Pela primeira vez desde que mede o tamanho do consumo dos brasileiros em respeitado trabalho de pesquisa e consultoria, a antiga Target Marketing e Pesquisas, agora IPC Marketing, constatou de fato e irrebativelmente o que cansei de prever com base na lógica de marcha-lenta de petroleiro que precisa desviar de obstáculo: o Grande ABC consolida queda no cenário nacional, deslocado ao quinto lugar, após troca intermitente do terceiro lugar com Belo Horizonte.
O Grande ABC não só foi superado nesta nova temporada por Belo Horizonte no estudo coordenado pelo diretor-executivo da IPC Marketing, Marcos Pazzini, como também foi ultrapassado por Brasília, que completa neste ano meio século de fundação.
Em circunstâncias normais de tempo e temperatura, o resultado deveria provocar novos alarmes no Grande ABC, mas não contem com isso. A sociedade regional está em estado vegetativo. É o tal negócio de cada um para si e o resto que se dane. Com tamanha desfaçatez institucional, os poderes públicos deitam e rolam. Principalmente na industrialização e divulgação de projetos que vão engrossar eventual próxima edição de “Meias Verdades”, que lancei em 1˚ de abril de 2003.
Pensando bem, demorou para Brasília ultrapassar o Grande ABC, saindo como saiu de posições bem secundárias. A capital da República comprova a força da burocracia encastelada naquele território que extratifica como nenhum outro os anacronismos de um Estado de performance arrecadatória sem correlação com desenvolvimento sustentado — mesmo nestes tempos de glória de Lula da Silva.
Já o Grande ABC comprova a debacle de um sistema industrial que, acossado por abertura econômica desumana nos anos 1990, procurou atualizar-se para competir no mundo privado, deixando milhares de deserdados sociais.
A quinta posição nacional do Grande ABC poderia, mesmo assim, ser observada sob lentes cor-de-rosa. Convém, entretanto, ressalvar que quando juntamos os sete municípios num megamunicípio, deixamos de fazê-lo com outras porções metropolitanas ou submetropolitanas, como Porto Alegre, Salvador e Recife. Se dermos tratamento semelhante, o Grande ABC cairia ainda mais. Nossa importância econômica no conjunto nacional é crônica anunciada. Deixamos de crescer. Mais que isso: regredimos de fato não só em números absolutos como também em números relativos. Alcançamos quase 3% de participação nacional de potencial de consumo quando da primeira edição desse mapeamento, em meados da última década dos anos 1990.
Aliás, mesmo quando furamos o cerco de crescimento relativo em situação sazonal, como os recordes de produção da indústria automobilística, não conseguimos superar os principais adversários. Foi o que ocorreu nesta temporada, segundo a IPC Target. O Grande ABC registrou índice geral de potencial de consumo de 2,03202%, acima portanto do índice de 1,88828% do ano passado, algo que não ocorria havia muito tempo. Entretanto, mesmo assim acabou superado por Belo Horizonte e Brasília, além da líder São Paulo e da vice-líder Rio de Janeiro.
Eis um quadro resumido de cada Município da região, depois dos números do próprio Grande ABC:
Grande ABC, quinto lugar estadual, com IPC Target de 2,03202%. A região conta com 779.964 domicílios. O total de consumo previsto para esta temporada é de R$ 44.736.708. São projetados 2.640.142 habitantes.
Santo André, quinta colocada no ranking estadual e 17ª no Brasil, conta com 204.268 domicílios. O total de consumo previsto é de R$ 12.933.465.913 para esta temporada, ou 0,58746% de tudo que for consumido no Brasil.
São Bernardo, quarta colocada no ranking estadual e 15ª no Brasil, conta com 241.012 habitações. O total de consumo previsto é de R$ 15.271.304,085, ou 0,659395% do Brasil.
São Caetano, 22ª colocada no ranking estadual e 73ª no nacional, conta com 51.322 habitações. O total de consumo previsto é de R$ 4.069.730.715, ou 0,18486% do Brasil.
Diadema, 16ª colocada no ranking estadual e 52ª no ranking nacional, conta com 116.596 domicílios. O total de consumo previsto é de R$ 5.156.539,003, ou 0,23422% do Brasil.
Mauá ocupa a 15ª posição estadual e 51ª no ranking nacional e conta com 121.152 domicílios. O total de consumo previsto é de R$ 5.267.935.711, ou 0,23928% do Brasil.
Ribeirão Pires é 66ª colocada no ranking estadual e 199ª no ranking nacional. Conta com 33.375 domicílios. O total de consumo é previsto para R$ 1.541.536.593, ou 0,07002% do Brasil.
Rio Grande da Serra está na 158ª posição do ranking estadual e na 548ª colocação no ranking nacional. Conta com 12.239 domicílios e o consumo previsto para este ano é de R$ 495.781.688, ou 0,02252% do Brasil.
Total de 1894 matérias | Página 1
21/11/2024 QUARTO PIB DA METRÓPOLE?