Economia

Consumo do G-22: São Caetano
é lanterninha na última década

DANIEL LIMA - 29/06/2020

Imagine uma competição com 20 participantes cujos resultados determinassem rebaixamento das quatro últimas colocadas. Isso já existe no futebol brasileiro, nas duas principais divisões. E também em competições estaduais, com menor número de participantes. Se a metodologia fosse transferida ao G-22, o grupo das 20 maiores economias do Estado de São Paulo (com a inclusão informal de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra e a exclusão da Capital), São Bernardo e São Caetano seriam despachados para a Segunda Divisão. E Santo André estaria muito próximo disso.

O resultado geral se refere ao PIB do Consumo per capita do G-22 da última década. Entre 2011-2020, tendo como base de dados 2010, o Grande ABC só se salvou de um vexame geral porque Mauá e Diadema avançaram consideravelmente na modalidade, ocupando a terceira e a quarta colocação na classificação geral. O Bolsa Família tem muito peso nesse resultado.

São Caetano ficou na lanterninha na classificação geral da década. Correu muito abaixo da inflação do período, de 66,84%. Os estudos têm o suporte o banco de dados da Consultoria IPC, empresa especializada em potencial de consumo.

Acima da inflação

Dos 20 Municípios mais importantes do G-22, apenas 11 superaram a marca inflacionária do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). São Bernardo ficou com o título de penúltima colocada, ou vice-lanterninha. E Santo André só escapou do rebaixamento porque Campinas e São José dos Campos foram ainda piores.

Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra participam apenas suplementarmente do G-22. Tanto que na tabela abaixo estão na parte inferior máxima, mesmo contando com números positivos em relação à maioria dos participantes. Os dois municípios só entram no grupamento porque os dados auxiliam na formatação do G-7, integrado pelos municípios do Grande ABC. Do outro lado está o G-15.

O que chama a atenção no caso de São Caetano são dois aspectos que se cruzam: embora tenha tido o pior desempenho per capita na acumulação de riqueza individual da população entre 2011-2020, o Clube dos Prefeitos anunciou recentemente que acadêmicos da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), detentora de péssimos indicadores no Ranking da Folha, seriam chamados como reforço para desenhar o futuro econômico do Grande ABC. 

USCS e Petrobrás

A iniciativa do Clube dos Prefeitos não é surpreendente porque tem o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão, como prefeito dos prefeitos de plantão e o secretário-executivo Edgard Brandão Filho como estrategista. Chamar a USCS para cuidar da saúde econômica do Grande ABC tem o mesmo sentido que requisitar a diretoria da Petrobrás pega em flagrantes delitos na operação Lava Jato para dar consultoria sobre ética e transparência nos negócios.  

Em 2010, base de cálculo da década do PIB do Consumo do G-22, os municípios do Grande ABC contavam com PIB per capita maior que a soma dos integrantes do G-15: R$ 17.549,59 ante R$ 16.771, 56. Ou seja:  vantagem de 4,43%. Neste ano de 2020 a situação se inverteu: o G-15 passou a contar com PIB do Consumo per capita de 27.593,53 ante R$ 26.349,29 do G-7. Uma diferença de 4,51%.

Parece pouco em 10 anos, mas a soma do avanço do G-15 combinada com o recuo do G-7 chega praticamente a 10%. Ou seja: a cada nova temporada os municípios mais importantes do Estado que não estão na geografia do Grande ABC crescem acima da média regional no poder de consumo por habitante.

São Paulo de fora

O G-22 é um conglomerado virtual selecionado por CapitalSocial tendo como premissa de listagem o tamanho do PIB Geral (Produto Interno Bruto), que difere do PIB do Consumo, oficialmente nomeado Potencial de Consumo pela Consultoria IPC do pesquisador Marcos Pazzini.

O PIB do Consumo, grosso modo, é o resultado da acumulação de riqueza de cada Município. Já o PIB Geral é tudo o que é produzido em forma de riqueza em produtos e serviços a cada temporada.

O conjunto do G-22 representa 11.415.401 habitantes. Tem praticamente a população da Capital do Estado. Exatamente por isso São Paulo não consta da lista. Qualquer movimento para mais ou para menos desequilibraria os números gerais. O Grande ABC soma 2.807.483 moradores ante 8.607918 do G-15.

A Índice de Potencial de Consumo Geral do G-22 – que reúne todos os habitantes -- é de 6.97.613 do Brasil. Isso quer dizer que de cada R$ 100, 00 consumidos no País, quais R$ 7, 00 têm origem nos 22 endereços listados.

Classes econômicas

Na divisão por classe socioeconômica, o G-22 conta com 3,2% de famílias de classe rica, 27,3% de famílias de classe média-alta e de classe média-média, 51,7% de Classe C, proletariado, e 17,8% de pobres e miseráveis.

Os dados que envolvem cada um dos dois blocos são semelhantes.

Entre as famílias de classe rica, o G-7 (Grande ABC) conta com 3,1% ante 3,3% do G-15. Nas classes média-alta e média-média, o G-7 reúne 26,2% de famílias ante 27,7% do G-15. Entre os proletários, o G-7 tem 50,8% das famílias, enquanto o G-15 soma 51,9%. E entre os pobres e miseráveis são 19,8% no G-7 e 17,1% no G-15.

Em 2010, a distribuição era diferente. O G-7 (Grande ABC) contava com 6,9% de famílias ricas ante 7,1% do G-15. As classes média-alta e média-média contavam com 37,5% do total de famílias no G-7 e 37,1% no G-15. O proletariado do G-7 em 2010 contava com o total de 43,0%, enquanto o G-15 somava 42,6%. E entre os pobres e miseráveis o G-7 reunia 12,6% famílias ante 13,3% do G-15.

Veja na sequência a classificação por ordem de desempenho do PIB do Consumo per capita do G-22 na última década. Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não entram na disputa por razoes já explicadas:

1. Mogi das Cruzes com crescimento nominal de 116,89%.

2. Diadema com crescimento nominal de 96,35%.

3. Mauá com crescimento nominal de 93,55%.

4. Sumaré com crescimento nominal de 87.93%.

5. Barueri com crescimento nominal de 80,61%.

6. Jundiaí com crescimento nominal de 80,09%.

7. Osasco com crescimento de 79,53%.

8. Piracicaba com crescimento nominal de 72,85%.

9. Ribeirão Preto com crescimento nominal de 71,64%.

10. Taubaté com crescimento nominal de 71,47%.

11. Guarulhos com crescimento nominal de 67,61%.

12. São José do Rio Preto com crescimento nominal de    65,98%.

13. Santos com crescimento nominal de 54,80%.

14. Sorocaba com crescimento nominal de 52,88%.

15. Paulínia com crescimento nominal de 47,05%.

16. Santo André com crescimento nominal de 45,40%.

17. São José dos Campos com crescimento nominal de 38,75%.

18. Campinas com crescimento nominal de 36,02%.

19. São Bernardo com crescimento de 28,18%

20. São Caetano com crescimento de 14,70%. 

 Ribeirão Pires com crescimento nominal de 92,17%.

 Rio Grande da Serra com crescimento nominal de 86,02%.



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