro abaixo. Quem leu alguma coisa diferente disso, esqueça. É fake news. (...) . Perdemos em volume 4,06% do PIB Geral, que envolve todos os setores econômicos e a Administração Pública. O resultado compara o PIB Regional de 2016 e o PIB Regional de 2015. Com essa nova queda, rebaixamos a participação regional ao menor nível da história: geramos em riqueza em 2016 apenas 1,79% de tudo o que é produzido no País. Uma queda relativa de 60% quando confrontado com o PIB Regional de 1970, quando participávamos com 4,52%. Em 46 anos sofremos uma hecatombe. E ainda há gente na praça que acha que vivemos num paraíso, ou que procura dourar a pílula da safadeza para vender ilusão. Perdemos importância nacional porque a estrutura industrial que sobrou envelheceu sem renovar. E sem inovação. Ilhas de prosperidade sempre protegidas pelo Estado, caso das montadoras, são exceção cada vez menos empregadora. (...). A dependência do setor automotivo é nosso precipício contínuo. Ou seja: nossa Doença Holandesa Automotiva nos leva do céu ao inferno num piscar de olho de descentralização da atividade e de políticas federais. Nos anos dourados do segundo mandato de Lula da Silva, movidos à consumismo irresponsável, crescemos em números absolutos e números relativos. Com Dilma Rousseff o mergulho foi e continua a ser asfixiante. Mesmo com a boa gestão econômica do governo Michel Temer. 



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