Faltam poucas edições da newsletter Capital Digital Online, instrumento com o qual demarquei os nove meses de atuação como Diretor de Redação do Diário do Grande ABC, encerrados em abril de 2005.
O que os leitores vão ver hoje é a resposta à pergunta-provocação que fiz aos diretores, acionistas e colaboradores daquela empresa. No fundo, cada indagação compunha um retalho do balanço final que pretendia construir como forma de despedida já encaminhada pela direção segundo informações que então eu detinha.
Não custa lembrar que a ordem numérica não coincide com a ordem numérica daquela newsletter porque incorporamos várias edições numa mesma data na revelação inédita desta série.
Edição 51 – quinta-feira, 7 de abril de 2005
Pergunta -- Qual foi a grande transformação conceitual aplicada no jornal e que está expressa de forma escancaradíssima nas chamadas de primeira página?
Resposta -- De fato, pela primeira vez na história de forma tão intensa, tão constante, tão sólida, o Diário do Grande ABC vem se apresentando como sua própria denominação assim o exige: um jornal de informações e análises comprometidas de fato com a regionalidade. Mais que isso: com a regionalidade no interior da Região Metropolitana de São Paulo, redondíssima novidade. Essa postura editorial tem provocado série de transformações internas, só possíveis porque o quadro de profissionais da Redação, em todas as áreas, está comprometido com o Planejamento Estratégico Editorial que apresentamos no final do primeiro trimestre do ano passado e que começou a ser aplicado com a minha chegada, em 21 de julho.
A regionalidade no sentido metropolitano é a nossa doutrina, é o nosso chão, é o nosso referencial. Agora os jornalistas do Diário não são mais induzidos a acompanhar o Jornal Nacional para reproduzir, na edição seguinte, a manchete da Globo. A manchete é nossa, porque vivemos aqui. O paradoxo da globalização é nosso guia: estamos antenados com tudo o que ocorre no mundo, mas temos de centralizar nosso fogo no território majoritariamente consumidor de nossas páginas. O calabouço dos limites físicos da publicação nos leva a imprimir o critério de prioridade nas definições de cobertura jornalística. Sem Complexo de Gata Borralheira.
Aliás, é exatamente isso que fazemos há 15 anos à frente da revista Livre Mercado, disparadamente a melhor publicação regional do País. Não é a mais importante, evidentemente, porque esse é um trono histórico do Diário do Grande ABC. Mas em matéria de qualidade existe um profundo fosso que, em nove meses ainda incompletos de atuação, juntamente com nossa equipe, conseguimos tornar menos pronunciado.
O exercício do jornalismo só tem razão de ser se contiver um viés indissolúvel: o compromisso com a sociedade a que atende. É algo como uma ação pública que não pode estar ao sabor de interesses localizados. Não haveria razão alguma de fazer jornalismo -- e o faço há 40 anos, a partir de 14 anos de idade no Interior do Estado -- se a objetividade de resultados de consolidação da cidadania em múltiplas extensões não fosse obcecadamente buscada como operação conjunta de todos que vestem a camisa da empresa.
Por isso e resumidamente que adotamos no Diário do Grande ABC o conceito inabalável de Diário do Grande ABC. Não de Diário da TV Globo, ou algo parecido.
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13/11/2024 Diário: Plano Real que durou nove meses (33)